Após quatro temporadas na Championship, o Fulham pôde finalmente comemorar o acesso para voltar à elite na temporada 2018/19.
Mas o sonho dos torcedores dos Cottagers em ver a equipe disputando novamente a Premier League, logo tomou ares de pesadelo. Após 33 rodadas, a equipe estava novamente rebaixada para a segunda divisão.
E digamos que nem o mais pessimista dos torcedores imaginava que isso poderia acontecer – e da forma como aconteceu, tendo terminando na penúltima posição, fazendo com que essa seja a pior campanha da história do clube na primeira divisão.
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Como era o Manchester City antes da grana?
Afinal, o cenário proposto no início da temporada acabou iludindo a todos. Era considerado o time que melhor futebol apresentou na Championship e manteve os principais destaques, como Tom Cairney, Ryan Sessegnon e Aleksandar Mitrović.
E, claro, os mais de 100 milhões de libras gastos com a chegada de 12 novos jogadores – como Seri, Alfie Mawson e André Schürrle, tornando o Fulham a primeira equipe da história a gastar esse valor em reforços na temporada seguinte ao da promoção.
No texto dedicado ao balanço da temporada do clube, foram apontados alguns motivos que levaram a equipe ao fracasso nesse retorno para a primeira divisão. Agora, vamos apontar alguns caminhos para que o time possa se reerguer novamente.
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Comando técnico
Quando caiu em 2014 a equipe acabou tendo três técnicos durante a temporada: Martin Jol, René Meulensteen e Felix Magath. E o mesmo erro acabou sendo cometido na temporada atual, com Slaviša Jokanović, Claudio Ranieri e Scott Parker tendo passado pelo banco.
Mas já podemos notar um ponto positivo da diretoria nessa remontada.
Ao contrário do que fez no último rebaixamento, quando manteve Felix Magath – um técnico sem experiência no futebol inglês, sem o carinho dos torcedores e sem a simpatia dos jogadores – dessa vez manteve Scott Parker, que possui todos os atributos que o alemão não tinha, além da experiência de ter jogado a Championship com o Fulham.

Manutenção do elenco
Infelizmente é inevitável que as equipes rebaixadas sofram um desmanche. E os próprios Cottagers já anunciaram que Ryan Babel, Calum Chambers, Sergio Rico, André Schürrle, Håvard Nordtveit, Luciano Vietto, Timothy Fosu-Mensah e Lazar Marković não permanecerão em Craven Cottage.
E é bem provável que outros nomes ainda deixem a equipe, como os cobiçados Mitrovic e Ryan Sessegnon.
Por outro lado, a diretoria anunciou que acionou a cláusula de renovação automática por mais uma temporada dos jogadores Floyd Ayité, Stefan Johansen, Neeskens Kebano e Denis Odoi, além de ter renovado o contrato do capitão Cairney até 2024.

Ou seja, com exceção dos laterais Ryan Fredericks (West Ham) e Matt Targett (Southampton), que saíram logo após o acesso, o Fulham contará com uma boa base de jogadores que fizeram parte do acesso.
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Com isso a diretoria faz um trabalho totalmente oposto ao que fez no rebaixamento anterior, quando o processo de reformulação contou com a saída de mais de 20 jogadores e a Championship foi disputada com um time praticamente todo novo, com uma aposta muito grande em jogadores da base e em reforços de qualidade questionável.
A 17ª colocação prova como o trabalho foi mal feito naquele ano. Portanto, mais um ponto positivo.
Política de contratações no Fulham
Agora vem o que talvez seja o calcanhar de Aquiles da atual diretoria: as contratações. Da temporada 2014/15 até a última, nada menos que 81 jogadores foram contratados para o time principal, com uma média de mais ou menos 16 novos jogadores a cada temporada.
Pensado no time, isso acaba não sendo nada saudável, visto que o clube acaba realizando muitas apostas que não dão certo, e acabam saindo na temporada seguinte – quando não são contratadas na janela de transferências de verão e saem já na de inverno – fazendo com que o time não consiga criar uma identidade.
Uma prova disso é que do time que disputou a final dos playoffs contra o Aston Villa (Bettinelli; Fredericks, Odoi, Ream, Targett; McDonald, Johansen, Cairney; Kamara, Mitrovic e Sessegnon), dos 14 novos jogadores que chegaram naquele ano, apenas Targett, Kamara e Mitrovic foram titulares.
E ficou mais que provado após essa pífia campanha no retorno para a primeira divisão, que quantidade não é garantia de qualidade.
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Afinal, dos 15 jogadores contratados, podemos citar apenas que Rico, Chambers, Bryan e Mitrovic renderam algo.
Enquanto o camaronês André-Frank Zambo Anguissa, reforço mais caro da história do clube, acabou não correspondendo à aposta feita pela diretoria e não passou de um flop, sendo assim outro exemplo de como a política de contratações acaba sendo um ponto falho no clube.
Ainda relacionado a contratações, se encaixa ainda nesse mérito a falta de priorização para contratações em alguns setores.
É inadmissível uma equipe tendo a defesa mais vazada da competição, contratar dois jogadores de ataque (Ryan Babel e Lazar Marković) e apenas um defensor na janela de janeiro (Håvard Nordtveit).
Falando em Marković, eis outro ótimo exemplo sobre esse problema. O sérvio chegou em janeiro e disputou apenas uma partida.
Há uma luz no fim do túnel
Bom, com um técnico que tem a aprovação dos jogadores e da torcida, e mantendo uma boa base do time que ajudou no acesso, pelo menos na teoria o Fulham segue com perspectiva interessante para a temporada que está por vir na Championship.
Agora, resta esperar que a diretoria realize um bom trabalho nos bastidores, tanto na manutenção dos jogadores e, principalmente, na aquisição de reforços, para que o clube possa prosperar e disputar novamente a Premier League já na temporada 2020/21.
Gostaria apenas de, como torcedor, fazer um apelo pessoal: reforcem o sistema defensivo da equipe (principalmente a lateral direita).