A briga pelo sétimo lugar, a chamada Everton Cup, parece pequena, mas pode significar muito.
Isso porque, dependendo do resultado na final da FA Cup após o fim do campeonato, o sétimo colocado pode herdar uma vaga na segunda fase preliminar da Europa League. E como normalmente o big-6 é quem domina o quesito na Inglaterra, para um time de médio porte uma competição internacional significa muito.
Por isso, a PL Brasil explica abaixo a importância da disputa pelo sétimo lugar e quem são os postulantes a atingir a posição.
Brincadeira com o Everton
Antes de tudo, é importante lembrar de uma piada famosa na Inglaterra que envolve o posto. A briga pela sétima posição da Premier League é conhecida no país como “Everton Cup” (“Copa Everton”, em português).
Isso porque o Everton, nos últimos anos, se notabilizou por sempre ser um dos times mais fortes – ou o mais forte – fora do grupo dos principais. Com isso, veio a referência aos Toffees que perdura até hoje na cultura do futebol inglês.
Curiosamente, o Everton não é tão assíduo da sétima colocação. Desde o começo da Premier League, em 1992/93, o time de Goodison Park esteve na posição em questão por apenas quatro vezes (2003/03, 2010/11, 2011/12 e 2017/18).

Mesmo assim, é a posição que mais se repetiu da equipe na história da PL, empatada justamente com o oitavo lugar, um posto atrás. Além disso, em três oportunidades o Everton foi o sexto. Nada que ajude a se desvencilhar da fama em questão.
Por que a sétima colocação é tão importante?
A explicação é simples. Na Premier League, os quatro primeiros colocados vão à Uefa Champions League, enquanto o quinto e o vencedor da Copa da Liga inglesa jogam a Uefa Europa League.
Porém, como o Manchester City venceu a Copa da Liga Inglesa no começo do ano, a vaga da segunda copa do país passou para o sexto colocado da liga. E além disso, o campeão da Copa da Inglaterra também joga a Europa League.
Até a temporada 2014/15, caso o campeão da Copa da Inglaterra já estivesse classificado para alguma competição europeia, o vice-campeão da competição herdava sua vaga na Europa League. Porém, isso mudou em 2015/16.
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A partir de agora, em caso de conquista da Copa da Inglaterra por parte de um time já classificado a qualquer competição europeia pela PL, o sétimo colocado da liga herda sua vaga na Liga Europa. E aí entramos no caso da atual temporada.
Manchester City e Watford fazem a final da FA Cup no próximo dia 18 de maio. Em caso de vitória dos Citizens, que já tem sua vaga na Champions League pela PL garantida, o sétimo colocado da liga nacional vai para a Europa League.
Já se o Watford vencer, os Hornets, que não estão entre os seis primeiros da Premier League, ganham a vaga pela Copa. Mas o grande favoritismo do Manchester City para a decisão gera muita expectativa a respeito do disputadíssimo sétimo lugar.
Quatro times brigando diretamente pela possível vaga
Na temporada 2018/19, a briga pelo sétimo lugar é emocionante. Faltando três rodadas para o fim, são quatro times brigando pela “Everton Cup” e torcendo pelo Manchester City para herdar a vaga europeia.

Atualmente, o sétimo colocado é o Wolverhampton, com 51 pontos. O time comandado pelo português Nuno Espírito Santo e recém-promovido da Championship faz uma excelente campanha e tem encantado os fãs da Premier League com um excelente futebol e jovens promessas de muito talento.
Caso os Wolves conquistem a vaga, voltam a jogar um torneio internacional depois de 39 anos – a última vez foi na antiga Copa da Uefa (hoje Europa League) de 1980-81.
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O oitavo é o Watford, com 50 pontos. Os Hornets, com isso, têm duas chances de conquistarem o posto na Europa League. Ou vence a FA Cup ou chega em sétimo na PL em caso de derrota na final da Copa.

