Vamos dar continuidade a nossa série especial de matérias exclusivas sobre os convocados da Inglaterra para a Copa do Mundo! Vem com a gente que o papo de hoje é sobre Dele Alli!
Até que ponto problemas familiares podem influenciar as tomadas de decisões de um atleta profissional dentro de campo?
Dele Alli driblou cada obstáculo de sua vida para poder se tornar a grande estrela, ao lado do companheiro Harry Kane, do seu país em um campeonato mundial. Conheça, agora, a história do meio-campista!
Problemas familiares e persistência no futebol
Filho de pai nigeriano e mãe britânica, Bamidele Jermaine Alli, mais conhecido como Dele Alli, nasceu na pequena cidade de Milton Keynes, no Reino Unido, no dia 11 de abril de 1996.
Sua infância foi marcada pelo divórcio, quando tinha apenas 3 anos de idade, dos seus pais e a paixão pelo futebol, que teve início desde os primeiros contatos com a bola ainda com menos de um ano, segundo familiares.
Os pais de Dele nunca deram total apoio ao filho na decisão de se tornar um atleta profissional. Preocupados com os termos para separação, viram pouco o crescimento do jovem com a bola.
Pai de Alli, Kehinde retornou ao seu país de origem. Dele o visitara em alguns momentos, descobrindo que gostava de seus familiares e da cultura africana.
Muito mais do que isso, descobriu que seu pai era filho de um rei Ioruba. Ou seja, como seu vô tinha morrido, Dele Alli soube que era príncipe no país africano ainda em sua adolescência.
Homem de negócios, o senhor Kehinde decidiu se mudar para o Estados Unidos. Depois de um tempo, casou-se com uma mulher que Dele não aprovara, causando grandes problemas para a família.
Leia mais: Harry Maguire, o gigante zagueiro do Leicester
O jovem garoto decidiu voltar à Inglaterra, para a casa de sua mãe, retornando também o sonho de jogar futebol profissionalmente anos depois no MK Dons, time da cidade onde nasceu.
Quando pisou em solo inglês, bateu de frente com mais um problema familiar: sua mãe havia se tornado dependente alcoólica e química por ter visto seu ex-marido se casar e, claro, ter ficado tanto tempo longe do filho.
Esses problemas não fizeram com que ele desistisse do seu sonho – muito longe disso –, mas claramente fez com que fosse criado um sentimento negativo sobre seus pais.
Dele rebelou-se. Participando de gangues de Milton Keynes, viu sua mãe ser internada para se tratar de suas dependências, o deixando com os seus novos pais adotivos que agora sim, deram total apoio a sua carreira.
O início da carreira no MK Dons
Foi assim, mesmo com todos estes obstáculos, que Dele Alli iniciou sua trajetória futebolística no time da cidade onde nasceu. Além disso, deixou as ruas, as gangues, agora focando apenas no esporte.
Aos 11 anos de idade, entrou para as categorias de base do MK Dons vindo do time de bairro, onde passou toda sua infância, chamado de City Colts FC em 2007.
Na temporada 2012/13, teve suas primeiras oportunidades no time profissional. Com 2 jogos na Football League One e outros 5 na FA Cup, além do gol na copa, marcaram eu primeiro ano no futebol.
Em 2013/14, ainda com 17 anos, participou de toda a campanha da equipe na temporada. Foram 37 partidas, 7 gols e 4 assistências neste ano.
Já na temporada seguinte, a última pelo clube, participou 44 jogos da equipe, com 16 gols e passes para outros 11. Além disso, uma partida contra o Manchester United, vencida por 4 a 0, o mostrou para o mundo.
Com esses números, e com este jogo memorável, onde controlou todo o meio campo, sendo comparado a Steven Gerrard, chamou a atenção do Tottenham, que o contratou a jovem promessa de 18 anos.
Mas o que poucos sabem é que por detalhes o atleta deixou de jogar no clube que era apaixonado, o Liverpool. Em entrevista ao Liverpool Echo, relatou que sempre comprava as chuteiras que Gerrard, seu ídolo, vestia.
O salário impediu a transferência do inglês ao time de Anfield, que viu anos depois Alli virar estrela de um dos maiores campeonatos do mundo, a Premier League.
Primeira temporada na PL e reencontro com a família
Uma taxa de 5 milhões de libras foi paga pelo time londrino ao MK Dons, mas o valor ainda foi baixo pelo que o jogador viria a ser nas próximas temporadas.
Foi no Tottenham que ele passou a tomar conta do meio campo novamente. Atuou na primeira temporada como meia-ofensivo, na esquerda, na direita, mais centralizado e até um pouco mais recuado.
Foi ainda nesta primeira temporada que os problemas familiares vieram à tona novamente, já que sua mãe e seu pai biológicos passaram a tentar se aproximar do filho.
Depois de uma partida no White Hart Lane, sua mãe o encontrou na saída de campo. Ao tentar falar com Dele, viu o atleta dos Spurs olhar em seus olhos, mas não parar para conversar.
Além disso, deixou de usar o sobrenome Alli em sua camisa, tendo apenas o seu apelido “Dele” em suas costas.
Sua irmã utilizou as redes sociais para dizer que estava com saudade do antigo companheiro de infância e que “não queria sua fama, dinheiro ou algo do tipo, mas sim, o amor e companheirismo” dele.
Fator determinante no Tottenham
Na temporada 2016/17, viu sua importância no elenco aumentar constantemente. Ao lado de Eriksen, Son e Kane, levou o clube ao segundo vice-campeonato da PL seguidos.
Foi ainda nesse ano que participou pela primeira vez da Liga dos Campeões e, um pouco depois, da Liga Europa.
Ao todo, foram 50 partidas, 22 gols e 13 assistências em 2016/17, além de passar a ser convocado para a seleção inglesa de futebol de forma constante, já sendo nome carimbado um ano antes da Copa-2018.
Já nesta temporada, em um ano que os times ingleses surpreenderam nas competições europeias, Dele Alli viu seu time quase chegar às quartas-de-finais da Liga dos Campeões.
Na Premier League, continuou chamando a atenção. Com 11 assistências, teve uma das melhores eficiências em passes e criações de jogadas importantes da competição.
Foram também outros 6 passes para gols na temporada em copas. Além disso, marcou, em geral, 14 tentos em 50 partidas, número baixo, se comparado a outros anos.
Participações na seleção inglesa
Foi em 2015 que Dele Alli, já meia do Tottenham, recebeu uma oferta para atuar na seleção. Você imagina que o convite tenha sido da Inglaterra, certo? Mas na verdade, o pedido havia vindo da seleção nigeriana de futebol.
Ex-jogador do Wimbledon, John Fashanu, que sempre foi uma figura paterna para o jogador, tentou convencer Dele para atuar pelo time africano.
Ele recusou e, uma semana depois, para delírio dos nigerianos, foi convocado, fazendo sua estreia contra a Estônia ao entrar no lugar de Ross Barkley.
Em geral, até aqui, foram 24 partidas, 2 gols e 4 assistências divididos em amistosos, Eurocopa, Eliminatórias para Copa do Mundo e para campeonato europeu de seleções.
Southgate o conhece muito bem, já que trabalhou com Dele Alli no sub-21 da seleção inglesa. Sabe que tem uma estrela em mãos. Um diamante que precisará ser mais um pouco lapidado, mas que é muito raro.