O clássico da manhã de sábado (3) entre Manchester City e Manchester United, em Wembley, pela final da Copa da Inglaterra, está dando o que falar. A decisão vale mais do que o troféu em cima do maior rival. Os Red Devils estarão possivelmente defendendo seu feito de 1999, em que conquistou a tríplice coroa, já que os Citizens, campeões da Premier League, são finalistas da FA Cup e da Champions League. Quem comentou sobre o confronto foi Fernandinho, lenda do lado azul, que hoje joga no Athletico-PR e foi entrevistado pelo ídolo do Newcastle, Alan Shearer, para o “The Athletic”.
Fernandinho disse que na época da tríplice coroa do United, eram os Red Devils o time do momento na Inglaterra, o que mudou na última década, favorecendo aos jogadores do City acreditarem no favoritismo que têm.
— Este ano, o City tem a chance de conquistar a tríplice coroa, mas, como torcedor do City, sempre devemos ter muito cuidado. Ouça os fãs, ouça a imprensa e você entenderá que eles eram muito melhores no passado. Eles conquistaram muitos títulos, tiveram um grande time em 1999 e um grande técnico, mas nos últimos 10 anos eles estiveram atrás de nós. Esta é a realidade agora — declarou Fernandinho.
Ao falar sobre o principal adversário do Manchester City, durante sua época no clube, Fernandinho ignorou o Manchester United e colocou outro gigante na posição de principal oponente.
— O jogo com o Manchester United é um derby local, mas em termos de desempenho, o maior desafio que enfrentamos foi o Liverpool . Eles eram um time melhor e nos pressionaram na Premier League. Os jogos que jogamos contra eles foram de alto nível — disse a lenda dos Citizens
Perder a final da Champions League
No outro sábado, no dia 10, o Manchester City enfrenta a Inter de Milão pela final da Champions League, no Atatürk Olympic Stadium, em Istambul, na Turquia. Será a oportunidade dos Citizens conquistarem a primeira orelhuda de sua história.
Porém, com Fernandinho, o Manchester City já jogou uma final de Champions League como favorito e acabou perdendo para o Chelsea pelo placar mínimo, com gol de Kai Harvertz, no Estádio do Dragão, na cidade de Porto, em Portugal.
Na ocasião, o técnico do Manchester City, Pep Guardiola, mudou o time para a final e deixou Fernandinho no banco de reservas. Aos 19 minutos do segundo tempo, o brasileiro entrou no lugar de Bernardo Silva, cinco minutos depois de Gabriel Jesus ter entrado na vaga de Kevin De Bruyne. Mas as mexidas na equipe não mudaram o placar e os Citizens ficaram com o vice da Champions League na primeira oportunidade de conquistarem o título.
— Foi frustrante para todos, porque tínhamos a chance de vencer, principalmente contra um adversário que jogamos internamente e conhecemos bem suas qualidades e suas fraquezas. Esse tipo de jogo depende de como você está naquele dia. Você pode tomar decisões erradas em uma ação e isso vai custar o jogo, mas não acho que tínhamos experiência para vencer naquela época — comentou Fernandinho.

Na temporada seguinte, o Manchester City caiu nas semifinais para o Real Madrid, que acabou se tornando campeão europeu em 2021-22. Chegando na final novamente em 2022-23, Fernandinho acredita que desta vez os Citizens não deixarão o troféu escapar.
— Acho que este ano vai ser diferente porque passamos por momentos difíceis: perdemos a final, perdemos na semifinal no ano seguinte. E não apenas Pep, mas todos os outros estarão prontos para as situações que você pode enfrentar durante o jogo. É por isso que estou muito confiante de que vamos vencer.”
Mal entendido na saída do City
Fernandinho deixou o Manchester City em abril do ano passado. O brasileiro se despediu do clube depois de nove anos. Foram 13 taças conquistadas, sendo cinco de Premier League, seis de Copa da Liga Inglesa, uma de Copa da Inglaterra e uma de Supercopa da Inglaterra. O meia tem 21 gols e 17 assistências em 320 jogos.
Fernandinho anunciou sua saída do Manchester City em uma entrevista coletiva, antes de um jogo contra o Atlético de Madrid pela Champions League de 2021-22, o que pegou Guardiola de surpresa.
— Foi um pequeno desentendimento porque eu vinha dando alguns sinais de que voltaria para o Brasil, mas não falei com ele abertamente. Naquela entrevista, o jornalista me perguntou se eu gostaria de estender meu contrato com o Manchester City e minha resposta foi: “Acho que não”. Eu entendi que meu tempo no City deveria chegar ao fim, que eu queria terminar minha carreira jogando futebol, que se eu ficasse lá estaria jogando menos minutos do que estou jogando agora. É por isso que tomei a decisão e estou feliz com isso — contou.
No entanto, não é porque Fernandinho deixou o Manchester City que o jogador do Athletico-PR não acompanha o time inglês. O meia de 38 anos, inclusive, revelou que fez videochamada com algumas pessoas do clube para comemorar a classificação dos Citizens para a final da Champions League.
— Estou trabalhando aqui no Brasil, mas assisto a maioria dos jogos e ainda mando mensagens para os jogadores, para a comissão técnica e para as pessoas que trabalham nos bastidores. Eles são tão importantes quanto o time, os técnicos, os diretores esportivos. Quando eles chegaram à final da Champions League e venceram a liga, trocamos mensagens de texto. Fizemos alguns telefonemas, videochamadas e dei-lhes os parabéns. É importante manter esses contatos porque tenho um grande apreço pelo que eles fizeram agora e também pelo respeito que têm por mim — continuou o brasileiro.




