Entre os mais de cem jogadores brasileiros que atuaram na Premier League, o ex-meia Evandro deixou sua marca no futebol inglês, apesar do rebaixamento com o Hull City em 2017. Agora técnico da base do Athletico-PR, ele se inspira em seu ex-treinador na Inglaterra para trilhar sua nova fase na carreira.
Quando retornou ao Brasil para atuar no Santos, em 2019, o então meia trabalhou com Jorge Sampaoli, considerado o melhor treinador da carreira do ex-meio campista, segundo o próprio.
Ex-jogador, Evandro mira foco na nova fase da carreira
Foi com Sampaoli que Evandro pegou gosto pelos treinos e se apaixonou por tática. Então, resolveu seguir a carreira de treinador, após pendurar as chuteiras em 2021. Hoje, ele é técnico do sub-13 do Athletico-PR, mesma categoria de quando chegou ao clube ainda como jogador.
Durante as aulas da licença B da Uefa, qualificação para aqueles que desejam trabalhar na formação de atletas, Evandro passou dois dias, no Fulham, observando treinos do Marco Silva, com quem trabalhou como jogador no Estoril e no Hull City. Apesar de ter sido pouco tempo e não um estágio, como esperava, o brasileiro ficou encantado com a experiência.
— Ele imprimiu o que ele iria fazer de treino e era uma fórmula parecida com a que tínhamos no Estoril. Ele é mestre — contou Evandro.
Foi Marco Silva que levou Evandro para a Premier League. A relação dos dois começou em 2012, no Estoril, um modesto clube português que chegou ao quinto lugar no Campeonato Português de 2012/13 e se classificou de forma inédita para a Europa League.
— Eu gosto de colocar o Marco Silva no mesmo nível do Sampaoli, porque ele tem um modelo de gestão em que me espelho também. Marco Silva tem uma maneira excelente de gerir o grupo e sua maior característica é ser racional e não emocional. Acredito que nessa função como treinador, se você deixar a emoção tomar conta, as coisas se perdem facilmente, porque no futebol precisa lidar com torcedor e imprensa.
Em 2017, Marco Silva se transferiu para o Hull City no meio da temporada para salvar o clube do rebaixamento na Premier League, num contexto de grande desorganização do clube. O treinador contratou Evandro e melhorou significativamente o desempenho do time, que contava com nomes como Harry Maguire, Andrew Robertson e Jarrod Bowen, que viriam a despontar em clubes grandes da primeira divisão futuramente.
Evandro tem convicção de que, se Marco Silva tivesse começado aquela temporada com o Hull City, o clube não tinha caído. O treinador português teve oito vitórias, três empates e 11 derrotas pelo time inglês — aproveitamento de 40,9%.
— Se o Marco Silva estivesse desde o começo da temporada, não teria caído nunca, teria ficado em 10º. Nós ganhamos do Liverpool, empatamos com o Manchester United fora, tiveram bons resultados. A questão é que ele pegou um bom time faltando pouco menos da metade da temporada, foi difícil. Era um time muito bom. Marco Silva tem tanto sucesso na Inglaterra, só cresceu na Premier League depois do Hull City — opinou Evandro.
Desempenho na Championship e encanto pela Inglaterra
O brasileiro disputou 31 jogos da Championship. Marcou quatro gols e deu quatro assistências. Seu momento mais marcante na Inglaterra, segundo o próprio ex-jogador, foi o gol que marcou contra o Aston Villa, de voleio, em 2019, em pleno Villa Park.
Evandro carrega consigo um carinho especial pela Inglaterra. Além de ter a oportunidade de fazer 46 jogos no país, o brasileiro viveu o futebol também fora dos gramados. Após pendurar as chuteiras, visitou pubs e conheceu a cultura inglesa envolvendo o esporte.
Apesar de ter um jogo de ligação direta e de muita força, que não favorecem o estilo de jogo mais técnico de Evandro, o nível da Championship supera primeiras divisões de alguns países da Europa, segundo o técnico de base do Athletico-PR.
— É um campeonato muito bom, com estádios e campos bons, a maioria dos jogos com público cheio. A Inglaterra, para mim, é o país do futebol. Por ter vivenciado e ter jogado nas primeiras divisões, vi a maneira como eles enxergam futebol.
“Eu tenho o sonho de voltar à Inglaterra como treinador ou numa comissão técnica.”
