Jogando no Real Madrid desde 2018, Federico Valverde se tornou uma das principais peças da equipe espanhola e da atual geração da seleção do Uruguai. Mesmo tendo uma carreira vitoriosa, o meio-campista poderia ter feito seu nome no futebol europeu atuando na Premier League.
Em 2020, Rodolfo Catino, vice-presidente do Peñarol na época, revelou em entrevista ao site espanhol “As” que o Arsenal fez uma oferta por Valverde e chegou a convidá-lo para conhecer as instalações do clube quando ele jogava pela equipe uruguaia, aos 16 anos.
Agora, em um texto publicado no “The Players’ Tribune”, o camisa 15 dos Merengues explicou porque rejeitou a oferta dos Gunners, dando preferência para os espanhóis no ano seguinte.
Por que Fede Valverde rejeitou a oferta do Arsenal
No artigo, Fede Valverde explica como sua cabeça mudou quando ele subiu para a equipe principal do Peñarol, aos 16 anos, mudando seu círculo de amizades e a forma como lidava com os torcedores. “A única maneira de explicar isso é que fiquei cego pela fama repentina”, ele diz. Mas foi a partir da proposta do Arsenal que ele passou a entender o “lado comercial” do futebol.
Fede relata que todas as pessoas ao seu redor passaram a pressioná-lo para aceitar a oferta inglesa, alegando que as dificuldades da sua vida simples no Uruguai ficariam para trás e ele passaria a desfrutar de mais conforto.
— Se você me pesquisar no Google, verá histórias sobre como quase fui para o Arsenal quando tinha 16 anos. Isso talvez seja uma meia verdade. Não é nada contra o Arsenal, mas nunca quis ir para Inglaterra. Naquela época, o lado empresarial do futebol assumiu o controle. Certas pessoas me diziam: ‘Quem não gostaria de jogar no Arsenal? Você quer ficar aqui no Uruguai? Isso é loucura!’. O que eles estavam realmente dizendo era: ‘Todos nós podemos ganhar muito dinheiro se você for’.
Na época da entrevista ao “As”, Catino contou que o valor da oferta do Arsenal era muito baixo e por isso eles não aceitaram vendê-lo. A versão de Valverde, porém, é de que ele não se sentiu confortável na Inglaterra. O fato de não poder levar a família junto também pesou na decisão.
— Eles me mandaram para um teste em Londres por uma semana e eu simplesmente não me senti confortável. Se você pensar apenas em coisas materiais, parece ótimo. Mas não somos robôs. A realidade é que minha família não pôde vir para Londres comigo. Eu teria que morar sozinho, sem falar aquela língua, aos 16 anos.
Por que o Real Madrid?
A vida do jovem charrua mudou em 2015, quando estava disputando o Campeonato Sul-Americano de Futebol Sub-17 com a seleção uruguaia. Valverde conta que estava no quarto do hotel, no Paraguai, na véspera de uma partida contra a Argentina, quando sua mãe o ligou do outro quarto no mesmo hotel, dizendo que os representantes do Real Madrid estavam ali para conversar com ele.
Em um primeiro momento, o garoto não acreditou e achou que, na verdade, eram diretores do Peñarol que queriam discutir a renovação do seu contrato.
— Lembro-me de achar que os caras deviam ser do Peñarol. Achei que eles iriam me dar um novo contrato, e o primeiro pensamento na minha cabeça de 16 anos foi: ‘Caramba, talvez eu possa comprar algumas chuteiras novas da Nike para a partida contra a Argentina. Talvez eu possa até conseguir um PlayStation’.
Depois de reconhecer a diferença no sotaque espanhol e conversar com os homens no hotel, Valverde aceitou a proposta. A joia do Peñarol conta que o diferencial da oferta do Real Madrid era a possibilidade de levar sua família para morar com ele na Espanha.
— Esse foi o primeiro dia perfeito da minha vida. Porque vi como meus pais estavam entusiasmados. Minha mãe chora por qualquer coisa, mas meu pai é uma pedra. Demora muito para ele demonstrar emoção, mas vi uma pequena rachadura (risos)! Eu vi a luz nos olhos dele, sabe?
No fim das contas, Fede Valverde fechou com o Real em 2016. Ele atuou na equipe B durante um ano, depois foi emprestado para o Deportivo de Corunha e, em 2018, enfim fez sua estreia pelos Merengues. Desde então, ele levantou taças de Champions League, Campeonato Espanhol, Copa do Rei, entre outros títulos.