Por que a compra do Everton pela 777 Partners ainda não foi concluída?

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Já faz mais de longos seis meses que o empresário iraniano Farhad Moshiri, atual dono do Everton, anunciou que havia fechado um acordo de venda do clube para a 777 Partners, empresa detém a maior parte das ações do Vasco da Gama e de mais clubes ao redor do mundo.

A expectativa inicial é que o negócio fosse concluído e autorizado pela Premier League e órgãos financeiros do futebol inglês ainda em 2023. Mas, um semestre depois do anúncio, a venda ainda não foi oficializada.

Desde então, o clube já passou por uma dedução de pontos por quebra de regras do fair play financeiro, tem lutado para fugir do rebaixamento e sobrevive financeiramente a partir de empréstimos da empresa americana antes mesmo de a compra ser sacramentada.

Mas, afinal, o que falta para a 777 Partners ser oficializada como a nova dona do Everton? O site inglês “The Athletic” publicou a explicação e a PL Brasil traz para você os principais pontos.

Relembre as dificuldades que poderiam barrar a compra do Everton

É importante lembrar que mesmo, que o negócio tenha sido anunciado por Moshiri em setembro, ainda era necessário aguardar a aprovação regulatória da Premier League, da Associação de Futebol da Inglaterra (FA) e da Autoridade de Conduta Financeira, órgão que regula as transações no futebol inglês. Na teoria, esse processo demoraria cerca de 12 semanas.

No entanto, desde o início já havia expectativa de que esse tempo poderia se estender devido à empresa escolhida para ser a compradora. A falta de clareza sobre a fonte financeira da 777 e as suspeitas de fraude que rondam a corporação poderiam não apenas prolongar a sabatina feita pela PL, mas até mesmo barrar a concretização do negócio.

A suposta carta com condições da Premier League

A última atualização do caso foi a carta supostamente enviada ao Everton depois de uma reunião entre a 777 e representantes da Premier League no início de março. O documento veio a público por meio de uma reportagem publicada pelo site norueguês “Josimar Football” — o mesmo que trouxe à tona denúncias suspeitas das atividades da empresa nos últimos meses.

Nessa carta, a Premier League teria dito que aprovaria o acordo de venda, mediante o cumprimento de algumas condições. As principais delas incluem:

  • Transformar os empréstimos ao Everton, que chegam a mais de 150 milhões de libras (R$ 944,2 milhões), em capital;
  • Reembolsar, até abril, o grupo norte-americano MSP Sport Capital um valor semelhante ao do empréstimo que a empresa havia concedido ao Everton;
  • Comprovar a existência de valores suficientes para financiar o restante do projeto do novo estádio do Everton, conforme o acordo firmado com Moshiri em setembro de 2023;
  • Colocar fundos em uma conta de garantia para manter o clube funcionando até o final da temporada.
777 everton goodison park
777 Partners está em processo de compra do EVerton (Foto: Icon Sport)

Até o momento, nada foi dito de forma pública por nenhuma das partes envolvidas, já que esse é um processo confidencial. No entanto, fontes próximas à 777 comentaram o caso ao “The Athletic” sob anonimato.

Elas sugeriram que os donos da empresa “permanecem confiantes em atender às demandas da liga” e “ressaltam que já haviam concordado em pagar o empréstimo da MSP, que vence em abril, e há muito se comprometeram a transformar seus próprios empréstimos ao clube, em capital, caso o negócio seja concretizado”.

Há previsão de quando a compra será oficializada?

A Premier League ainda não decidiu se aprova ou rejeita o acordo, mas já recebeu críticas. A falta de comunicações oficiais claras (por causa do acordo de confidencialidade) e o atraso de mais de três meses sobre a resolução são algumas das reclamações.

Espera-se que uma decisão definitiva da Premier League seja divulgada em abril.

O próximo passo é aguardar um sinal da liga informando se aprova ou rejeita a 777. Em seguida, o assunto será encaminhado a “um painel de supervisão independente que verificará se o devido processo foi seguido”. Espera-se que este processo final leve cerca de uma semana.

O veículo aponta ainda que todos os envolvidos têm pressionado a Premier League para uma resolução rápida, já que o futuro do novo e caro estádio, dos salários dos funcionários e da próxima janela de transferências do clube dependem disso.

Por fim, um último ponto que explica a demora da PL é o fato de que a liga passou os últimos meses focada na checagem dos balanços dos clubes para aplicar sanções aos que infringiram as regras do fair play financeiro. Dos times da atual temporada da Premier League, além do Everton, o Nottingham Forest foi punido.

Maria Tereza Santos
Maria Tereza Santos

Jornalista pela PUC-SP. Na PL Brasil, escrevo sobre futebol inglês masculino E feminino, filmes, saúde e outras aleatoriedades. Também gravo vídeos pras redes e escolhi o lado azul de Merseyside. Antes, fui editora na ESPN e repórter na Veja Saúde, Folha de S.Paulo e Superesportes.