A histórica campanha do vice-campeão Fulham na Liga Europa 2009/2010

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Alguns fãs mais recentes da Premier League talvez não imaginam que o 2, sério candidato a cair para a Championship na temporada, foi vice-campeão da Liga Europa há pouco menos de nove anos.

Mas isso, de fato, aconteceu: em 2009/2010, o time de Craven Cottage fez uma campanha surpreendente na competição, eliminou gigantes do futebol internacional e terminou com a honrosa segunda colocação.

A Era Hodgson e o início do sucesso do Fulham na Liga Europa

Para entender o sucesso do Fulham na Liga Europa 2009/2010, é preciso voltar um pouco mais no tempo. Roy Hodgson assumiu o Fulham no dia 28 de dezembro de 2007 e, a partir daí, o experiente técnico ficou responsável pela missão de salvar o clube londrino do rebaixamento da Premier League 2007/2008.

Após um começo ruim do comandante na equipe, o Fulham tinha três partidas restantes no calendário daquela temporada: Manchester City, Birmingham e Portsmouth.

Contra os Citizens, depois de sair perdendo por 2 a 0 no intervalo, Diomansy Kamara marcou dois gols e foi decisivo para a virada dos londrinos, que seriam rebaixados em caso de derrota: 3 a 2 e respiro na disputa.

Roy Hodgson elevou o patamar do Fulham (Foto: Hamish Blair/Getty Images)

Depois de também vencer o Birmingham, em casa, os Cottagers foram para o último jogo daquele Campeonato Inglês dependendo somente das próprias forças para alcançar a salvação.

Com o zero no placar contra o Portsmouth, aos 75 minutos de partida, o Fulham estava sendo rebaixado para a Championship, devido às vitórias parciais de Birmingham e Reading.

No entanto, após cobrança de falta de Jimmy Bullard, Danny Murphy cabeceou para o fundo das redes, fez o 1 a 0 e, ao apito final do árbitro, garantiu a permanência da equipe na elite do futebol inglês.

Na temporada seguinte, o Fulham terminou na sétima posição da tabela de classificação da Premier League – melhor colocação em sua história. Com isso, classificou-se para a Copa da Uefap, que trocaria de nome e passaria a ser chamada de Liga Europa.

O início da campanha

Em 2009/2010, os Cottagers disputariam somente sua segunda competição europeia na história do clube. A falta de tradição em torneios do tipo poderia “pesar” e ser um obstáculo para os comandados de Roy Hodgson – no entanto, uma sonora goleada na terceira fase de qualificação, que marcou a estreia do Fulham na disputa, afastou as inseguranças: placar de 6 a 0, no agregado, contra o FK Vétra.

Na rodada de playoff, os londrinos tinham pela frente o Amkar Perm, da Rússia. A partida de ida, em Craven Cottage, viu o clube da casa fazer 3 a 1 – gols de Andrew Johnson, Dempsey e Zamora, além de Grishin, para os visitantes – e sair na frente da eliminatória.

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Na volta, o Fulham administrou a vantagem. O Amkar só foi a balançar as redes no minuto final do segundo tempo, o que acabou não sendo suficiente para a equipe russa.

Com o resultado, os ingleses carimbaram vaga na fase de grupos do torneio, caindo no difícil Grupo E, ao lado da Roma, Basel e CSKA Sofia.

Na fase de grupos, a equipe inglesa fez valer o mando de campo. Em Craven Cottage, empatou com a Roma e venceu o Basel e CSKA Sofia.

Perdendo somente para os italianos, no Olímpico, a campanha de três vitórias, dois empates e um revés na chave foi suficiente para o Fulham passar em segundo.

Agora com a presença dos times eliminados na fase de grupos da Champions League, o adversário da vez do Fulham seria o Shakhtar Donestsk. O primeiro embate entre as equipes foi realizado na Inglaterra: lá, Gera abriu o marcador para os donos da casa, mas o brasileiro Luiz Adriano empatou ainda na etapa inicial.

