Se você é um amante da Premier League, com certeza tem vontade de conhecer os estádios onde são disputados os grandes jogos. Obviamente, não é algo barato, principalmente na hora de converter os valores de libra para real. Mas que tal irmos aos poucos? Vamos contar dicas e curiosidades para você que tem vontade de conhecer o Emirates Stadium, a casa do Arsenal.
Batemos um breve papo com Gilberto Silva, ex-Gunner e integrante dos Invencíveis, e com o correspondente internacional da ESPN Brasil João Castelo Branco, que mora em Londres desde a sua infância e é torcedor do clube. Os dois vão contar detalhes da história e estrutura do estádio.
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As saudades de Highbury
Se você estiver em Londres e com um tempinho extra, vale à pena dar uma passada onde era o antigo estádio de Highbury. Atualmente o local deu lugar a um condomínio de prédios. No entanto, a fachada original no estilo art déco foi preservada. Logo a 500 metros de distância fica o Emirates Stadium.
“Eu lembro do Highbury como um estádio muito lindo, muita história, mas era um caixote apertado. A torcida ficava muito próxima do campo. Lembro de um ambiente muito melhor que do Emirates, mas faz muito tempo também. É difícil comparar. O estádio ficava em ruas estreitas entre casas. Você passava por meio de uma vizinhança, as pessoas vendendo coisas nos jardins”, destacou Castelo Branco.
Assim como João, Gilberto Silva, que chegou ao clube em 2002 após vencer a Copa do Mundo com a seleção brasileira, relata algumas das lembranças da antiga casa.
“A atmosfera era fantástica. Os adversários sofriam para jogar ali. Mas era algo completamente diferente em relação ao Emirates Stadium na questão de estrutura. Eu lembro que o vestiário era gelado, o túnel para o gramado também. Eu tenho muitas memórias legais de poder jogar naquele estádio”.
A mudança de casa
Inaugurado em 22 de julho de 2006, cerca de dois anos e meio após o início das obras, o Emirates Stadium tem capacidade para 60.355 torcedores. O investimento para a construção do estádio foi de 430 milhões de libras, o que fez com que, ao longo da última década, o clube não pudesse gastar em contratações como desejava.
Para quem acompanha o time há mais tempo, já deve ter ouvido algum comentário de que a mudança de estádio foi algo que prejudicou esportivamente o clube. Fato é que nesse processo de transição, o clube teve que arrefecer seus investimentos em jogadores para poder arcar com sua nova casa, como explica João Castelo Branco.
“A mudança resultou em um gasto muito grande, então o clube começou a investir menos em contratações. O Wenger teve que trabalhar praticamente usando só a molecada. Isso foi um grande fator e coincidiu com o momento que o time estava passando pelo fim de uma era. Teve o auge em 2002, 2004, ganhando dobradinha, vários títulos, mas quando mudou para o Emirates já estava meio que no fim daquele time muito vencedor”.
As novas arenas do século XXI
O Arsenal foi um dos pioneiros em enxergar que no modelo atual do futebol é importante ter um estádio que acompanhe as novas necessidades. No entanto, essa demanda em remodelar ou demolir estádios antigos para a criação de novos gera uma preocupação que é de esvair um pouco a cultura de torcer.
Conhecido pelo silêncio na maioria dos jogos, o Emirates Stadium é chamado de teatro pelos torcedores rivais e acredito que você saiba disso – sim, é algo já bastante difundido. De fato, o silêncio em alguns jogos contra rivais menores é algo que deixa muitos amantes da peleja agonizando, mas existe um apelido ainda pior, revela João.
“Outras torcidas cantam zoando perguntando se é uma biblioteca, mais quieto ainda que um teatro. Incomoda o fato de ser um lugar que não tem tanto clima de futebol, às vezes. Acho que medidas precisam ser tomadas para tentar melhorar: liberar áreas para poder ficar em pé, que parece ser o caminho para o futuro”.
Ainda que se lamente a falta dessa atmosfera que se via em outros tempos, há mudanças que devem ser feitas no sentido de modernizar as estruturas tanto para jogadores como torcida, como observa João Castelo Branco.
“Sem querer ter muito saudosismo, é uma pena você perder lugares históricos. Estádios em que eu fui, como por exemplo, Upton Park, Highbury, White Hart Lane, que viveram tantas coisas. Você vai nesses lugares e sente e respira a história. Mas ao mesmo tempo eu vejo como uma coisa inevitável, porque eu frequentei bastante esses estádios e eles estavam muito antigos, bem velhos.”.
Dia de jogo – acesso fácil e rápido
É dia de jogo no Emirates Stadium? Aposte no transporte público. Na verdade não é uma aposta. Diferente do que acontece no Brasil, por lá, quase não se vê pessoas indo de carro ao estádio.
Ao desembarcar da estação de metrô que leva o nome do clube, e também a mais próxima ao estádio, o torcedor do Arsenal sobe as escadarias e já sai direto na Gillespie Road, uma rua cercada de casas no mais tradicional estilo inglês.
Diferente do que acontece em Wembley, por exemplo, o Emirates Stadium fica em um bairro residencial na parte norte de Londres. Da estação até o campo, o torcedor leva cerca de cinco minutos caminhando. O acesso é muito tranquilo e rápido.
A movimentação de torcedores e turistas é muito grande nos arredores, assim como a de cambistas. Logo que você sobe as escadas da Arsenal Station você provavelmente será abordado por um deles.
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Ao olhar para o lado esquerdo da estação de metrô, você vai se deparar com várias barraquinhas vendendo cachecóis dos principais jogadores do Arsenal, assim como lembranças do jogo do dia e algumas opções de lanche para matar a fome. Para quem é adepto de “aquecer os motores” antes dos jogos, os tradicionais pubs ingleses são as melhores opções, como garante João Castelo Branco.
