A 777 Partners, empresa americana que é dona da SAF do Vasco, ainda não concretizou a compra do Everton e vive imbróglios no processo. Agora, a empresa de Josh Wanderer e Steve Pasko teve uma dívida de aproximadamente R$ 3 bilhões, “escondida” nos documentos da compra, exposta.
O projeto norueguês de jornalismo investigativo “Josimar” teve acesso a documentos da 777 e os expôs nesta segunda-feira (6). Segundo estes documentos, o Grupo 777 – composto pela 777 Partners e sua “empresa irmã legalmente separada e distinta” 600 Partners – perdeu um total de quase 600 milhões de dólares entre junho de 2021 e junho de 2022.
Os problemas envolvendo o Everton
A dívida lança ainda mais dúvidas sobre a capacidade da empresa americana de continuar a apoiar seus ativos de futebol atuais, todos altamente endividados e perdendo dinheiro, e ao mesmo tempo financiar sua proposta de compra do Everton.
Essas enormes perdas, de 171,5 milhões de dólares no segundo semestre de 2021 e mais de 425,5 milhões de dólares nos seis meses seguintes, tiveram dois principais motivos:
- Pagamentos de dívidas rigorosos, com um “custo de juros” totalizando mais de 427 milhões de dólares nesse período;
- Uma “mudança não realizada no valor justo de ativos financeiros” que retirou 557,5 milhões de dólares do balanço.
De acordo com documentos aos quais a Josimar teve acesso, isso foi mais do que suficiente para anular qualquer benefício financeiro trazido pelo aumento dos ativos do grupo de 8,36 para 9,14 bilhões de dólares naqueles doze meses.
O site entende que essas dívidas não auditadas também não estão entre os documentos que a 777 Partners enviou à Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA). Juntamente com a FA e a Premier League, a FCA tem a tarefa de avaliar se a empresa é um comprador adequado para o Everton.
Isso explicaria por que o processo de aprovação regulatória para a aquisição do clube inglês está se arrastando. A 777 disse à Josimar que “a FCA forneceu confirmação por escrito de que todos os materiais relevantes foram fornecidos na íntegra”, que “toda a documentação também foi fornecida na íntegra à Premier League, que agora está executando seus processos de aprovação internos” e que “toda a documentação foi fornecida na íntegra à FA”.
777 Partners “em dificuldades”
Esses números explicariam por que a 777 tem enfrentado dificuldades para cumprir seus compromissos, atrasando o pagamento de salários internos e deixando de pagar contas a tempo, como foi relatado pelo site, e por que eles se tornaram cada vez mais dependentes de credores externos.
Um destes credores é a A-CAP, do empresário Kenneth King, que contribuiu com centenas de milhões para as finanças do grupo. É notável que seja durante esse período que a 777 escolheu ir “all-in” no futebol e começou a construir seu portfólio de ativos de futebol rapidamente.
Neste processo, o Genoa se tornou seu primeiro clube em setembro de 2021, seguido pelo Vasco em fevereiro de 2022, o Standard de Liège um mês depois e o Estrela Vermelha em maio de 2022.
Os problemas para a compra do Everton podem ser um “déjà vu” para a 777. A Comissão Belga de Licenças esteve muito perto de não renovar a licença profissional do Standard de Liège, comprado pela empresa, para a temporada 2023-24.
A 777 não tinha conseguido apresentar suas contas auditadas para os anos que terminaram em 31 de dezembro de 2021 e 31 de dezembro de 2022, como exigido. O órgão de licenciamento belga aceitou o argumento da 777 de que esse fracasso foi causado pela “reestruturação” do grupo.
