A origem dos escudos dos times do Big 6 da Premier League

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A primeira coisa reparada ao conhecer um clube é o escudo deste. Cheios de histórias, com significados e importâncias enormes, os emblemas são muito mais do que singelas identificações visuais. Visto isso, a PL Brasil contará, neste texto, a origem dos escudos dos times do Big 6, os seis principais clubes do momento no futebol inglês.

A origem dos escudos dos times do Big 6 

Escudo do Arsenal

(Foto: Reprodução/1000logos)

O primeiro escudo da equipe londrina, criado em 1888, possuía três canhões voltados para cima, para simbolizar o distrito de Woolwich, onde o Arsenal residia anteriormente. Era um local famoso por sua formação militar e, portanto, essa era uma característica presente dentro do brasão, que era quase totalmente idêntico ao brasão do distrito.

Além disso, os dizeres de “CLAMANT NOSTRA TELA IN REGIS QUERELA” (Nossas armas se chocam na briga do rei) presentes no escudo também faziam alusão ao exército.

Brasão do distrito de Woolwich (Foto: Reprodução/Wikipedia)

O logo seguinte, feito em 1925, retirou vários elementos do design anterior e adicionou um distintivo oval e o famoso canhão vertical, muito similar aos canhões do Royal Arsenal Gatehouse, em Woolwich, que fez com que o clube ficasse conhecido como “The Gunners”.

(Foto: Reprodução/Internet)

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De 1930 até 1949, três logos passaram pelo clube, mas nenhuma delas se firmou. Em 1949, um emblema com o formato similar ao dos dias de hoje começou a fazer parte da identidade visual da equipe londrina.

O novo escudo possuía um fundo padronizado com setas apontadas para cima, mostrando uma provável relação com o lema agora estampado na parte inferior da logo, com os dizeres de Victoria Concordia Crescit (“A vitória advém da harmonia”).

Essa frase foi pensada com base na conquista do Campeonato Inglês do clube na temporada 1947/48, com o fim de provar que eles poderiam ter êxito com uma filosofia de união e trabalho duro. Além disso, também na região inferior da insígnia, o brasão de Islington foi adicionado, a fim de representar a mudança da equipe de Woolwich para o distrito de Highbury.

(Foto: Reprodução/Internet)

De 1994 até 2002, a base do escudo criado em 1949 foi mantida e este contou com algumas alterações. Um escudo com o fundo preenchido envolvia o emblema, que, dessa vez, havia sido pintado de vermelho. A escrita, com uma fonte mais moderna, e o brasão Islington continuaram no distintivo.

Em 2002, o escudo que representa o Arsenal até os dias de hoje teve diversas alterações em relação aos que vinham sendo usados. O lema Victoria Concordia Crescit foi retirado, e o formato do escudo e a disposição dos elementos dentro dele foram modernizadas. Além do canhão, que agora está virado para o lado direito.

(Foto: Reprodução/Internet) 

Escudo do Chelsea

Seu primeiro escudo, com o desenho de um militar, feito em 1905, foi inspirado na região de afluente do Chelsea, famosa por ter um asilo de veteranos do exército britânico. Quando não conseguiam abrigar mais veteranos, havia uma política de dar pensões a eles, o que fez os torcedores do clube serem apelidados de “Pensionistas” na época.

Esteve em uso até 1952, quando foi substituído por um distintivo com as inciais do clube, que representou a equipe por apenas um ano. No ano seguinte, o leão segurando um bastão, que está presente no escudo atual, foi introduzido à identidade visual do clube

(Foto: Reprodução/1000logos)

O leão foi emprestado pelo Conde de Cadogan. O bastão segurado pelo animal, pelos abades de Westminster, cuja jurisdição se estendia sobre o Chelsea.

As três rosas foram usadas para representar a Inglaterra e as duas bolas de futebol foram adicionadas para representar o esporte. O design foi inspirado no brasão cívico do Metropolitan Borough of Chelsea (distrito metropolitano do condado de Londres).

