A autobiografia de Roberto Firmino, intitulada “Si Señor”, foi lançada nesta quinta-feira (9). O livro relembra os grandes momentos do atacante no Liverpool com detalhes das experiências vividas com o técnico Jürgen Klopp e companhia.
Índice
Firmino cravou seu nome na história do Liverpool, com 111 gols e 79 assistências em 362 jogos, além de sete títulos conquistados em oito anos de clube:
- Champions League: 2018/19
- Supercopa da Uefa: 2019
- Mundial de Clubes da Fifa: 2019
- Premier League: 2019/20
- Copa da Liga Inglesa: 2021/22
- Copa da Inglaterra: 2021/22
- Supercopa da Inglaterra: 2022
Mas o casamento entre Firmino e Liverpool muda de cara nos capítulos finais do livro, em que o brasileiro aborda seus momentos finais em Anfield.
Mesmo com os Reds estando perto de conquistar a quádrupla — Premier League, Copa da Inglaterra, Copa da Liga Inglesa e Champions League — em sua penúltima temporada no clube, Firmino descreve a campanha de 2021/22 como a pior da sua vida por conta de suas lesões — pé, músculos e isquiotibiais –, que o fizeram se sentir fora das ambições do clube.
Agora, com 32 anos, Firmino sublinhou sua admiração por Klopp como o melhor treinador que já trabalhou, mas um episódio marcou a decepção do atacante com o técnico alemão: a final da Champions League de 2021/22. Na ocasião, o brasileiro ficou no banco de reservas e só entrou aos 32 minutos do segundo tempo, no lugar de Thiago Alcântara, quando o placar já estava 1 a 0 para o Real Madrid. Bob diz que “se sentiu mais desiludido” com o comandante e que as decisões de Jürgen naquela decisão “tornaram as coisas mais fáceis” para o time espanhol que se sagrou campeão daquela Liga dos Campeões.
Último ano de Firmino no Liverpool
O livro também conta como Firmino estava confiante com uma renovação de contrato em seu último ano em Anfield, mas com o passar dos meses, a comunicação entre seus representantes e o clube ficou “confusa” e “lenta”. O brasileiro também começou a se sentir desvalorizado quando não recebeu explicações sobre sua falta de tempo de jogo e ver que a liberdade que tinha para discutir suas preocupações com o Klopp não existia mais.
“O chefe estava me evitando”, escreveu Firmino ao falar sobre o início deste ano. Ele descreveu o período como de angústia para si e sua família por conta da incerteza sobre seu futuro. “Encorajado por Deus”, Firmino diz que decidiu sair antes que o clube decidisse por ele.
Firmino descreve seu último ano no Liverpool como “confuso e contraditório”. Isso porque, apesar da emocionante despedida de Anfield, o atacante se sentiu “deixado de lado” pelo clube no qual não queria sair. Contrariando algumas notícias que saíram na época, o brasileiro contou que uma boa oferta financeira da Arábia Saudita surgiu só depois de se despedir do time inglês.
A frieza de Klopp
Firmino não é o único a falar sobre a frieza de Klopp. Ao “The Athletic”, Alex Oxlade-Chamberlain revelou no último mês que ninguém do clube o avisou que seu contrato não seria renovado até o antepenúltimo dia do último jogo em Anfield na temporada.
— Você espera que certas coisas sejam ditas — sejam elas boas ou ruins. A falta de comunicação foi… um pouco surpreendente — disse o meia que se transferiu para o Besiktas, da Turquia, como um jogador livre.
Já com Jordan Henderson a situação foi diferente. Ele tinha mais um ano de contrato e quando o futuro de Firmino e Chamberlain foi decidido, o capitão do time se sentia parte dos planos de Klopp. Mas, com a chegada da oferta do Al-Ettifaq, da Arábia Saudita, o treinador o informou que seu papel no clube não seria tão proeminente.