No segundo tempo, Zamora marcou aos 18 minutos e os Cottagers levaram uma vantagem favorável de 2 a 1 para a Ucrânia. Em território rival, exatamente uma semana depois, Hangeland começou inaugurando o marcador para o Fulham e deixando o time de Roy Hodgson confortável na eliminatória.

O tento de Jadson (atualmente no Corinthians), em favor do Shakhtar, deixou o placar em 1 a 1 e não foi suficiente para impedir a classificação inglesa.

Derrubando a gigante Juventus

Rumo às oitavas de final, o Fulham, assim que conheceu seu adversário, era tido como total azarão e com mínima chance de avanço. Isso porque os ingleses teriam a Juventus pela frente. A Velha Senhora foi eliminada na Liga dos Campeões e desbancou o também gigante Ajax na fase anterior.

A missão dos Cottagers ficou ainda mais difícil quando, na Itália, a Juve, de Canavarro e Del Pierro, fez 3 a 1. Para a volta, o Fulham precisava vencer por três ou dois gols de diferença, contando com o critério dos gols fora de casa, para chegar à improvável classificação.

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Quando Trezeguet marcou aos dois minutos de jogo, na Inglaterra, o desânimo em Craven Cottage era evidente. A cômoda situação da Juventus, no entanto, pouco a pouco foi mudando. Zamora deixou tudo igual sete minutos depois e, aos 39, após Cannavaro ser expulso, Gera anotou o dele e pôs o Fulham à frente.

Pouco depois da volta do intervalo, o camisa 11 fez mais um. Assim, o Fulham, com isso, já devolvia o placar sofrido no País da Bota. Entretanto, a sete minutos do apito final de Björn Kuipers, o americano Dempsey fez um dos gols mais importantes da história do clube. O tento acabou decretando a memorável goleada e classificação dos londrinos para as quartas de final.

O triunfo, obviamente, embalou o Fulham na competição. Na fase seguinte, o time de Roy Hodgson venceu o Wolsburg duas vezes, não tendo problemas em passar para as semis. Nelas, mais uma equipe alemã pela frente: o Hamburgo.

Na HSH Nordbank Arena, o placar não saiu do zero e a decisão ficou para Craven Cottage. O Hamburgo saiu à frente, com Petric.

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Foi somente aos 24 minutos do segundo tempo que os Cottagers marcaram com Davies e, pouco depois, viraram com Gera. Ao apito final do juiz, os ingleses garantiram um espaço na histórica final da Liga Europa.

Como a final já estava marcada para a mesma HSH Nordbank Arena, o Fulham impediu que o Hamburgo pudesse decidir o troféu diante de sua torcida.

O dia 12 de maio estava marcado no calendários dos torcedores dos dois times. Pela primeira vez em sua história, o Fulham estava em uma decisão de uma competição continental. Por outro lado, o Atlético apostava no uruguaio Forlán para sair com a vitória.

Diante de 49 mil torcedores, os espanhóis começaram a partida abrindo o placar: Forlán marcou aos 32 e deixou o time madrilenho à frente. No entanto, cinco minutos depois, o decisivo Simon Davies anotou para a equipe de Roy Hodgson e deixou tudo igual: 1 a 1.

Com a permanência do empate durante todo o tempo regulamentar, o duelo teve que ser decidido na prorrogação. Nela, os Cottagers se seguraram e quase levaram a final aos pênaltis.

No entanto, a quatro minutos do fim, Forlán marcou novamente e deu o título da Liga Europa 2009/2010 ao Atlético de Madrid. Entretanto, ao Fulham, restou a grandeza honra e o orgulho pela ótima e surpreendente campanha.

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Felipe Leite

Jornalista da Gazeta Esportiva e colaborador do Premier League Brasil. Esporte, videogames, música, gastronomia e filmes, não necessariamente nessa ordem