 Brasão cívico do distrito metropolitano do condado de Londres (Foto: Reprodução/Internet)

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Já em 1982, quando Ken Bates comprou o Chelsea por uma quantia de uma libra, ele decidiu mudar o emblema, com o fim de substituí-lo por um mais simples, que seria mais fácil de acompanhar a modernização do futebol e colaborar com o merchandising. A Le Coq Sportif, empresa francesa de materiais esportivas, projetou um brasão minimalista, com um leão em pé sobre as letras “CFC”.

Ao longo dos anos de uso dessa logo, muitas variações foram implementadas, sendo alteradas de acordo com a cor da camisa. Depois de 19 anos dividindo opiniões entre os torcedores (muitos achavam o brasão semelhante ao do Millwall e, por isso, tinham aversão), o emblema foi alterado.

Com Abramovich assumindo os Blues em 2004, os fãs exigiram que o emblema fosse substituído. Muitos pediram para trazer de volta a logo de 1953. Houve um único entrave: o Conde de Cadogan exigiu que o Chelsea o pagasse para usar o desenho, já que ele foi inspirado em elementos de sua insígnia. Por isso, o Chelsea fez pequenas alterações no brasão clássico e lançou a versão atual do mesmo.

(Foto: Reprodução/Internet)

Escudo do Liverpool

Fundado em 1892 e usado até o início da década de 1950, o primeiro escudo do Liverpool não contava muito com uma originalidade. O clube iniciou sua trajetória no futebol usando o brasão da cidade de Liverpool, que representava Netuno, deus romano da água doce e do mar, e Tritão, deus grego e mensageiro do mar.

Além de dois Liver Birds (pássaro símbolo do clube e que representa a cidade desde o século XIV) e uma escrita em latim, que significa “Deus nos concedeu essa facilidade”.

No final da década de 1940, o clube também tinha uma escudo alternativo, que era usado em mercadorias, programas de jogos, papéis timbrados e em diversos outros âmbitos.

(Foto: Reprodução/Liverpool FC Site)

Em 1950, a equipe passou a usar um emblema mais moderno. Um liver bird centralizado na cor branca, e um fundo na cor vermelha representaram o primeiro distintivo a aparecer em um uniforme dos Reds, estampado na camisa branca usada na derrota da final da FA Cup de 1950 para o Arsenal.

(Foto: Reprodução/Liverpool FC Site)

O “LFC” foi adicionado pela primeira vez ao emblema da equipe em 1955, mantendo essa tradição até os tempos atuais. O design do escudo passou a ser oval, e ficou até 1968, quando foi substituído por um liver bird na cor amarela, criada para a final da Liga dos Campeões de 1981.

(Foto: Reprodução/Liverpool FC Site)
(Foto: Reprodução/Liverpool FC Site)

De 1987 até 1992, o clube usou um escudo, com outro formato, envolvendo o liver bird e a escrita ‘Liverpool Football Club’.

(Foto: Reprodução/Liverpool FC Site)

Para comemorar o centenário do clube, um novo emblema foi usado ao longo de toda a temporada 1992–93. Os Shankly Gates, com a escrita ‘You Never Walk Alone’, foram as principais adições do emblema comemorativo.

(Foto: Reprodução/Liverpool FC Site)

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No ano seguinte do centenário do clube, o escudo comemorativo teve algumas partes modificadas, e duas tochas foram adicionadas em memória das vítimas do desastre de Hillsborough.

(Foto: Reprodução/Liverpool FC Site)

Em 1999, a equipe mudou novamente seu emblema, mas não foi nada muito drástico. O escudo de 1993, que ficou até 1999, simplesmente foi modernizado.

(Foto: Reprodução/Liverpool FC Site)

No ano de 2012, o Liverpool resolveu retornar às origens e usar somente o liver bird como símbolo, e isso perdura até a data de publicação deste texto. A cor do pássaro variou ao longo desses anos entre branco e amarelo.

