Origi: de promessa do Lille a herói do Liverpool

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Divock Origi foi um dos grandes destaques da reta final do Liverpool na temporada 18/19, coroado com o gol na decisão da Champions League. Aos 24 anos, com o gol no Wanda Metropolitano, entrou para a história do clube e da competição. Mas o caminho percorrido até o triunfo europeu não foi simples, e revela uma trajetória de altos e baixos na carreira do jogador.

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Início no Lille

O belga, de ascendência queniana, teve passagem pelas equipes juvenis do Genk, mas se formou como jogador nas categorias de base do Lille, clube em que começou a carreira profissional. Estreou na Ligue 1 aos 17 anos, marcando o gol de empate em partida contra o Troyes.

Foto: AF Photos

O jovem atacante tornou-se titular em sua segunda temporada pelo clube francês e, em 35 partidas, anotou seis gols e deu uma assistência. Tido como promessa da geração de ouro da Bélgica, atraiu o interesse de clubes como Liverpool, Arsenal, Tottenham e Atlético de Madri.

Seleção belga

A primeira convocação do jogador a seleção nacional foi aos 19 anos para disputar a Copa do Mundo no Brasil. Nunca tendo disputado uma partida pela seleção principal do país, foi chamado para substituir Benteke, contundido às vésperas do Mundial. Marcou seu primeiro gol pela Bélgica logo na estreia, em amistoso preparatório contra Luxemburgo.

No Brasil, participou de todas as partidas da Bélgica e marcou o gol único da vitória sobre a Rússia na fase de grupos. Ganhou a vaga de Lukaku na equipe titular para as partidas contra Estados Unidos, nas oitavas, e também contra a Argentina, nas quartas, quando a jovem geração belga acabou eliminada.

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Pela seleção, ainda disputou partidas amistosas, classificatórias e eliminatórias europeias, além da Eurocopa 2016, na França. Mas não conseguiu repetir o mesmo desempenho de 2014 e não foi convocado para a Copa do Mundo na Rússia.

Chegada no Liverpool

A ótima temporada no Lille e o destaque na seleção belga fizeram com que fosse contratado pelo Liverpool pós-Copa de 2014, por 12 milhões de euros. No entanto, o clube francês demandou que o jogador disputasse uma última temporada na França, emprestado pelos Reds, na qual realizou 44 partidas, com nove gols e quatro assistências.

Na primeira temporada pelo clube, sofreu com lesões e não conseguiu se firmar como titular da equipe, tendo mais destaque no vice-campeonato da Liga Europa, sobretudo nas quartas contra o Borussia Dortmund, com dois gols decisivos. Na Premier League, foram 16 partidas, cinco gols e uma assistência. Ainda anotou um hat-trick contra o Southampton na Copa da Liga.

Na temporada seguinte, mais constante na equipe principal, mas sem titularidade absoluta. Somadas todas as competições, contabilizou 43 partidas, 11 gols e quatro assistências. Ante a irregularidade, não convenceu e acabou emprestado ao Wolfsburg.

Chegou no clube alemão por empréstimo e não teve destaque em sua única temporada pela equipe. Em campanha trágica do Wolfsburg na Bundesliga, escapando do rebaixamento nos playoffs, marcou apenas seis gols em 31 partidas no Campeonato Alemão.

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Temporada 18/19

Após retornar de empréstimo, começou a última temporada em baixa no time inglês. Além de não ser convocado para a maioria das partidas, chegou a figurar na equipe B do clube. Na fase de grupos da Champions League, foram apenas 11 minutos em campo, em derrota para o Estrela Vermelha.

Já na Premier League, estreia apenas na 14ª rodada: entrando nos minutos finais, fez o gol da vitória no clássico contra o Everton. No jogo seguinte, contra o Burnley, poupados diversos jogadores, chance na equipe titular: assistência para o gol de empate, que impulsionou a virada dos Reds.

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As oportunidades bem aproveitadas no início de dezembro garantiram sua volta em definitivo a equipe principal, bem como presença constante entre os suplentes.

E logo na primeira partida de 2019, Klopp optou por escalar os reservas para enfrentarem o Wolwerhamptom, pela Copa da Inglaterra. Mais uma vez aproveitou a chance: apesar da derrota no Molineux, foi dele o único gol do time no jogo.

E a temporada de Divock Origi começava a tomar novos rumos, mais promissores. Entre os meses de fevereiro e março, participou de sete das oito partidas no Campeonato Inglês. Na competição europeia, esteve em campo em todas as partidas eliminatórias.

Destaque para a titularidade e o gol marcado na vitória expressiva por 5 a 0 sobre o Watford pela Premier League. Já no penúltimo jogo do campeonato, contra o Newcastle, marcou gol decisivo nos minutos finais, mantendo o clube na disputa ponto a ponto com o Manchester City pelo título.

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Herói na Champions League

A grande oportunidade de Origi na temporada ainda estava por vir, em momento nada favorável ao Liverpool. Aliás, um cenário completamente desanimador, precisando reverter placar de 3 a 0 construído pelo Barcelona no Camp Nou, na partida de ida das semifinais da Champions League.

Para o jogo da volta, a equipe novamente não contava com Roberto Firmino e Mohamed Salah, ambos contundidos. Origi e Shaqri foram os selecionados de Jurgen Klopp para suprir os desfalques.

Apesar da situação delicada, o clima no estádio foi simplesmente fantástico. E o time correspondeu à altura: atuação brilhante e classificação à final. Anfield presenciou uma virada histórica, uma das maiores reviravoltas do futebol.

O belga, até então contestado, foi um dos heróis da partida com dois gols, para abrir e fechar o marcador: o primeiro gol deu esperança aos torcedores, enquanto o segundo consolidou o milagre.

Foto: Peter Byrne

Mas o destino ainda guardava a Origi a oportunidade de fazer história na final inglesa no Wanda Metropolitano. Na última chance do clube de coroar a excelente temporada com um grande título, o atacante voltou ao banco de reservas, ante os retornos de Roberto Firmino e Salah, já recuperados.

E na tão aguardada decisão europeia, em Madri, substituiu Firmino no início do segundo tempo e viu o Tottenham pressionar pelo empate. Mas, mais uma vez no final da partida, balançou as redes, para fazer explodir toda a torcida dos Reds.

Em disputa de cabeça na grande área após cobrança de escanteio, a bola sobrou para Matip, que rolou para Origi chutar cruzado, de perna esquerda, indefensável para o goleiro Lloris. Assim, o gol do 2 a 0 para decretar a vitória sobre os Spurs, selando o sexto título do Liverpool na Champions League.

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Rafael Moro Brandão
Rafael Moro Brandão

Estudante de Direito na Universidade de São Paulo. Fanático por futebol e apaixonado pelas histórias que o esporte proporciona.