Antes de pisar na Rússia para a disputa da Copa do Mundo de 2018, se a seleção inglesa chegasse nas quartas seria motivo de orgulho na Terra da Rainha. Ninguém imaginava que o time liderado por Gareth Southgate poderia chegar na semifinal.
Mas uma série de fatores que ninguém esperava se mostrou presente e eles voltaram para casa com o quarto lugar – melhor posição desde o título em 1966, empatando com 1990.
Mas a seleção inglesa continua seu projeto real, que é a Copa do Mundo de 2022, no Catar.
Abaixo, listo os supracitados fatores na Copa do Mundo da Rússia, além dos motivos para se alegrar com o futuro dessa seleção.
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Caminho teoricamente fácil
É claro que não se deve ser negligente com a facilidade encontrada na campanha até a semifinal. Panamá e Tunísia na fase de grupos, Colômbia desfalcada e Suécia não são seleções de força no futebol mundial.
Ao chegar na semifinal, porém, encontrou uma Croácia valente, talvez a equipe mais forte mentalmente do torneio.
Um confronto contra uma seleção sem muita tradição levou esperança para os ingleses de que iriam disputar a final neste domingo, 15. Todos sabemos o resultado final do embate.
Resumindo, o caminho até o quarto lugar só contou com uma seleção forte, a Bélgica. A Croácia tem seus méritos ao avançar, mas o real favorito do jogo era a Inglaterra.
Falhou em concretizar o favoritismo e voltou a encontrar os belgas na disputa pelo terceiro lugar. Poderia ser mais difícil.
Aplicação tática da seleção inglesa
Os traços do futebol moderno realmente chegam para todos. Quem diria que um time da Inglaterra evitaria as bolas rifadas do campo de defesa e contaria com um trio de zaga eficiente com a bola nos pés? Certamente nem o mais estudioso inglês da área.
Gareth Southgate, jovem para a função, chegou e mudou – bem como manteve – alguns esteriótipos envolvendo o futebol inglês.
O ‘time dos chutões' acabou e deu vez aos ball playing defenders, com Walker jogando ao lado de Stones e Maguire. O primeiro, inclusive, deu aula no quesito.
Os ‘chutões' deram vez ao passe direto e eficiente. Uma coisa é você mandar a bola ao ataque e ver o que acontece. Outra é saber o que vai acontecer. A equipe conseguiu extrair o máximo da ferramenta.
Um estereótipo, contudo, se manteve. Quem nunca ouviu o ditado ‘nada mais inglês do que vencer um jogo com um gol de cabeça'? Essa Copa ajudou a impulsionar esse dizer popular.
Oito dos 12 gols feitos no certame, oito foram provenientes de bola parada. Seriam nove se aquele segundo gol de Stones contra Tunísia não tivesse tido mais de três toques na bola, número limite para caracterizar um gol de set piece (bola parada).
Todo esse sucesso passa por Gareth Southgate, mas, principalmente, por Allan Russell, o treinador ofensivo da seleção inglesa. Segundo o treinador inglês, foi Russell quem colocou tempo e estudo para maximizar o recurso.
Além de tudo isso, o pragmatismo tático da seleção inglesa esteve presente no Mundial. A eficiência no quesito foi o que garantiu a passagem por esses times de menores tradição.
Não à toa Southgate é o primeiro técnico em tempos a ser adorado pela torcida inglesa. E ele é o tema do próximo tópico.
Gareth Southgate
Há muito não se tinha um treinador que caía nas graças da torcida e mídia inglesa. Parece que de Newcastle a Southampton, todos apoiam o técnico. E para quem chegou como o interino que tomou o posto principal, isso significa muito.
A juventude dele certamente dá certo com o caráter jovial dos selecionados por ele. É inegável que essa seleção ainda não atingiu seu auge – e seus principais atletas também não.
Em tempos de juventude e inteligência no futebol mundial ser tendência, Southgate se encaixa no perfil de sucesso para o futuro.
Seleção jovem
Jogadores como Raheem Sterling, Harry Kane, John Stones, Harry Maguire, Eric Dier, Jesse Lingard, Dele Alli, Jordan Pickford e Marcus Rashford são esperados que estejam no auge de suas carreiras quando a Copa do Mundo de 2022 chegar. Nada mais importante para a disputa de um Mundial como contenders.
Além deles, alguns nomes estarão no período mais experiente de suas carreiras. Kyle Walker e Danny Rose devem ser os líderes da campanha no Catar, por exemplo.
E é claro que todos esses atletas chegarão no Oriente Médio com a experiência de uma Copa do Mundo juntos – e que encheram os olhos de uma nação inteira. A responsabilidade será maior, mas a forma de lidar com ela também será diferente.
Além de todos esses nomes, não podemos esquecer dos jovens jogadores mais animadores que têm a Inglaterra como nação.
Jadon Sancho, do Borussia Dortmund, Phil Foden, do Manchester City, Angel Gomes, do Manchester United e Ryan Sessegnon, do Fulham, são alguns atletas que, se alcançarem o que se espera, estarão no time de Southgate.
União
Esse grupo de jogadores tem algo que aquela geração de ouro não tinham: a amizade. Durante todo o torneio, ficou claro como os selecionados se dão bem dentro e fora de campo. Quem não riu com a brincadeira de Walker no Twitter com Maguire na foto que virou meme?
Se antigamente os jogadores mal se falavam na concentração e treinamentos, como já apontaram Steven Gerrard, Frank Lampard e Rio Ferdinand, hoje em dia o clima certamente é outro. E esse, amigos, é um fator fundamental para que um grupo atinja seus objetivos.
Com todos os fatores reunidos, conseguimos ter uma ideia do porquê da Inglaterra ter ido tão longe na Copa da Rússia, mas, acima de tudo, mostram que em 2022 podem conquistar ainda mais.