(Foto: Reprodução/Liverpool FC Site)

Escudo do Manchester City

(Foto: Reprodução/Internet) 

Assim como seu maior rival, Manchester United, o City começou no futebol usando o brasão da cidade de Manchester como o escudo do clube. A base do escudo é vermelha, com três faixas douradas diagonais, representando os três rios de Manchester: Medlock, Irwell e Irk.

A região superior mostra um navio, em alusão à base comercial da cidade, o globo terrestre simboliza o comércio mundial de Manchester e as abelhas representam uma indústria eficiente.

Dos lados, o antílope branco com uma corrente representa as indústrias de engenharia e o leão, com um castelo em forma de coroa, faz referência à antiga fortaleza de Castlefield. As rosas vermelhas que cada um dos animais usa nos ombros representam Lancashire. Na região inferior, está escrito, em latim, “Concilio et Labore” (“Por conselho e trabalho duro”).

Entre 1965 e 1997, o City usou dois distintivos circulares, similares ao atual. O primeiro continuou com dois elementos do brasão da cidade de Manchester: a base do escudo vermelha com as faixas douradas diagonais, representando os três rios locais, e a região superior com o navio fazendo referência à base comercial da cidade.

Já o segundo, em 1972, continuava com o barco na parte de cima, e as listras foram substituídas pela rosa vermelha de Lancashire.

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(Foto: Reprodução/Internet)
(Foto: Reprodução/Internet)

Em 1997, o clube criou um emblema diferente, deixando de lado o formato circular. A nova insígnia possuía uma águia dourada, baseada no formato das faixas que saem do capacete do cavaleiro do brasão da cidade de Manchester e três estrelas acima desta, com o fim de dar um estilo mais continental ao design.

Além disso, uma escrita em latim na região inferior, com os dizeres de ‘Superbia In Proelio’ (orgulho na batalha). O navio continuava no escudo, e as três listras que representam os rios retornaram.

(Foto: Reprodução/Internet)

O escudo atual da equipe de Manchester foi introduzido em 2016, e é um velho conhecido dos torcedores. O novo emblema é uma versão modernizada do usado na década de 70, com as únicas diferenças sendo uma nova disposição do nome e a data de fundação do clube estampada.

(Foto: Reprodução/Internet)

Escudo do Manchester United

(Foto: Reprodução/1000logos)

Muitos não sabem, mas o Manchester United, clube de grande tradição e história na Inglaterra, não começou com esse nome e nem fardando vermelho. Fundando em 1878, a equipe tinha o nome de Newton Heath L&YR Football Club, por se tratar de um clube da companhia ferroviária local, a Lancashire and Yorkshire.

O primeiro uniforme do até então Newton Heath L&YR Football Club era nas cores verde e amarela, as mesmas da empresa ferroviária. Além de possuir um emblema com o desenho centralizado de um trem de carga.

(Foto: Reprodução/WorldSportLogos)

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Em 1902, tudo mudou. O produtor de cervejas John Henry Davies comprou a equipe, que estava à beira da falência. Dessa forma, o nome e as cores do clube que todos conhecem hoje, foram implantadas após a compra deste.

Apesar do novo nome e identidade visual, o primeiro emblema na camiseta só apareceu em 1909 (o primeiro escudo da era United era o brasão da cidade de Manchester), na final da FA Cup 1908-09: era a rosa vermelha de Lancashire — condado não-metropolitano inglês.

Após o desastre aéreo de Munique, em 1958, o emblema do Manchester United era representado por uma águia de ouro, mas esse significado perdurou por pouco tempo. A popular águia foi confundida com uma fênix, que, segundo diversas pessoas, simbolizava o ressurgimento das cinzas após o acidente na Alemanha.

Na década de 1960, mais uma versão da insígnia foi lançada. A nova versão contava com as listras e o navio do brasão do Conselho Municipal de Manchester. Além das flores, retiradas da bandeira do condado de Yorkshire.

