Em fevereiro desse ano, a Premier League encaminhou mais de 100 acusações contra possíveis fraudes financeiras do Manchester City. No entanto, a situação não ficou limitada à esfera futebolística e passou a envolver o governo do Reino Unido e os Emirados Árabes Unidos.
De acordo com apuração do “The Athletic”, as denúncias feitas pela Premier League contra o Manchester City foram tema de discussão da embaixada britânica em Abu Dhabi e o Escritório da Comunidade Estrangeira e Desenvolvimento (FCDO) em Londres. No entanto, as autoridades se recusaram a divulgar o conteúdo do debate, alegando que isso poderia pôr em risco a relação diplomática entre os países.
O “The Athletic” utilizou a Lei de Liberdade de Informação para conseguir as informações sobre o episódio. O Escritório da Comunidade Estrangeira e Desenvolvimento (FCDO) rejeitou o pedido com a seguinte justificativa. O jornal recorreu da decisão.
— Reconhecemos que a divulgação de informações sobre esta questão aumentaria o conhecimento público sobre as nossas relações com os Emirados Árabes Unidos. A divulgação de informações que detalham a nossa relação com o governo dos Emirados Árabes Unidos pode potencialmente prejudicar a relação bilateral entre o Reino Unido e os EAU –, comunicou.
O Manchester City é propriedade do Sheikh Mansour bin Zayed Al Nahyan, através do Newton Investment and Development, empresa de sua propriedade. Ele embro da família real e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos. Porém, o clube já negou em outras oportunidades que seja financiado pelo país.
As acusações contra o Manchester City
Após quatro anos de investigação, a Premier League promoveu 115 denúncias contra o clube no início do ano. Elas estiveram relacionadas a supostas violações de regras financeiras entre as temporadas 2009/10 e 2016/17. Segundo a liga, o Manchester City não deu transparência suficiente à entrada de receitas, como patrocínios. O time também foi apontado de esconder os valores de seu custo operacional e também não divulgar corretamente a remuneração de dirigentes entre 2009 e 2013.
Também caíram sobre o City acusações relativos ao licenciamento de clubes e ao fair play financeiro em 2013-14 e entre 2014-15 e 2017-18. O clube chegou a ser banido de competições europeias por dois ano pela Uefa, em 2020. Contudo, Tribunal Arbitral do Desporto anulou a sansão.
Tanto Premier League quanto Manchester City foram questionados pelo “The Athletic” acerca da participação do governo britânico nas acusações, mas ambas as partes não comentaram. O jornal também perguntou o motivo do Governo do Reino Unido trabalhar nas relações com os Emirados Árabes Unidos, já que os Citizens alegam não ser uma propriedade estatal.