Matheus Cunha é possivelmente o jogador brasileiro de mais impacto na atual edição da Premier League. E isso tem feito com que seja um nome pedido na seleção brasileira.
Com uma escassez de centroavantes que se firmaram na Seleção nos últimos meses, o camisa 10 do Wolverhampton pode receber uma chance de ouro. E a PL Brasil analisa como o atacante tem jogado, em que posição poderia atuar com a amarelinha e o que ele pode levar ao time de Dorival Júnior.
Como tem sido a temporada de Matheus Cunha?
O brasileiro é, de longe, o principal jogador do Wolverhampton na temporada. Sem ele, o time estaria em uma situação ainda mais difícil.
Nos Wolves, Matheus é:
- O artilheiro, com 13 gols — quase o dobro do segundo colocado (7);
- O jogador com mais assistências esperadas (4,34);
- Quem mais chuta a gol por jogo (3,2), mais do que duas vezes mais do que o segundo colocado (1,5);
- O jogador com mais chances criadas (12), três vezes mais do que o segundo colocado (4);
- Quem tem mais dribles certos por partida (1,9).

Em um comparativo em toda a Premier League, o camisa 10 é o brasileiro com mais gols no campeonato e sétimo artilheiro de toda competição.
Para efeito de comparação, em toda a temporada anterior na Premier League, Cunha marcou 12 gols e deu sete assistências. Com 12 rodadas para o fim da campanha, ele está a apenas dois envolvimentos em gols atrás desse número.
A mudança de posição que mudou tudo
Matheus Cunha já jogou em diferentes posições ao longo da carreira. Esteve na ponta pela esquerda, foi segundo atacante atrás de um camisa 9 mais físico, foi centroavante solitário… E ainda não tinha se achado por completo.
Isso mudou quando, na atual temporada, passou a ocupar mais posições de “camisa 10”, mas não no estereótipo clássico da posição — aquele meia lento, que pouco se mexe e “só faz a bola correr”.
Matheus se tornou um camisa 10 moderno: dinâmico, veloz, driblador, que cria com passes, corridas sem bola e leva perigo com finalizações.

Com Vítor Pereira, os Wolves mudaram em definitivo para o 3-4-2-1, e o brasileiro é um dos dois meias atrás de um centroavante mais avançado. No entanto, está em um ataque com trocas de posição, o que o ajuda ainda mais.
Geralmente, o centroavante do Wolverhampton desce para ser pivô e ajudar na circulação da bola pelo meio, enquanto Matheus faz o caminho contrário — ataca a profundidade nas costas da defesa. Isso o coloca em posição de receber lançamentos constantemente.
Em um time veloz e vertical como os Wolves, é a forma mais efetiva de chegar ao gol adversário. E quando em ataque posicional, Matheus é um dos meias que recebe a bola no pé e combina com triangulações pelo lado esquerdo, com o ala ou o centroavante.
Como Matheus Cunha pode jogar na seleção brasileira?
Na última Data Fifa, em novembro do ano passado, o Brasil acabou com dois empates e saiu vaiado. Ainda assim, há um padrão no time de Dorival Júnior.
A Seleção joga em 4-2-3-1, e nos últimos jogos, Raphinha foi o “camisa 10”, com Vinicius Júnior tendo responsabilidades criativas não tão colado na lateral e Igor Jesus, o centroavante, descendo para o meio para ajudar a circulação.
Matheus Cunha é um jogador melhor do que Igor Jesus em praticamente todos os aspectos. E esse trabalho de ser influente com a bola no meio, entrelinhas, é uma de suas melhores características.

A combinação de contra-movimentos é o que Dorival possivelmente coloca como a finalidade do ataque brasileiro: o centroavante desce, e outros meias e até mesmo Gerson, volante, ocupam esse espaço.
No Wolverhampton, Matheus faz o contrário: ele é o meia que avança para aproveitar o espaço. Mas, ainda assim, pode ser muito capaz de sair da área para povoar o meio.
Ainda assim, é importante ressaltar que são funções diferentes. Estar em um lugar é diferente de chegar dele. Ser meia não significa necessariamente jogar no meio.
O atacante da seleção brasileira, por exemplo, joga bastante pelo meio, mas ele chega a essa parte do campo de forma diferente — de costas para o gol, de frente para o passe.
Matheus está mais acostumado, quando pelo meio, a receber a bola de lado para o gol ou de frente. Seu jogo de costas não tem sido tão explorado assim, e é um jogador mais explosivo em movimentos verticais.
Bruno Guimarães ou André, por exemplo, são jogadores que recebem a bola de costas para o gol adversário e têm como grande característica girar sobre a marcação para avançar. É em outro momento do jogo e do campo, mas são características diferentes.

O ataque posicional da seleção brasileira se mantém em 3-2-5, como na época de Tite. Nessa configuração, a melhor posição para Matheus Cunha está sendo ocupada atualmente por Vinicius Júnior ou Raphinha.
Dorival não tiraria dois dos principais brasileiros da atualidade para encaixar o destaque dos Wolves, mas é onde ele teria mais potencial de render. Faria algo muito parecido com o que faz na Premier League em termos de movimentação e teria um leque maior de opções de impactar o jogo.
Como camisa 9, Cunha pode gerar mais jogo quando descer pelo meio, ser mais ágil para fazer combinações rápidas e dar mais possibilidades para a movimentação dos atacantes do que os centroavantes que Dorival vinha testando.
Matheus Cunha merece a vaga na seleção brasileira — e até mesmo a titularidade, por que não? Mas, ainda assim, corre o risco de ser mais um queimado pelo público comum se não marcar gols e ser incompreendido.