De Bruyne na Arábia Saudita? Como o ‘caso Gündogan’ pode motivar City a vender seu craque

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A Arábia Saudita demonstra forte interesse em contratar Kevin De Bruyne, um dos grandes jogadores dos últimos anos no Manchester City e em toda a era Premier League. A proposta oferecida ao belga no verão europeu passado, de cerca de 70 milhões de euros por ano, havia sido negada por clube e jogador.

Embora a oferta saudita seja tentadora, De Bruyne e sua família não demonstram grande entusiasmo pela mudança, segundo o “The Athletic”. O jogador, que tem contrato com o City até 2025, planejava inicialmente renovar com o clube e se aposentar por volta dos 35 anos — atualmente, tem 32.

No entanto, o exemplo de Ilkay Gündogan, que deixou o clube de graça para assinar com o Barcelona por “demora” do City ao abrir conversas sobre um novo contrato, segundo ele, pode ser um alerta da incerteza sobre o futuro do belga.

O plano de De Bruyne e o ‘caso Gündogan’

A ideia do meia de se aposentar pelos Citizens aos 35 anos foi instaurada antes da primeira oferta da Arábia Saudita. Mesmo que a proposta tenha sido recusada pelo jogador, o diretor esportivo da liga saudita, Michael Emenalo, manteve a porta aberta e continuará a fazer ofertas.

Emenalo, inclusive, ajudou o Chelsea a contratar De Bruyne do Genk em 2012, então há um vínculo pessoal entre os dois. Por outro lado, um obstáculo para a liga é que De Bruyne e sua família não estão particularmente interessados na mudança, de acordo com o site inglês.

Gundogan Barcelona
Foto: Icon sport

Por outro lado, o potencial de encerrar sua carreira ganhando uma quantia astronômica pode mudar sua decisão. Por conta disso, a situação acaba ficando ainda mais nas mãos do Manchester City.

Segundo o “The Athletic”, se os ingleses oferecessem um novo contrato, mesmo por um ano com termos reduzidos, mas ainda atrativos, é difícil imaginar De Bruyne recusando — e o histórico não parece tão favorável.

Historicamente, o City aborda as renovações de contrato para jogadores acima dos 30 anos de forma bastante rígida, como descobriu Gündogan, que queria ficar, mas se incomodou com o “desdém” do clube na hora de negociar um novo contrato.

— Não havia problema com a duração (do contrato). O City esperou um tempo relativamente longo até que as negociações realmente se intensificassem. Se isso tivesse acontecido um pouco antes, a situação teria sido diferente — comentou em sua ida ao Barcelona.

O futuro de De Bruyne no Manchester City

O belga, por sua vez, sabe como o clube pode ser rigoroso em renovações. Em 2021, quando renegociou seu contrato, entendia que valia mais do que os Citizens estavam dispostos a pagar e ficou conhecido por contratar especialistas em dados para provar seu ponto — que deu certo.

Depois de perder Gündogan, o City foi mais flexível com Kyle Walker, que estava na iminência de trocar o clube pelo Bayern de Munique, e aceitou dar dois anos de contrato para não perder outra liderança.

Não foi o caso de Mahrez, que o clube entendia que poderia entregar bom desempenho em alto nível por sua condição física privilegiada e, por isso, concedeu uma renovação mais longa ao jogador após os 30 anos. Pode não ser assim que a equipe se sinta sobre De Bruyne.

De Bruyne Manchester City
(Foto: IconSport)

O meia ainda oferece muito em alto nível, mesmo após a séria lesão na coxa. O clube pode decidir que um ano extra em seu contrato, por conta desse desempenho, seria ideal para todos.

No entanto, também é compreensível que ainda não tenham entrado em contato por uma renovação, uma vez que faltam 18 meses para o fim do contrato, somada a idade e um timing “ruim” após uma grave lesão no tendão da coxa, parece sensato esperar.

A determinação da Arábia Saudita em contratar De Bruyne não vai desaparecer e eles tentarão capitalizar qualquer incerteza, mas pode ser que ele rejeite a mudança e o City não se sinta particularmente inclinado a oferecer uma extensão de um ano de qualquer maneira.

Guilherme Ramos
Guilherme Ramos

Jornalista pela UNESP. Escrevi um livro sobre tática no futebol e sou repórter da PL Brasil. Já passei por Total Football Analysis, Esporte News Mundo, Jumper Brasil e TechTudo.

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