Falar de temporada perfeita de Cristiano Ronaldo é quase um pleonasmo, especialmente se na sua passagem pelo Manchester United. Obviamente que a definição de “perfeito” varia de acordo com os objetivos de cada um e as conquistas alcançadas, porém é mais difícil encontrar uma temporada em que Ronaldo esteve abaixo da média de seus contemporâneos do que as que se sobrepôs aos mesmos.
A temporada perfeita de Cristiano Ronaldo pelo Manchester United em 2007/2008
Ao longo de mais de quinze temporadas, Cristiano Ronaldo acumulou conquistas importantes tanto nos clubes em que jogou, como cinco Ligas dos Campeões, quanto por sua seleção, quando liderou Portugal ao maior título de sua história na Eurocopa de 2016. Já são cinco prêmios de melhor jogador do mundo, e ainda há muita lenha pra queimar.
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Futebolisticamente falando, pode-se dizer que já é de entendimento comum que Cristiano Ronaldo é, sem dúvida, um dos maiores de todos os tempos. E essa história de conquistas teve uma temporada que serviu como “plataforma de lançamento” – o ano em que Cristiano Ronaldo atingiu pela primeira vez o nível dos maiores.
Estamos falando da temporada 2007/2008, temporada essa em que CR7 levou o Manchester United ao seu último título de Champions e também à conquista da Premier League, deixando pelo caminho golaços memoráveis e levando prêmios individuais.
A temporada 07/08 começa com Cristiano Ronaldo já em evidência. Seu talento e capacidade decisiva já era assunto em todo o mundo do futebol, principalmente por conta do título inglês conquistado pelo United na temporada anterior.
Ronaldo, com apenas 22 anos, contribuiu para sua equipe com 17 gols e 15 assistências, sendo o terceiro na lista da artilharia da Premier League naquela temporada. Desta forma, a expectativa em torno do craque português crescia a cada dia, assim como seu desempenho.
Um começo complicado marcou o início da campanha na Premier League. A primeira vitória dos Diabos Vermelhos veio só na quarta rodada, em partida difícil contra o Tottenham. O triunfo embalou o time de Manchester, que engatou uma sequência de oito vitórias seguidas, entrando na briga pela liderança da competição.
E foi apenas na 19ª rodada que o United assumiu a liderança após uma vitória por 4 a 0 em cima do Sunderland, com direito à golaço de falta de Cristiano Ronaldo.
Aliás, foi nessa temporada que Ronaldo passou a marcar muitos gols de falta, inclusive um dos gols mais bonitos de sua carreira, justamente em uma cobrança de falta, na partida contra o Portsmouth.
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A facilidade pra marcar gols sempre foi um diferencial de Cristiano Ronaldo. Seu desenvolvimento atlético e sua capacidade de finalizar de diferentes formas fez de Ronaldo um dos atacantes mais completos do mundo.
Gols de cabeça, perna direita, perna esquerda, de falta, de fora da área, de pênalti – com perdão do trocadilho – era um “arsenal” completo. Na 22ª rodada, Ronaldo realizou um novo feito para sua coleção.
Em partida contra o Newcastle, o português anotou seu primeiro hat-trick com a camisa dos Diabos Vermelhos. A máquina portuguesa manteve o United firme na liderança da Premier League.
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Paralelamente à disputa do campeonato nacional, o United seguia em busca de seu maior objetivo para a temporada: a Liga dos Campeões. Logo na primeira fase, Cristiano Ronaldo enfrentou um desafio até então diferente em sua carreira.
O United haveria de encarar o Sporting, ex-clube de Cristiano Ronaldo, bem como Roma e Dynamo de Kiev. Nada que abalasse o desempenho do português.
Contra seu ex-clube foram dois gols, tanto no jogo em Old Trafford como na partida em Portugal, onde Ronaldo marcou mais uma vez um golaço de falta. Foram 16 pontos em seis jogos e classificação para às oitavas de final garantida.
A paixão de Cristiano Ronaldo pela Champions League é de longa data. Atualmente, em 2019, Cristiano Ronaldo ostenta o posto de maior artilheiro da história da competição com 127 gols.