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A partir da década de 1970, o clube teve uma forte indicação do treinador da época, Matt Busby, para poder mudar sua identidade. Com o fim de libertar-se da imagem de uma equipe composta pela juventude, e por um ponto final no apelido “Busby Babes”, o diabo foi adicionado ao distintivo da equipe, substituindo as três listras e as flores, e iniciando a era dos Diabos Vermelhos.

O nome de Diabos Vermelhos foi inspirado pela equipe de rugby Salford City Reds, que foi apelidada de Les Diables Rouges (Diabos vermelhos) pela imprensa francesa após uma turnê dela pelo país.

Em 1993, uma pequena mudança foi feita no escudo, quando as letras e bolas brancas foram substituídas por douradas. Cinco anos depois, o escudo modernizou-se ainda mais, alterando somente os tons de cores. O sucesso foi tão grande que esse distintivo de 1998 permanece representando o clube até os dias de hoje.

(Foto: Reprodução/Internet)

Escudo do Tottenham Hotspur

Antes de entender o emblema do Tottenham, é necessário conhecer a origem do clube. O nome “Hotspur” foi inspirado na história do nobre medieval Sir Harry Percy. O fidalgo participava de diversas partidas de críquete no seu clube e usava esporas (spurs) em seu cavalo, com o fim de garantir mais velocidade a ele.

Antes de 1900, a equipe usava apenas a letra “H” maiúscula em seu distintivo. Posteriormente, o galo foi adicionado ao distintivo. O motivo disso? Harry Hotspur estava interessado em galos (animais que já nascem com esporas naturalmente) para disputar rinhas de galo, um esporte popular na época.

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As esporas já nascem nos pés do galo (Reprodução/Internet)

Esses novos elementos tornaram-se parte da história do clube após a final da FA Cup de 1921, quando os jogadores passaram a usar camisas estampadas com um galo, envolvido por um escudo.

O galo era azul-escuro e o escudo era branco com uma moldura também azul-escura. Em 1930, a cor do brasão passou a ser preta. Já em 1951, depois do título do Campeonato Inglês, a equipe modificou o escudo novamente, sendo representada, agora, por um galo mais alongado e azul-escuro.

Até os anos 1960, somente o galo estampava o brasão dos Spurs. Em 1967, o clube adicionou um novo símbolo ao emblema. Um dos jogadores fez um galo de bronze de pé sobre uma bola de futebol, que perdura no brasão da equipe até os dias atuais.

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A evolução dos escudos do Tottenham (Foto: Reprodução/Internet)

Com um aumento da pirataria, em 1983, os Spurs decidiram modificar seu emblema novamente. Dois leões vermelhos e um pergaminho com o lema “Audere est Facere” (Atreva-se a fazer) escrito foram adicionados à nova identidade visual do clube. Os leões tinham origem nobre, emprestados pelo brasão da família Northumberland.

Futuramente, mais reformulações tentaram ser implementadas. Na primeira, um escudo envolvendo o galo foi trazido de volta. Na segunda, a insígnia era similar a um brasão de famílias nobres, com desenhos do Bruce Castle e sete árvores plantadas pelas sete irmãs Tottenham. Ambas as versões foram vetadas pelos torcedores, o que fez com que o emblema de 1983 retornasse, em 1999.

Em 2006, o clube sentiu a necessidade de modernizar sua imagem. Diante disso, um galo vistoso e alongado, com as tradicionais esporas nos pés e sua cabeça branca virada para o lado esquerdo, uma bola de futebol de 1909 e a escrita de Tottenham Hotspur na região inferior foram os componentes do emblema dos Spurs até 2017.

No ano de 2017, o clube mudou seus distintivo pela última vez até a data de publicação deste texto. Em homenagem à equipe dos Spurs de 1961, campeã do Campeonato Inglês e da FA Cup pela primeira vez na história do clube, o escudo em volta do galo voltou a estampar a camisa da equipe londrina.

(Foto: Reprodução/Internet)
Francesco Chianelli
Francesco Chianelli

Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco e admirador do futebol inglês