O último dia da janela de transferências internacional foi bastante movimentado na Inglaterra, com o Fulham tendo papel fundamental nessa agitação. Das 11 contratações feitas pelo clube, três chegaram no deadline day.
Ruben Loftus-Cheek foi quem recebeu maior destaque. Formado na base do Chelsea, o meio-campista pode dar outra dinâmica para os Cottagers. Mas, é a dupla restante quem pode realmente mudar o patamar da equipe londrina.
Joachim Andersen e Tosin Adarabioyo chegam no Fulham para reforçar um dos setores mais precários da equipe: o miolo da zaga. Mas, como os jovens zagueiros podem se encaixar no sistema de Scott Parker? É esta pergunta que a PL Brasil irá tentar responder hoje.
Peças disponíveis no elenco do Fulham
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Vencedor dos playoffs da Championship, o Fulham terminou a última temporada na quarta colocação da liga. Foi um dos times mais regulares na competição e justamente por isso conseguiu obter o quarto maior rendimento defensivo. Levou 48 gols em 46 partidas disputadas, tendo uma média 1,04 por jogo. Foram os atuais jogadores do elenco que conseguiram esse resultado positivo.
Michael Hector, Maxime Le Marchand e Tim Ream estavam no time que subiu para a Premier League. Contribuindo, dessa forma, com sua experiência na segunda divisão e fizeram parte do pilar de uma boa defesa. Com eles, ainda havia Alfie Mawson, que nesta época estará emprestado ao Bristol City.
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Dos três que permaneceram, Le Marchand foi quem menos atuou na última temporada. Jogou somente três vezes como titular e outras 11 saindo do banco de reservas. Por isso, seus números defensivos não foram os melhores da equipe. Teve média de um desarme por partida, 0,7 em interceptações e também em rebatidas.
Hector, por sua vez, obteve uma regularidade maior. Foram 23 partidas como titular e nelas conseguiu obter a marca de ser o 5º maior ladrão da equipe (1,3 de média). Em interceptações (0,9) conseguiu melhor desempenho que Le Marchand, mas foi em rebatidas que o inglês realmente se destacou. Hector foi líder do Fulham no quesito, com média igual a 4,8.
Tim Ream, no entanto, foi o grande destaque do centro da zaga. Não por obter os maiores números, mas por ser o mais constante de todos os jogadores. Atuou em praticamente todos os jogos da liga e com isso conseguiu uma média de 0,7 em interceptações e desarmes. Em rebatidas também foi bem, afastando o perigo em quase três vezes por jogo (2,9).
Mas, se a defesa do Fulham foi bem na última Championship, por que o clube precisaria de novos zagueiros?

A situação atual da defesa do Fulham
Um fato pode rapidamente responder a pergunta do tópico anterior: o número de peças. Poderíamos falar sobre a diferença de intensidade da segunda para a primeira divisão. Ou em como Le Marchand e Ream não se provaram na última PL que disputaram pelo clube. Mas, até esses seriam suplantados pelo grande detalhe de que não é possível jogar uma liga com apenas três zagueiros.
A idade destes integrantes também compromete. Le Marchand está atualmente com 30 anos e Tim Ream, com 33. Hector é o mais novo, com 28, mas não é um sinal de renovação do clube para as próximas temporadas. A média alta de idade na zaga traz a experiência desejada. Mas, ao disputar partidas com atacantes de grande explosão é preciso ter um vigor que nem sempre o corpo permite.
Das partidas feitas pelo Fulham na Premier League 2020/2021, as bolas cruzadas na área foram frequentes. Por vezes, Ream e Hector não conseguiram afastar o perigo. O americano, em dois dos gols levados pelo time, chegou a se enrolar com a bola nos pés dentro da área. Dessa forma, o time sofreu gols que teriam amenizado a situação atual do clube.
A inversão de jogo feita pelos adversários também têm sido uma arma. Como o time marca em bloco, por vezes é possível ver um rival se infiltrando pelas costas do lateral ou no espaço entre este e o zagueiro. Foi assim que levaram gols em quase todas as partidas da PL até o momento. Os dois últimos gols na derrota para Leeds United servem como exemplo deste problema.
O que Andersen e Adarabioyo podem fazer pela defesa do Fulham?
Como visto, a defesa do Fulham tem uma série de problemas. Outros ainda poderia ser citados e aprofundados, como a falta de cobertura para a linha de defensiva. Porém, nem a chegada da dupla de zaga poderia solucionar essas falhas. Portanto nos atemos apenas que Adarabioyo e Andersen podem ajudar.
Primeiro, a dupla acrescenta em números. Com cinco zagueiros disponíveis, Parker pode equilibrar as oportunidades no elenco. Além disso, o técnico pode aplicar melhor uma variação defensiva com uma linha de três – como a que utilizou contra o Leeds.
Andersen (24) e Adarabioyo (23), também trazem uma jovialidade necessária para o Fulham. São jogadores que ainda não tem experiência na Premier League, mas que podem ser moldados para o futuro. O dinamarquês chegou por empréstimo do Lyon, da França, mas se ajudar na permanência dos Cottagers na primeira divisão pode ter seu passe comprado.

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Agora, mais do que uma previsão para as próximas temporadas, a dupla de zaga pode solucionar problemas no agora. Individualmente, Adarabioyo e Andersen tem números melhores do que os das peças presentes no elenco do Fulham. E principalmente no fundamento de rebatidas.
Enquanto apenas Hector ultrapassa a marca de 4 afastamentos por jogo, de acordo com dados da última temporada, Ream atinge apenas 2,9. Esse tem sido um problema na Premier League e os novos contratados têm números expressivos neste quesito. Adarabioyo na última Championship chegou a média de 4,7, enquanto na Ligue 1 Andersen teve 4,1 mesmo com poucas oportunidades.
Além de afastar bem o perigo Tosin teve bons números em interceptações (1,9), superando qualquer jogador do atual elenco. Parte disso se deve a sua velocidade garantida por uma passada larga, afinal o jogador conta com 1,90m de altura. Andersen, por sua vez, tem boa capacidade de desarmes (0,9) por consequência da força que possui – além de boa leitura das jogadas.
Ambos ainda vem com um adicional ofensivo. Tanto Adarabioyo quanto Andersen contam com bom passe para saída de bola. O inglês sabe aproveitar bem as saídas curtas e tem um bom drible (83% de média de acertos), além da velocidade. Já o dinamarquês tem ótimo passe longo, podendo ser uma arma quando acionar o pivô de Aleksandar Mitrovic.
A adaptação e a atenção de Scott Parker para o sistema defensivo serão dois pontos cruciais para o sucesso da nova dupla. Andersen e Adarabioyo podem elevar o nível do Fulham, mas só com a sequência do campeonato é que veremos se os jogadores estarão em seu maior nível de competição.
Estatísticas: Whoscored e SofaScore
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