Meio-campo da Seleção na Copa de 2026 passará pela Premier League

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A primeira convocação do técnico Dorival Júnior na seleção brasileira contou com 10 nomes da Premier League. Destes, seis atuam no meio-campo. Quase todos fazem grande temporada. E se você pensa no cenário daqui dois anos, na Copa de 2026, é difícil imaginar que vá sair muito disso. Ao que tudo indica, o meio-campo passa quase que inteiramente pelos jogadores que estão no futebol inglês. E olha que ainda tem o Joelinton machucado. 

A começar por Casemiro

Passou um bom tempo machucado. Nesse período, o Manchester United colecionou tropeços. Despencou na tabela da Premier League.

Só foi ele voltar que o time comandado por Ten Hag engatou cinco vitórias seguidas. Entrou definitivamente na luta por uma vaga na Champions League. Casemiro pode estar mais velho (32 anos), mas continua dominando o meio-campo. Além disso, é a experiência em meio a muitos jovens chamados para o setor.

Manchester United
Casemiro pelo Manchester United (Foto: Icon Sport)

E só mais um detalhe importante: desde que pisou na Inglaterra, passou a fazer gols como nunca. Na temporada passada, foram seis. Maior marca de toda a carreira. Na atual, já são cinco. E em apenas 19 jogos!

Vi muita gente falar coisas como “adoro o Casemiro, mas já deu”. Discordo. Na hora que aperta, se eu puder ter o Casemiro de 32 anos no meu time, terei sempre.

Nenhuma convocação foi mais justa do que a de Douglas Luiz

O cara que está voando desde o início da temporada, e ninguém conseguia entender porque não vinha sendo incluído nas listas.

Douglas Luiz Aston Villa
Douglas Luiz comemorando gol pelo Aston Villa (Foto: Icon Sport)

Douglas, junto com Ollie Watkins, o jogador mais importante do Aston Villa, que ocupa a quarta colocação do campeonato mais difícil do mundo. Lidera, desarma, passa, ajuda o ataque. E faz gols. Muitos! Já são 10 nessa temporada, quase o dobro do que fez na temporada que mais havia marcado até então. Ainda virou um exímio batedor de pênalti, algo que não se vê muito no restante do elenco da seleção. 

João Gomes é a grata surpresa da lista.

E quando digo surpresa, é porque uns quatro meses atrás, ninguém o colocaria entre os 26 chamados. Mas o que esse menino de 23 anos vem fazendo é sacanagem. Virou titular com sobras do Wolverhampton, uma equipe que está jogando muito mais do que o esperado.

João Gomes Wolverhampton
João Gomes aplaude com a camisa do Wolverhampton (Foto: Icon Sport)

Forte fisicamente, com personalidade, rápido, com ótima visão de jogo e noção de posicionamento. Parece que está na Premier League há muitos anos. E aí veio aquela apresentação de gala contra o Tottenham, em Londres. Marcou dois gols e deu show. Se existia alguma dúvida de que ele merecia ser lembrado, ela acabou duas semanas atrás.

E Bruno Guimarães?

Dos seis meio-campistas, acho Bruno é o que está mais distante do que já apresentou no auge, que foi na temporada passada. Mas ele é tão bom, que o longe do auge ainda é muito acima da média.  Sem atuar no seu mais alto nível, já fez três gols e distribuiu seis assistências em todas as competições. Impossível mensurar o quanto o futebol dele “caiu” por causa do momento ruim do Newcastle, que tem temporada bem abaixo do esperado.

Bruno Guimarães Newcastle
Bruno Guimarães com a camisa alternativa do Newcastle (Foto: Icon Sport)

Mas, dentro desse time irregular, é com certeza um dos mais constantes. Se não está dando show, continua sendo competente e eficiente. Por isso, segue como titular absoluto no time do norte da Inglaterra.

O Andreas Pereira, quietinho, sem alarde, se firmou no Fulham.

É outro que faz um grande ano. Aliás, já mostrou muita qualidade na temporada passada, quando chegou no time de Londres. Dos seis meio-campistas do futebol inglês chamados pelo Dorival, acho o menos talentoso.

andreas pereira arsenal x fulham
Andreas Pereira em ação pelo Fulham na Premier League (Foto: Icon Sport)

Mas tem muitos aspectos que fazem brilhar os olhos de todos os treinadores que passam pela seleção: é versátil, podendo fazer tanto a função mais marcadora, quanto a mais dedicada a organizar o time. Joga centralizado, mas também dá trabalho para as defesas adversárias nos lados do campo. Finaliza bem de fora da área. E SEMPRE demonstrou muita vontade de defender a seleção.

Lucas Paquetá, o que mais tem me impressionado

Eu já sabia que o Lucas Paquetá era bom, só que o que ele tem feito no West Ham, é digno de aplausos. Classe, qualidade, inteligência. Os passes que tem encontrado, os lançamentos que tem achado, os gols que tem feito. E olha, ainda passou bom tempo machucado! Foi ele se lesionar que o time londrino se perdeu. Paquetá voltou, o West Ham reencontrou o caminho das vitórias.

Em tempos em que seleção brasileira não tem aquele camisa 10 clássico, não há nenhuma dúvida que Paquetá é a melhor opção para organizar o time, e fazer grandes atacantes como Vini Júnior e Rodrygo jogarem. 

Lucas Paquetá
Lucas Paquetá comemora pelo West Ham (Foto: Icon Sport)

OPINIÃO: Acho que o meio titular no primeiro jogo de Dorival Júnior será formado por Casemiro, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá. São os três com mais tempo de seleção e mais temporada em alto nível na Europa. Se houver algo diferente disso, acredito que será o Douglas Luiz no lugar do Bruno Guimarães. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lucas Paquetá
B. Guimarães (D. Luiz)
Casemiro
 
 
 
 
 

GRANDE AUSÊNCIA: Esperava ver o Murillo na lista. Faz excelente temporada no Nottingham Forest. Chegou sem nenhum alarde, logo ganhou a vaga de titular, e não saiu nunca mais. Aos 21 anos, tem tudo para chegar em 2026 voando. Mas, ao contrário daqueles que vivem criticando todas as decisões dos treinadores que passam pela seleção, não acho uma aberração. Beraldo, por exemplo, é uma ótima aposta, e muito jovem também (20 anos).

Marquinhos é o experiente do setor, apesar de nem ser velho ainda (29 anos). Repare que ele chamou pelo menos um da “velha guarda” por setor (Ederson no gol, Marquinhos na defesa, Casemiro no meio e Richarlison no ataque). E aqui, quando digo velha guarda, me refiro a atletas que defendem regularmente a seleção há mais de cinco anos. O Murilo, do Palmeiras, é uma surpresa. Mas, pelo que tem feito no Palmeiras nas últimas temporadas, impossível dizer que é injusto. 

Renato Senise
Renato Senise

Renato Senise é correspondente em Londres desde 2016. São mais de cinco temporadas cobrindo Premier League e Champions League. No currículo, duas Copas do Mundo “in loco”, além de entrevistas com nomes como Pep Guardiola, José Mourinho, Juergen Klopp, Marcelo Bielsa, Neymar, Kevin De Bruyne e Harry Kane.