Guardiola
Fernandinho chegou ao Manchester City em 2013 e viu a transformação do time com a chegada de Pep Guardiola, em 2016. O brasileiro contou que o treinador espanhol o fez entender que “futebol é mais simples do que pensa”.
— Ele tem o poder de te convencer, de te mostrar, de te provar no dia a dia nos treinos, nas reuniões, e principalmente nos jogos, que tudo que ele te falar vai acontecer. Ele mostra o caminho para melhorar a si mesmo, para ser uma versão melhor de si mesmo. Sempre disse que sou a prova viva de que tudo o que dizem sobre ele é verdade. Eu o conheci quando tinha 30 anos, trabalhei com ele por sete anos e ele me ajudou a melhorar minhas habilidades técnicas, táticas e físicas. A forma como eu vejo o futebol agora… eu nunca, nunca tinha visto assim antes de conhecê-lo — disse.
O meia brasileiro ainda brincou com Alan Shearer, maior artilheiro da história da Premier League, com 260 gols. “Tenho certeza de que se você tivesse Pep como seu treinador, você marcaria ainda mais, o dobro ou o triplo disso”.
Aposentadoria
No Athletico-PR desde o ano passado, Fernandinho fez três gols e deu três assistências em 45 jogos no futebol brasileiro. Em meio à Copa do Brasil, Libertadores e Brasileirão, o meia procura fechar sua carreira com estilo junto ao clube que o revelou, perto de sua família. Inclusive, só agora seus filhos estão tendo contato com a cultura brasileira de forma contínua. Seu filho mais velho, Davi, nasceu na Ucrânia, quando Fernandinho jogava pelo Shakhtar Donetsk. Mariana, sua filha, veio em 2017, durante sua passagem pela Inglaterra.
— Tem sido bom desde que voltei. O calendário é cheio aqui, é bem parecido com o da Premier League, mas estou gostando e estou muito feliz por estar em casa, jogando ao lado de meus companheiros e para minha família. Meus filhos estão aprendendo um pouco da cultura brasileira. É uma vida nova, mas é boa — contou.
Sobre previsão de aposentadoria, Fernandinho deixou em aberto, podendo ir até os 41 anos jogando. “A parte física é muito importante, mas sempre acreditei que a mente controla tudo e enquanto eu estiver feliz e motivado para ir ao centro de treinamento todas as manhãs, para enfrentar os desafios que você tem no futebol, então eu vou jogar”.

Alan Shearer perguntou ao meia brasileiro se ele pretende fazer o mesmo que seu companheiro de City, Vincent Kompany, que acabou se tornando um treinador vitorioso com o Burnley, conquistando a Championship nesta temporada. A resposta de Fernandinho, no entanto, foi um tanto surpreendente.
— Não tenho certeza se quero ser treinador, que vai vestir terno e gravata na lateral do campo. Mas eu poderia ser alguém que tenta melhorar os jogadores, falar com eles, ajudá-los da melhor maneira possível a serem melhores jogadores, melhores pessoas. Não me vejo como um técnico como com Vinny (Kompany), mas trabalhando ao lado de treinadores — afirmou.

Finalizado
2
-1

Man City - Man Utd
England FA Cup - Wembley Stadium
1° Turno