Elano chegou à Europa em 2005, depois de se destacar no Brasil com dois títulos brasileiros e uma final de Libertadores com o Santos. No Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, o então meia ganhou notoriedade com dois campeonatos nacionais e foi contratado pelo Manchester City em 2007.
Apesar dos gols pelos Citizens (foram 18 em duas temporadas ), e de se tornar uma figura querida pela torcida, ele deixou a Inglaterra na metade de 2009, pouco depois da compra do clube por Khaldoon Al Mubarak, empresário e membro da família real dos Emirados Árabes Unidos, e antes dos grandes investimentos e jogadores de fato chegarem aos Citizens.
No evento “Champions League Experience”, dedicado ao segundo jogo da semifinal vencida pelo Manchester City diante do Real Madrid na última quarta-feira (17), o atual treinador da Ferroviária-SP revelou à PL Brasil os motivos de sua saída.
— Foi uma passagem muito marcante na minha vida. Devido a essa mudança (de gestão), eu saí e tive uma proposta bacana do Galatasaray. Era um ano de Mundial, eu queria jogar a Copa do Mundo, mas confesso que eu deveria ter ficado. Eu poderia ter construído uma história muito bonita, mas o momento que eu estive lá foi muito bacana – relembrou Elano.
Seu tempo em Manchester o fez criar um laço com o clube e, por isso, não esconde: vai torcer para os ingleses na final da Champions League, que será disputada contra a Inter de Milão no dia 10 de junho, em Instanbul, na Turquia. A passagem em Manchester foi tão marcante que Elano teve as portas abertas no Etihad após pendurar as chuteiras. Visando aumentar a bagagem para sua carreira como técnico, passou duas semanas em estágio com Pep Guardiola.
— O bem que o Guardiola faz para o futebol mundial é uma coisa incrível. Eu particularmente tive a oportunidade de conviver com ele em um curto período de tempo na Inglaterra. Eu torço muito para que esse cara conquiste cada vez mais, porque faz bem para o futebol .
Apesar de Elano beber das fontes de Guardiola e Sven-Göran Eriksson, sueco multicampeão que comandou o Manchester City no período em que o brasileiro esteve lá, o ex-meia não se esconde: quer mostrar os seus próprios conceitos e as suas ideias de futebol.
“Eu tenho uma experiência de 21 anos, em clubes diferentes, em países diferentes, além de seis anos de Seleção. Tenho minha forma de enxergar o jogo”.
Conselho para Neymar
Diante do péssimo clima para Neymar no Paris Saint–Germain, que teve até novos protestos da torcida, o futuro do brasileiro pode ser fora da França na próxima janela de transferências, Elano tem visão clara de onde o ex-companheiro deveria dar seguimento à carreira.
— Se eu tivesse essa força, eu queria que ele fosse para o Manchester City. Seria boa para ele trabalhar com Guardiola, eu acho que fosse dar um conselho, eu queria que ele fosse para o City. Saindo daqui, posso tentar fazer isso (convencê-lo), pela amizade, mas não é tão simples assim – finalizou, aos risos.
A eliminação na Copa de 2010
O destaque no Shakhtar fez com que Dunga, então técnico da seleção brasileira, quebrasse paradigmas. Em 2006, Elano foi o primeiro jogador da história da Seleção a ser convocado jogando na Ucrânia. O fato abriu portas e, nos anos seguintes, outros jogadores do próprio Shakhtar e de mercados “menos badalados” da Europa e até da Ásia passaram a figurar nas listas dos técnicos sequentes.
Nesse período, ele foi campeão da Copa América de 2007, em que o Brasil bateu a Argentina na final por 3 a 0, e da Copa das Confederações, dois anos depois, em vitória sobre os Estados Unidos por 3 a 2. A saída do City se deu também pela preparação para a Copa do Mundo, onde chegou como titular, mas acabou com uma lesão no tornozelo ainda na fase de grupos e uma queda triste para a Holanda, nas quartas de final.
— Tem coisas que acontecem dentro do campo que o treinador às vezes não tem o controle. Nós fizemos um baita primeiro tempo, poderíamos ter vencido com mais gols, ter feito 2 a 0 – começou Elano, quando perguntado sobre a derrota para a Holanda.
O Brasil começou vencendo por 1 a 0, com gol de Robinho, mas sofreu a virada com dois gols de Sneijder no segundo tempo. Para quem participou daquele grupo, a tristeza ficará para sempre marcada pelo resultado, mas também pela forma como ocorreu.
— A gente já sabe tudo que aconteceu, mas lógico, quando se leva um gol e toma uma virada em seguida, tudo isso mexe muito com mental e o equilíbrio do time, ainda mais tendo um adversário muito forte. Então é assim, infelizmente isso aconteceu, mas acho que quando se perde, perde todo mundo, porque quando se comemora, comemora todo mundo. Lógico que a tristeza existe para o torcedor, mas uma coisa que fica muito vivo dentro da gente é essa derrota e isso nunca será apagado do coração e da mente. É uma tristeza geral e isso vai permanecer por muito tempo.