Uma mistura entre o poder ofensivo, característica nos melhores laterais brasileiros, com o posicionamento defensivo e o entendimento tático que são exaustivamente trabalhados na escola italiana. A junção destes elementos fizeram de Emerson Palmieri uma realidade no futebol inglês, com afirmação já na sua primeira temporada na Premier League.
O camisa 33 do Chelsea, que é naturalizado italiano, já teve quatro convocações para defender a Azzurra, é sondado pela Juventus de Turim, agora comandada por Maurizio Sarri, mas deve mesmo permanecer em Stamford Bridge para a próxima temporada.
Aos 24 anos, com a experiência de quem conhece escolas diferentes de futebol, Emerson Palmieri, formado pelo Santos e com passagem destacada na Roma, conversou com a PL Brasil.
O lateral falou sobre sua formação, o impacto que teve ao chegar em um grande clube da Premier League, sua primeira temporada no Chelsea, e o que espera para o ciclo 2019/2020 com a camisa dos Blues.
PL Brasil entrevista Emerson Palmieri
PL Brasil – No Brasil, você era um lateral ofensivo, e com apenas 20 anos foi jogar na Itália. O que isso significou para a formação do atleta que você é hoje?
O fato de eu ter ido muito cedo para o futebol italiano me fez aprender muitas coisas, e uma delas foi na parte tática, no meu posicionamento, até mesmo para correr.
Isso me fez evoluir muito como atleta, e me ajudou bastante, pois hoje, ainda novo, com apenas 24 anos, este entendimento do jogo. Isso casou com o meu estilo mais ofensivo, e acredito que atualmente sou um lateral mais completo.
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PL Brasil – O Emerson Palmieri que hoje defende o Chelsea é um jogador muito diferente daquele que surgiu no Santos?
Eu acredito que evoluí bastante. No Santos eu comecei muito jovem. Tinha 16 para 17 anos quando subi para o profissional, e saí com quase 20. As ideias quanto ao meu jogo, de ser ofensivo, tentar dribles, ir para o ataque seguem as mesmas, mas com certeza hoje eu tenho mais entendimento do jogo.
É difícil comparar um jovem com um jogador já pronto, mas o importante é que eu cresci como profissional.
PL Brasil – O que mais lhe causou impacto em estar em um dos grandes clubes da Premier League?
O que mais me impressionou foi a organização. Eu já estava na Roma, que é um clube grande da Itália, conhecido na Europa, e pensava que dali para cima a diferença seria pouca, mas quando cheguei no Chelsea foi realmente um impacto tremendo, a organização, a estrutura do clube é uma coisa que impressiona.
Só você vivenciando o diariamente para ter ideia da grandeza, de como tudo funciona, do que de fato é ser um clube da Premier League, ainda mais do tamanho do Chelsea.
PL Brasil – Seu início no Chelsea foi de poucas chances, mas aos poucos ganhou a confiança do Sarri e terminou a temporada como titular. Como foi esse processo para você dentro do clube, deixando um cara como Marcos Alonso no banco?
Com certeza eu esperava ter jogado mais no meu começo aqui no Chelsea, vinha de uma boa pré-temporada, o Sarri já me conhecia do futebol italiano, mas ele preferiu o Marcos Alonso, que também é um grande lateral. São escolhas do treinador, que, naquele momento, optou por dar mais oportunidades para o Marcos.
Eu segui trabalhando forte, com seriedade, buscando fazer o meu melhor, e, com a ajuda do treinador acabei evoluindo bastante. Eu penso que o importante foi que, em todos os momentos, eu segui ajudando o grupo.
Claro que termino a temporada muito feliz com o fato de estar jogando muito mais, de ter sido titular na final da Europa League.
Às vezes não importa como as coisas começam, mas sim como terminam. A minha persistência foi importante, meu trabalho também. Foi uma bela temporada.
PL Brasil – Maurizio Sarri é um técnico com comportamento muito peculiar. Como é o dia a dia de trabalho com ele?
O Sarri é um grande treinador, demonstrou isso no Chelsea logo na sua primeira temporada na Premier League, o que não é fácil. No dia a dia, ele é uma pessoa humilde, trabalhadora, que tem seus costumes, suas manias. É um cara de muitas superstições, o que faz dele até engraçado, divertido.
PL Brasil – A temporada será sem novos reforços no Chelsea, técnico novo e sem Hazard, o craque do time. O que o Chelsea deve fazer para conseguir brigar pelos principais títulos no calendário 2019/2020?
Treinador novo sempre acaba trazendo coisas novas, métodos de trabalho, ideias de jogo, mas isso não pode ser usado como desculpa para um clube da grandeza do Chelsea.
Acredito que, apesar de termos perdido o Hazard, que é um jogador espetacular, fenomenal, temos que ter em mente que o Chelsea é maior que qualquer jogador.
Quem estiver vestindo esta camisa precisa fazer de tudo para colocar este clube no lugar que ele merece, que é estar sempre brigando por títulos.
Enfim, o Chelsea é isso. Precisa sempre estar brigando por conquistas, independente de quem estiver jogando. Vamos seguir com este pensamento, de entrar em todas as competições para ganhar, mesmo sabendo das dificuldades.
Eu acredito que, por mantermos a base do nosso time, aliado com a volta de alguns jogadores que estavam emprestados, teremos um excelente elenco para fazermos mais uma grande temporada.