Dossiê Pochettino: técnico por vício e princípio

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Mauricio Pochettino nasceu em Murphy, pequena cidade na Argentina, e MarceloEl LocoBielsa foi seu primeiro técnico no Newell’s Old Boys. Diz a história que Bielsa surgiu às duas horas da manhã na porta da casa do menino de 14 anos. Após inspecionar as pernas do jovem, prontamente assinou o contrato com ele.

Os anos na Argentina e a influência de Bielsa

O Newell’s comandado por Bielsa foi campeão do Campeonato Argentino em 1991. E, no ano seguinte, chegou à final da Copa Libertadores. “Éramos um grupo muito similar a esse que temos agora no Tottenham em termos de média de idade e balanceamento entre jogadores jovens e experientes”, contou Pochettino.

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“É difícil estimar a influência que Bielsa teve nas carreiras de Pochettino”, disse o jornalista Martin Mazur.

“Os anos de Pochettino na Espanha e na França, enquanto jogava pela Argentina, naturalmente fizeram ele amadurecer, mas a mentalidade nunca mudou”, relatou Mazur. “Alguns jogadores percebem que querem ser treinadores quando eles estão perto de pendurar as chuteiras. Pochettino é um treinador desde quando as usou pela primeira vez”, completou.

Os anos no Espanyol – A transição para técnico

Em 1994, Pochettino se mudou para Europa e se juntou ao Espanyol

O argentino logo se tornou ídolo do clube, chegando a conquistar a Copa do Rei em 2000. Mesmo após ter deixado o Espanyol, foi recebido com muita festa quando retornou em 2004.

Após se aposentar, Pochettino permaneceu por três anos como assistente técnico do time feminino do Espanyol. Em 2009, veio o convite para assumir o time principal, que não passava por boa fase e estava na zona de rebaixamento.

O argentino aceitou o desafio e, utilizando o que aprendeu com Bielsa, liderou o Espanyol em campanha que levou o time a terminar o campeonato na metade da tabela.

Mesmo mantendo os catalães no meio da tabela durante três anos, Pochettino foi demitido após um início de temporada ruim em 2012/2013.

“Ele passava muitas horas todos os dias no campo de treinamento. Chegava cedinho e saía tarde da noite, o que não é comum no futebol espanhol. Pochettino quer que o time trabalhe como um relógio, onde tudo funciona perfeitamente. Aliás, não só os jogadores, mas tudo que rodeia o time, desde a equipe médica até seus assistentes”.

Os anos no Southampton

O primeiro sentimento dos torcedores do Southampton em relação a Pochettino certamente foi de desconfiança. O técnico Nigel Adkins, que levou os Saints da League One para a Premier League, foi demitido em janeiro de 2013.

Em seu lugar, chegava um técnico argentino, que não falava inglês e nunca havia dirigido um time do Reino Unido.

Pochettino provou a todos que era capaz de levar o Southampton a fazer uma campanha melhor no Campeonato Inglês. Quando chegou ao St Mary, o Southampton era o antepenúltimo colocado. Quando deixou o clube em 2014, os Saints haviam terminado o campeonato em oitavo.

“Eu passo cerca de 12 horas por dia no centro de treinamento. Minha vida é ir do hotel para o CT. Eu estou me dedicando a esse clube. No futebol não existe horário, nós trabalhamos o dia inteiro”.

O meia Jack Cork afirma que, apesar do argentino não falar inglês na época, ele sempre conseguiu passar sua mensagem aos jogadores.

“Sempre tínhamos que correr e treinar muito com Mauricio, mas às vezes era muito difícil. Você precisa de dois corações para jogar do jeito que o Pochettino quer. Kelvin Davis uma vez trouxe o relógio do vestiário para lembrá-lo o quão longo o treinamento havia sido. Mas seu método funcionava. Visto que nós começamos a temporada de 2013/2014 com apenas uma derrota nos primeiros 11 jogos”, completou.

Os anos de Pochettino no Tottenham

Em maio de 2014, o Tottenham ofereceu um contrato de cinco anos a Pochettino. Logo em seu primeiro ano, o argentino levou os Spurs à final da Copa da Liga Inglesa.

Pochettino garante que todas as manhãs antes dos treinos, os jogadores cumprimentam uns aos outros com apertos de mão.

“São pequenas coisas, mas que significam muito para criar um time de verdade”, relata.

Técnico dos Spurs, Pochettino gosta de enfatizar a importância do coletivo no futebol. Em seus treinamentos, faz uso de 5×5 em um campo maior que o normal para a prática.

Assim os jogadores correm mais e marcam o adversário de forma mais eficiente. Além disso, o técnico também utiliza vídeos para analisar bons e maus momentos junto a seus atletas.

Pochettino faz parte de um grupo de treinadores que parece nunca dizer algo interessante. É, certamente, um personagem entediante para entrevistas. Mas aqueles que o conhecem de verdade dizem que o argentino é o tipo de pessoa com quem você iria gostar de conversar em um pub.

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Ana Luiza Honma
Ana Luiza Honma

Jornalista graduada pela Universidade Federal de Uberlândia