Senise: Com torcedores revoltados, estreia do Tottenham em casa na Premier League terá protestos

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O Tottenham jogará em casa pela primeira vez na temporada neste sábado (19). Foram mais de 3 meses de espera. E há uma infinidade de motivos para que a partida esteja cercada de curiosidade entre torcedores e mídia: clássico contra o Manchester United, todos querendo saber como será o clima no primeiro jogo em Londres depois da saída de Harry Kane, qual será a recepção da torcida ao novo técnico Ange Postecoglou, que postura o time terá atuando como mandante sob o novo comando.

Como de costume, a belíssima arena estará lotada. Cerca de 62 mil torcedores presentes. Mas, se engana quem pensa que eles estarão tranquilos e felizes. Muito pelo contrário.

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Tottenham Hostpur stadium cabe mais de 62.850 mil pessoas (Foto: IconSport)

Dois protestos estão marcados para acontecerem antes da partida, nas imediações do estádio. O mais importante, e que com certeza irá atrair mais gente, é contra os valores abusivos dos ingressos.

Os preços para esse jogo contra o Manchester United variam entre 65 e 103 libras (R$ 411 a R$652).

Isso porque o Manchester United está na Categoria A de partidas, assim como Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City e Newcastle. Só para se ter uma ideia, o valor desse ingresso subiu £17 (R$ 107) nessa temporada.

Os jogos “menores”, divididos entre Categoria B e Categoria C, também tiveram aumento, mas um pouco menor. A estimativa é de que a alteração no preço gere um aumento de £2,5 milhões (R$ 15 milhões) nas receitas do clube.

Mas, para onde esse dinheiro vai?

Essa é a resposta que os torcedores exigem, já que na opinião deles, o investimento em reforços é bem abaixo do esperado. Tem mais. Esse valor é para os sócio-torcedores. E eles ainda precisam pagar a anuidade do plano, que varia entre £807 (R$ 5.113) e £2.223 (R$ 14.085).

O sócio-torcedor do Tottenham é o segundo mais caro de toda a liga!

Só o Arsenal cobra mais de seus apaixonados e sofridos seguidores. Uma das justificativas da diretoria dos Spurs é de que o estádio está entre os mais bonitos e modernos do mundo. Verdade, convenhamos.

Mas é difícil convencer os torcedores de que nas últimas temporadas eles têm pagado mais para ver Eric Dier, Sessegnon e Ben Davies do que os fãs do City, por exemplo, desembolsam para acompanhar Haaland, De Bruyne e cia. Aliás, o plano mais barato do City é de £385 (R$ 2.440), menos da metade que o do Tottenham!

Para dar uma resposta ao descontentamento crescente nas arquibancadas, tanto em relação aos preços quanto pelo desempenho da equipe nas últimas temporadas, o Tottenham criou o Club’s Fan Advisory Board (em português, algo como Conselho Consultivo dos Torcedores). Ficou decidido que serão realizados quatro encontros por ano entre membros da diretoria do clube e representantes da torcida dos Spurs. As atas dessas reuniões são disponibilizadas no próprio site do clube. 

No começo do mês, aconteceu a segunda reunião de 2023. E, para surpresa de muitos, na ata não houve nenhuma citação ao valor pago nos ingressos. Horas depois, já se começou a organizar o protesto no primeiro jogo da temporada em casa. 

Protesto 2: revolta contra a atual diretoria do Tottenham

Mas, não é só isso. Haverá outra manifestação nesse sábado. Quatro horas e meia antes do jogo, os torcedores irão se encontrar na frente da loja oficial do clube para o protesto (mais um) intitulado ENIC Out. Torcedores exigindo que o conglomerado que comprou o Tottenham em 2001 vendam o clube.

A enorme maioria reconhece que, até 2018, houve evolução. Os Spurs chegaram na final de Champions League, inauguraram o estádio novo, viraram frequentadores assíduos da Champions League. Mas, de lá pra cá, um conjunto de escolhas erradas fez o clube andar para trás. E, além de tudo, apenas uma taça conquistada em mais de 20 anos sob o comando da ENIC, e uma mísera Copa da Liga Inglesa. 

Está claro que os torcedores não estão nada contentes com a atual diretoria. E se até o final da temporada não chegar um atacante de peso para substituir Harry Kane, a insatisfação ficará ainda maior.

Renato Senise
Renato Senise

Renato Senise é correspondente em Londres desde 2016. São mais de cinco temporadas cobrindo Premier League e Champions League. No currículo, duas Copas do Mundo “in loco”, além de entrevistas com nomes como Pep Guardiola, José Mourinho, Juergen Klopp, Marcelo Bielsa, Neymar, Kevin De Bruyne e Harry Kane.