Com uma boa defesa, West Ham faz temporada surpreendente

Na temporada 2019/2020, o West Ham de David Moyes enfrentou vários problemas, sobretudo na defesa. Assim, além das inúmeras dificuldades ofensivas do time, chamou muita atenção a fragilidade defensiva que a equipe apresentava.

Resultado disso foi a briga contra a queda para a Championship até as rodadas finais e o mísero 16º lugar, condizente com o futebol então apresentado pelos Hammers. Já nesta temporada, pelo menos por enquanto, a história é outra.

Atualmente a equipe se encontra na 5ª posição, com uma das defesas mais sólidas da liga. E isso passa muito pelo sistema defensivo aprimorado por Moyes.

David Moyes
Gareth Copley/Getty Images

A ótima defesa do West Ham na PL 2020/2021

Números defensivos

Começando pelos números mais básicos, a melhora já fica nítida. Na Premier League de 2019/2020, o West Ham foi o dono da 4ª pior defesa da competição, com 62 gols sofridos e uma média, assim, de 1,6 gol em sua meta por jogo.

Em contrapartida, nessas dez primeiras rodadas os Hammers possuem a 5ª melhor defesa, com apenas 11 gols sofridos – uma média, portanto, de 1,1 gol por jogo. Assim, até aqui o time tomou menos gols que equipes como Leicester Arsenal, Liverpool e Manchester United.

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Melhora do West Ham na defesa de área

Talvez o principal ponto a ser destacado é o que chamamos de proteção de área. A ideia consiste em ceder menos finalizações para o adversário na grande área, concedendo menos infiltrações e rebatendo mais bolas. Nisso, o West Ham vem muito bem.

Na edição passada do Campeonato Inglês, o time concedeu 501 finalizações ao longo de toda a temporada,  uma média aproximada de 14 finalizações por jogo. Desse número total, 301 finalizações foram de dentro da área, o que dá uma média de nove finalizações perto da meta do Lukasz Fabiánski a cada partida. Ou seja, 68% das finalizações que o time sofreu foram de dentro da área.

Os pilares da boa defesa do West Ham na PL 2020/2021
Catherine Ivill/Getty Images

E o cenário mudou consideravelmente. Nesta edição, até aqui, o time concedeu apenas 109 finalizações, o equivalente a 10.9 por jogo. Desse número, 62 arremates ao gol foram de dentro da área, em uma média de 6.2 por partida. Assim, isso mostra que somente 56% das finalizações concedidas foram próximas da meta do goleiro polonês.

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Quais as causas dessa evolução?

É sempre muito perigoso atribuir uma melhora ou piora de uma equipe baseada exclusivamente no esquema tático, visto que ele nada mais é que um ponto de partida dos jogadores. Mas a mudança um tanto radical para o esquema com três zagueiros tem sim uma parcela considerável de responsabilidade por essa evolução.

O West Ham vem atuando em um 3-4-3, que em grande parte das vezes se transforma em um 5-4-1, já que o time passa grande parte do tempo sem a bola, defendendo-se em seu próprio campo. Em função disso, os Hammers têm a 4ª pior média de posse de bola em todo o campeonato.

Com uma boa defesa, West Ham faz temporada surpreendente
Nigel French – Pool/Getty Images

Por outro lado, com Aaron Cresswell virando zagueiro pela esquerda, Angelo Ogbonna por dentro e, especialmente, o ingresso de Fabián Balbuena na direita, o time ganhou solidez. Para se ter uma ideia, o zagueiro paraguaio é o líder em cortes por jogo em toda a liga, com 5.9. Reforçando a última linha de defesa e com muita compactação de todo o time, furar o bloqueio da equipe londrina virou uma missão árdua para os adversários.

Para se ter uma ideia, a equipe de Moyes já enfrentou Manchester City e Liverpool na competição. No empate contra o City, fez um jogo muito aplicado e anulou o ataque dos Citizens na primeira etapa, que só finalizou cinco vezes.

Já contra os Reds, em Anfield, durante o jogo todo o time cedeu apenas 9 finalizações ao atual campeão inglês, além de ter perdido um gol nos minutos finais de partida. Tudo isso com índices muito baixos de posse de bola (30% e 28%, respectivamente).

Fabián Balbuena, atual destaque da defesa do West Ham, em disputa com Sadio Mané, do Liverpool
Jon Super – Pool/Getty Images

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Além do reforço na linha defensiva e a compactação de seu bloco, a equipe possui jogadores bem eficientes para pressionar e isso faz uma grande diferença. Citando dois, Michail Antonio e Declan Rice são pilares reconhecidos.

Antonio, além de ter uma boa cota de gols desde a reta final da temporada passada, é um jogador de muita intensidade para incomodar os zagueiros e muitas vezes forçar o chutão para o campo de ataque. Tem muita vitalidade.

E vitalidade também não falta para Rice, o capitão de apenas 21 anos. O volante tem uma precisão absurda para ler as ações dos atacantes e interceptá-los. Seu tempo de bola e sua capacidade de desarme chamam a atenção, sendo assim fundamental para essa proteção da entrada da área.

Com uma boa defesa, West Ham faz temporada surpreendente
Neil Hall – Pool/Getty Images

Perspectivas para o restante da temporada

É sempre difícil fazer esse tipo de previsão em uma liga tão longo e competitivo, sobretudo agora que o calendário, que já era árduo, está ainda ingrato. Mas, de todo modo, é fato que o trabalho de David Moyes nesta temporada vem sendo satisfatório. Como pede a função de um técnico, identificou um problema e agiu especificamente para solucioná-lo.

Nos próximos, caso tenha poucos problemas de lesão, e com os jogadores mantendo esse nível de atuação, a tendência é que o time passe por uma temporada bem mais tranquila em relação à passada. Se talvez falte brilhantismo, de uma coisa o torcedor Hammer certamente não pode reclamar: falta de solidez.

  • Fonte para os dados utilizados ao longo do texto: SofaScore

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Iúri Medeiros
Iúri Medeiros

Paulista, estudante de jornalismo na faculdade Cásper Líbero, apaixonado por futebol e um louco por futebol inglês