Suas participações decisivas, principalmente em jogos de mata-mata, foram repetidas inúmeras vezes durante os anos. Não foi diferente na temporada 07/08. A partir das oitavas de final, Cristiano Ronaldo marcou gols contra todos os adversários que enfrentou, com exceção do Barcelona, na semifinal.
O Manchester United passou por Lyon, novamente por Roma e Barcelona, atingindo assim a tão esperada final europeia. O adversário seria seu rival local, o Chelsea.
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Coincidentemente, a batalha pelo título inglês seguia a pleno vapor, e a principal ameaça ao título do United também era o Chelsea. Os dois clubes chegaram a última rodada da Premier League empatados em número de pontos.
Apesar de estar na primeira colocação por critérios de desempate, o favoritismo com relação ao título inglês era quase todo do Chelsea, afinal jogaria em casa contra o Bolton enquanto o United visitaria o Wigan.
Porém, o favoritismo não foi o suficiente para que o Chelsea tirasse aquele título de Manchester. Os Blues não foram competentes o suficiente e apenas empataram com o Bolton.
Já o United não tomou conhecimento do Wigan e venceu fora de casa, com gol de Cristiano Ronaldo, garantindo, assim, o bicampeonato inglês. Festa e provocação por parte dos Diabos Vermelhos. Mas a principal partida da história entre os dois clubes ainda estava por vir.
No dia 21 de maio de 2008, Manchester United e Chelsea se enfrentaram pelo título de campeão da Europa daquela temporada. Muita coisa estava em jogo naquele confronto.
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Os minutos iniciais já mostraram que os dois times não estavam para brincadeira e fariam de tudo para levar o troféu pra casa. Cartões amarelos, jogador sangrando e muita discussão tomavam conta das ações daquela final.
Aos 26 minutos da primeira etapa, após boa tabela de Scholes e Brown pela direta, o zagueiro-lateral cruzou para a grande área e Cristiano Ronaldo subiu muito para cabecear no canto esquerdo de Petr Cech e abrir o placar para os diabos vermelhos. Primeiro gol de Ronaldo em uma final de Champions League!
A alegria vermelha não durou muito. Ainda no primeiro tempo, Essien arriscou um chute despretensioso de muito longe e, após desvio na zaga do United, a bola sobrou livre para Frank Lampard apenas tirar do goleiro Edwin Van der Sar e igualar o placar.
E assim seguiu-se até o final do tempo regulamentar e prorrogação, resultando em decisão por pênaltis para a definição do campeão. Ironicamente, após decidir tantas vezes em favor do United e ter grande responsabilidade pela ótima campanha até aquele momento, Cristiano Ronaldo perdeu seu pênalti.
Felizmente, para o gajo, o United conseguiu reverter a situação e levantou a taça pela terceira vez em sua história.
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Inegavelmente foi o primeiro grande ano de Cristiano Ronaldo, principalmente com relação a títulos. De quebra, o United ainda levou o Mundial de Clubes daquele ano. Ronaldo terminou a Premier League como artilheiro com 31 gols, à frente de Adebayor e Torres.
Na Liga dos Campeões não foi diferente. O craque português foi o artilheiro com oito gols, à frente apenas de caras como Drogba e Messi.
A grande coleção de prêmios individuais de Ronaldo também começou a crescer muito após seu desempenho na temporada 2007/2008. Cristiano foi considerado o melhor jogador pela Federação Internacional de Futebolistas Profissionais, além do prêmio de melhor jogador europeu da temporada dado pela Uefa.
O que mais seria possível conquistar? Para Ronaldo, havia um prêmio em especial que o fazia sonhar – e ele também veio nesta temporada. Ronaldo ganhou a Bola de Oura da revista France Football, a Chuteira de Ouro e o prêmio de melhor jogador do Mundo pela Fifa, seu primeiro até então. Apenas o segundo jogador a ganhar os três troféus em uma mesma temporada.
A passagem de Cristiano Ronaldo pelo Manchester United será lembrada para sempre. Por parte de Ronaldo, há um enorme respeito e gratidão por tudo que o clube fez pelo jogador. Toda essa parceria pode ser resumida em uma temporada perfeita: 2007/2008, o ano perfeito de Cristiano Ronaldo na Inglaterra!