Caso o excelente trabalho de Javi Gracia conquiste este êxito, o time também quebrará um longo jejum de competições internacionais. A última participação foi na mesma Copa da Uefa, mas na temporada 1983/84, há 35 anos.
Em seguida aparece o “dono” da “Everton Cup”: o Everton é o nono com 49 pontos. Os Toffees, que montaram um bom elenco e chegaram cheio de expectativas até mesmo para um top-6 na temporada, oscilam bastante, mas ainda assim estão vivos na disputa.
O time comandado por Marco Silva teve um excelente começo e bateu de frente com os times mais fortes, mas depois perdeu fôlego. Agora, alternando entre desempenhos convincentes e decepcionantes, a equipe almeja sua vaga europeia.
O clube tem uma rica história internacional, com até mesmo uma conquista: a antiga Copa dos Campeões das Copas Europeias em 1984/85. Na temporada passada eles estiveram na Europa League, e participaram da fase preliminar da Champions League em 2005/06.

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O nono da PL é o Leicester. O time de Brendon Rodgers, mesmo em uma temporada de altos e baixos e que teve a demissão de Claude Puel, tem 48 pontos e está a três da sétima colocação, ainda visando uma vaga europeia.
A participação internacional mais notável do Leicester foi em 2016/17: depois da histórica conquista da Premier League na temporada anterior, os Foxes se superaram novamente e foram até as quartas de final da UCL, caindo para o Atlético de Madrid.
Além disso, o Leicester disputou a Copa da Uefa em 1997/98 e em 2000/01, e a Copa dos Campeões das Copas Europeias em 1961/62 – sempre caindo já na primeira rodada.

Faltam três rodadas e o calendário dos quatro principais postulantes promete muita emoção. Para começar, a 36ª rodada já reserva um confronto direto entre Wolves e Watford, que pode definir os rumos de ambos.
Nas duas últimas rodadas, os Wolves recebem o rebaixado Fulham e visitam o Liverpool em busca do título, enquanto o Watford visita o Chelsea brigando pelo G-4 e recebe o West Ham.
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Já o Everton recebe Crystal Palace e Burnley, para no fim visitar o Tottenham. O Leicester, por fim, tem um calendário final pesado e apenas com times do big-6. Pega Arsenal em casa, Manchester City (brigando pela taça) fora e Chelsea também como visitante.
Vaga na UEL encurta a pré-temporada
Nem tudo são flores em caso de uma sétima colocação. Se o Manchester City vencer a FA Cup, o quinto e o sexto colocados da PL avançam direto à fase de grupos da Europa League, e o sétimo entra na segunda de quatro fases preliminares.
Ou seja, em caso de classificação, o time inglês que entrar neste posto terá que passar por três mata-matas até chegar à fase de grupos. Obviamente a fase preliminar começa bem mais cedo (em julho), influenciando diretamente na pré-temporada.
Podemos pegar como exemplo o caso do Burnley na atual temporada. Depois de um excelente sétimo lugar em 2017/18 e com os títulos de Manchester City na Copa da Liga e Chelsea na FA Cup, os Clarets avançaram à segunda preliminar da UEL.

Começando em julho, logo depois da Copa do Mundo, o Burnley passou por Aberdeen e Istambul Başakşehir, até ser eliminado pelo Olympiacos. Jogando mata-matas importantes entre 26 de julho e 30 de agosto, e com a Premier League começando em 12 de agosto, o time teve a pré-temporada comprometida e claramente sentiu o peso das decisões.
Tanto que o começo de PL foi bem lento, com três vitórias nos 19 jogos do primeiro turno. No segundo turno, com o elenco mais acertado, a chave virou e o time só perdeu quatro jogos até agora.
Ou seja, conquistar a vaga em questão requer planejamento, bom elenco e muito cuidado com o físico e o psicológico dos atletas. Mas no caso dos postulantes ao sétimo lugar, tudo isso vale a pena em troca do reconhecimento internacional.