“Geralmente você pode beber na rua, mas não é muito o costume aqui (Inglaterra). Talvez até por causa do frio, mas a tradição é fazer o esquenta nos pubs. As torcidas se encontram em algum pub por perto do estádio e ficam bebendo por lá antes de entrar. Ali eles vão treinando as músicas que vão levar para as arquibancadas”.
Supondo que o Arsenal venceu no dia, talvez você queira se estender um pouco mais pelos arredores a tomar a saideira. Além do tradicional pint, como tira-gosto, as tortas são tradição entre os torcedores ingleses e vale à pena experimentar, como aconselha o correspondente da ESPN Brasil.
“Tem um pub perto do estádio, que é o The Gunners que é todo decorado com fotos do Arsenal, camisas… Eu recomendaria tomar uma por ali e, de repente, sair por um outro lado, em que você vai pela Holloway Road, onde tem o pub The Coronet, que é gigantesco e fica com muitos torcedores. De repente, comer uma torta no Piebury Corner. Antes dos jogos, eles ficam tocando músicas e lá as tortas têm nomes de jogadores do Arsenal. É uma comida muita tradicional ligada ao futebol aqui”.
Primeiro gol
O primeiro gol no estádio em jogos oficiais foi de Ollof Melberg, do Aston Villa, em 19 de agosto de 2006, pela Premier League. Essa partida terminou em 1 a 1 e foi justamente o brasileiro Gilberto Silva quem anotou empate e o primeiro tento Gunner da história na nova casa em partidas oficiais:
“Eu fico privilegiado de ter feito parte de duas etapas da história do Arsenal, no Highbury e no Emirates. No Highbury por ter feito parte daquele time dos Invencibles foi algo muito especial, e depois no Emirates Stadium de ter participado de um novo estágio na história do clube e poder ter marcado o primeiro gol do estádio”, disse o ex-jogador.
Hora das compras
Além da loja do clube, que fica no próprio estádio, em dias de jogo alguns contêineres são colocados na esplanada do Emirates Stadium e funcionam como lojinhas. Nelas são vendidos alguns itens, como por exemplo, bonés, cachecóis, camisas dos principais jogadores e chaveiros.
Caso o torcedor procure por algum produto específico, só descer as escadarias da frente do estádio e dirigir-se à loja principal. Uma dica é não deixar para ir após o jogo, principalmente se o Arsenal ganhar, pois a loja vai estar entupida de gente.
Uma vez lá dentro, você só poderá sair por uma porta localizada no final da loja, ao lado dos caixas, lá do outro lado, o que vai te obrigar a ficar mais tempo lá dentro. Do ponto de vista comercial, a estratégia é boa, pois eventualmente o torcedor vai acabar comprando alguma coisa nesse tempo a mais na loja.
Estátuas
Na esplanada do estádio, nos deparamos com cinco estátuas de ícones da história do clube. Em 2011, o clube homenageou o lendário ex-treinador Herbert Chapman que comandou o Arsenal entre 1925-1934.
Naquele ano, o francês Thierry Henry, maior artilheiro do clube, e o inglês Tony Adams, que passou toda sua carreira no time londrino (1983-2002), também ganharam suas estatuetas. Em 2014, foi a vez de o clube prestar tributos a Dennis Bergkamp, que atuou por 11 anos pelo lado alvirrubro da capital londrina.
A quinta estátua é de Mr. Friar, torcedor e diretor do clube. Foi revelada ao público em 2011, ano em que completou seis décadas de serviços prestados ao time.
Tour no Emirates Stadium
Para quem quer conhecer as instalações do estádio, o Arsenal oferece três tipos de visitação: Stadium Tour, Matchday Tour e Legend Tour. Recentemente, João Castelo Branco foi convidado para gravar a versão atualizada em português do áudio do passeio:
– Foi uma grande honra na verdade, como torcedor do time poder gravar. Foi uma experiência muito legal. Mandaram o roteiro já traduzido, mas eu fiz algumas adaptações.
Para entrar no clima, eu fiz o tour antes para poder visualizar o que ia gravar e também ver um pouco mais o estádio em lugares que às vezes você não tem a chance de ver quando você está como torcedor ou jornalista.
Durante a visitação, além das instalações internas do estádio, você também pode conhecer o museu do clube, que fica na esplanada. Outras coisas que o visitante vai poder perceber é a diferença entre o vestiário do Arsenal e o do time visitante. Além do tamanho, outros pequenos detalhes divergem de um para o outro, como por exemplo, o tipo de iluminação, além é claro da personalização.
Confira o horário e valores para cada tipo de tour:
Stadium Tour: é a visitação tradicional auto-guiada em que o visitante pode conhecer o interior do estádio e o museu do clube, tudo em seu próprio ritmo. Em média, o tempo gasto para se conhecer o estádio é de uma hora e mais 30 minutos para o museu.
Matchday Tour: este tipo de visitação está disponível apenas em dias de jogos. No entanto, não é permitida a entrada nos vestiários e túnel de acesso ao gramado. É mais comum para pessoas que estão em Londres em um curtíssimo espaço de tempo ou só foi para assistir ao jogo.
Legend Tour: nesta opção, o visitante vai poder conhecer as instalações e o museu, guiado por um ex-jogador do clube: Charlie George, Nigel Winterburn ou Perry Groves. Esta modalidade não está disponível todos os dias, tendo assim que ser confirmado com antecedência.
Horários (exceto para o Legend Tour):
Segunda a sexta-feira, das 10h às 17h (última entrada às 16h)
Sábado: das 9h30 às 18h (última entrada 17h)
Domingo: das 9h30 às 18h (última entrada 17h).