Também ao “The Athletic”, Henderson disse: “Em nenhum momento me senti querido, pelo clube ou por qualquer pessoa, para ficar”.
Klopp já disse publicamente que queria manter Firmino e James Milner, mas não tinha o poder de oferecer contratos. Ele estava desesperado para extrair o máximo que pudesse desses jogadores e o quádruplo que eles quase alcançaram em 2022 indicava que o Liverpool seguia na direção certa.
Mas Firmino enfatiza em seu livro que foi somente no decorrer da temporada seguinte que ficou evidente a necessidade de uma reconstrução maior no Liverpool do que Klopp imaginou anteriormente. Mas parece que o clube reconheceu o que precisava e deu adeus a Fimino, Chamberlain, Milner, Henderson, Naby Keita e Clarkson na última janela, dando alô a Alexis Mac Allister, Dominik Szoboszlai, Ryan Gravenberch e Wataru Endo.
Trio com Mané e Salah
Durante seu tempo no Liverpool, Firmino viveu grandes momentos formando trio de ataque com Sadio Mané e Mohamed Salah. Mas, apesar do grande entrosamento dentro de campo, o trio “SMS”, responsável por 388 gols dos Reds entre 2017 e 2022, não tinha uma relação completamente amistosa, conforme revelou o brasileiro em seu livro.
— Eu conhecia aqueles caras muito bem, talvez melhor que qualquer um. Era eu ali bem no meio deles. Vi em primeira mão os olhares, as caretas, a linguagem corporal, a insatisfação quando um estava bravo com outro. Eu era o elo entre eles na nossa jogada de ataque e o bombeiro nesses momentos — diz o brasileiro em seu livro.
Firmino lembrou de um episódio ocorrido em 2019, quando o Liverpool venceu o Burnley por 3 a 0, em que fez uma careta enquanto voltava para o vestiário. Durante o jogo, Mané reclamou com Salah por ter chutado ao invés de ter dado um passe em uma jogada. O senegalês também estava furioso por ter sido substituído.
A reação de Firmino virou meme devido à tensão que havia entre os africanos, algo que já era apontado pela imprensa britânica. O brasileiro disse em seu livro que Mané e Salah “não eram melhores amigos”, mas mantinham uma relação profissional.
— Eu nunca tomei partido. É por isso que eles me amam: eu sempre passe a bola para ambos; minha preferência era pela vitória do time. Muitos focam no que eu trouxe ao trio de ataque em termos táticos, mas talvez tão importante quanto foi o elemento humano: meu papel como pacificador, unificador. Se eu não fizesse isso, não haveria nada além de tempestade entre os dois no campo — contou.
Mundial contra o Flamengo
Firmino também conta em sua autobiografia como o Liverpool estava concentrado na Premier League na época do Mundial de 2019, não dando a devida importância ao torneio internacional que o clube ainda não havia ganhado até então.
Assim, Firmino, Alisson e Fabinho fizeram uma reunião com Klopp para alertá-los sobre o Flamengo, que vinha fazendo uma temporada espetacular no Brasil. A partir disso, o técnico alemão passou a estudar mais a fundo o time brasileiro e colocou força máxima para encarar os comandados pelo treinador Jorge Jesus na final.
A decisão foi acirrada. Após um empate sem gols no tempo normal, Firmino marcou o gol do título no primeiro tempo da prorrogação. Após erguer a taça, o atacante rasgou elogios ao Flamengo e ao trabalho de Jorge Jesus à frente do Rubro-Negro.
— Sensação incrível. Ganhar mais um título, e é o Mundial também. Fruto do que fizemos na Champions, estávamos aqui para ganhar, queríamos ganhar muito. Não foi fácil jogar contra o Flamengo, equipe madura, vem fazendo boa temporada. Faz um bom trabalho com o treinador Jorge Jesus, tem jogadores maduros. Jogou de igual para igual com a gente — disse Firmino na época.