Analisamos a decadência dos técnicos ingleses

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O futebol na Terra da Rainha e os técnicos ingleses já foram referência do futebol mundial. Muitos nomes da Inglaterra fizeram história nos gramados locais e mundiais.

Porém, nas últimas décadas, houve uma clara decadência dos treinadores nascidos onde hoje se tem o melhor campeonato do mundo.

Alf Ramsey, Jimmy Hogan e Herbert Chapman foram nomes que marcaram época. O primeiro foi campeão mundial com a seleção em 1966.

O segundo, é considerado o inventor do futebol moderno. E o terceiro, um dos grandes revolucionários da sua época.

Chapman influenciou no jogo e fora dele, mas merece um capítulo à parte para sua história. Contemporâneo de Hogan (outro que merece capítulo separado), utilizou e disseminou novas táticas e métodos de treinamento.

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Mas o foco não são os nomes e sim o estilo dos técnicos ingleses que, de inventores e revolucionários, atualmente se tornaram estagnados e coadjuvantes. Prova disso é o hiato de títulos de expressão dos técnicos ingleses.

Na Premier League, nunca houve um técnico inglês campeão da competição. 

No âmbito internacional, o hiato é maior ainda. Joe Fagan ganhou a Champions League em 1984 com o Liverpool, nos pênaltis contra a Roma. Encerrando a sequência dos oito anos mais vitoriosos para os times ingleses na competição.

De 1977 a 1984, sete títulos de três clubes ingleses diferentes. 4 do Liverpool (77, 78, 81 e 84), 2 do Nottingham Forest (79 e 80) e um do Aston Villa (82). Brian Clough e Tony Barton também eram da Inglaterra.

De lá pra cá, mais nada. Em títulos, tivemos Manchester United (1999 e 2008) e Chelsea (2012), entretanto, nenhum inglês no comando.

O problema está em casa?

Na primeira edição da Premier League como conhecemos, das 22 equipes, 16 eram treinadas por ingleses. Na atual temporada, apenas 4: Bournemouth, Burnley, Cardiff e Crystal Palace.

Eddie Howe, Sean Dyche, Neil Warnock e Roy Hodgson são sobreviventes em uma liga que absorveu muitos estrangeiros não só fora de campo. A diminuição do número de técnicos é quase proporcional à queda da quantidade de jogadores nacionais no campeonato.

Além disso, a facilidade de trabalho de irlandeses, norte-irlandeses, escoceses e galeses também é outro ponto. Os poucos que se destacaram, o fizeram de forma marcante e por muito tempo. Os melhores exemplos são Kenny Dalglish e Sir Alex Ferguson.

Não são apenas os vizinhos britânicos. Treinadores de todas as nacionalidades convergem na Premier League e enriquecem o futebol local. Por outro lado, acabam deixando os defeitos dos nativos mais expostos.

São 11 nacionalidades (além dos ingleses) de técnicos disputando o título.

Os técnicos ingleses que chegaram mais perto foram Ron Atkinson e Kevin Keegan, com Aston Villa e Newcastle em 1993 e 96, respectivamente, terminando em 2º.

Nas temporadas mais recentes ficou difícil para os comandantes ingleses sequer chegarem à vagas em competições europeias, onde já foram predominantes e tão vitoriosos. Sean Dyche foi exceção com o Burnley em 2017-18.

Taticamente ultrapassados?

Curiosamente, os 4 técnicos atuais utilizam o 4-4-2 em seus times. Uma formação clássica inglesa, predominante na década passada, com a segunda a linha costumeiramente habitada por dois meias centrais e dois meias bem abertos.

Hoje em dia, o 4-4-2 se tornou “fora de moda”. Não quer dizer que não possa funcionar, mas deixou de ser o mais usado na liga e no planeta.

A questão principal não é somente o esquema tático, mas falta de inovação do futebol. O menor investimento fazem esses quatro citados praticarem um futebol mais duro e rústico. Em alguns momentos, eficiente, mas não tem muita coisa nova.

Bolas longas e cruzamentos são armas de seus treinadores, que tem suas raízes num estilo antigo. Eddie Howe, de 40 anos, é a exceção.

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É louvável ver times como Burnley ou Bournemouth ocuparem lugares altos na tabela. Costumam engrossar o jogo quando atuam em seus domínios. Muito porque o futebol é mais físico e dificulta times mais técnicos, geralmente.

Os times grandes raramente apostam em nomes locais já que as experiências recentes não foram interessantes. Aliás, privilegiam o estrangeiro, deixando os ingleses em times de menor expressão, muitas vezes coadjuvantes no campeonato.

Como alento a todos esses aspectos negativos, Gareth Southgate pode ser considerado uma luz no fim do túnel. O técnico fez uma boa Copa do Mundo em 2018 e conquistou um honrado 4º lugar, depois de seguidas campanhas medíocres dos inventores do esporte.

Além disso, introduziu um novo esquema tático na equipe, renovou a equipe trazendo novos talentos e classificou-se com antecedência nas eliminatórias. O próximo passo é uma boa campanha na Eurocopa em 2020.

Melhores posições alcançadas por técnicos ingleses na Premier League ano a ano:

TEMPORADA TÉCNICO TIME POSIÇÃO
1992-93 Ron Atkinson Aston Villa
1993-94 Kevin Keegan Newcastle
1994-95 Frank Clark Nottingham Forest
1995-96 Kevin Keegan Newcastle
1996-97 Roy Evans Liverpool
1997-98 Roy Hodgson Blackburn
1998-99 Harry Redknapp West Ham
1999-00 John Gregory Aston Villa
2000-01 Peter Reid Sunderland
2001-02 Sir Bobby Robson Newcastle
2002-03 Sir Bobby Robson Newcastle
2003-04 Sir Bobby Robson Newcastle
2004-05 Sam Allardyce Bolton Wanderers
2005-06 Glenn Roeder Newcastle
2006-07 Sammy Lee Bolton Wanderers
2007-08 Harry Redknapp Portsmouth
2008-09 Roy Hodgson Fulham
2009-10 Harry Redknapp Tottenham
2010-11 Harry Redknapp Tottenham
2011-12 Harry Redknapp Tottenham
2012-13 Sam Allardyce West Ham 10º
2013-14 Tim Sherwood Tottenham
2014-15 Gary Monk Swansea
2015-16 Alan Pardew * Crystal Palace 15º
2016-17 Eddie Howe Bournemouth
2017-18 Sean Dyche Burnley

*Joe Riley terminou em 11º com o Everton, mas como interino.

Guilherme Rodelli
Guilherme Rodelli

Jornalista da Rádio Futebol Online, formado em Marketing, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e apaixonado pela Premier League.