Quando Julián Álvarez chegou no Manchester City, a grande pergunta era: mas como ele vai jogar, se o clube acabou de contratar Erling Haaland? Na imprensa inglesa, existia até a especulação de que poderia ser emprestado para outro time, para ganhar mais rodagem e experiência.
Mas ele ficou. E realmente, na primeira temporada, entrou em campo menos do que gostaria. Foram 48 partidas, a grande maioria saindo do banco. Em média, ficou 52 minutos em campo em cada uma das participações. Mas os números foram ótimos: 17 gols e 4 assistências.
No meio da temporada, foi para a Copa do Mundo. Começou no banco, mas o garoto é realmente bom. Virou titular e fez quatro gols em sete partidas. Voltou do Catar com a medalha de ouro e muita moral. Mesmo assim, em nenhum momento reclamou da falta de minutos em campo. Muito pelo contrário: trabalhou, melhorou, aprendeu. Já chegou na Inglaterra como um grande jogador, mas em pouco tempo, evoluiu ainda mais.
Nessa temporada, as coisas já são diferentes. Álvarez, agora com 23 anos, joga quase toda partida. E de titular.
O jovem e talentoso Julian Álvarez é mais uma prova da genialidade de Pep Guardiola
Com a lesão de De Bruyne, o treinador espanhol fixou o argentino em uma posição mais recuada. Algo que já aconteceu na temporada passada, mas agora de maneira definitiva. E o garoto está simplesmente voando.
Os números? Quatro gols e três assistências em oito partidas. Nesta terça-feira, com o Manchester City perdendo em casa na estreia da Champions League, foi lá e marcou dois gols, garantindo a virada e a tranquilidade para os atuais campeões.
Estive no London Stadium no último sábado. Vi, mais uma vez, um jogador extremamente inteligente. Com visão de jogo, qualidade no passe e na finalização.
Movimentação perfeita, sempre achando o espaço vazio entre as linhas adversárias. Extremamente maduro, apesar da pouca idade. O jogo também estava complicado, com o West Ham vencendo, mas Álvarez deu duas assistências e o City virou a partida.
Aliás, o segundo passe, para o gol de Bernardo Silva, foi um primor. Levantada de bola sutil, no único espaço que dava. Lance típico de futebol de salão. Joga muito!

Nesta mesma partida, Erling Haaland deixou o gol dele. Mas, antes disso, desperdiçou três chances claras. Longe de mim criticar um monstro como esse, que em 40 jogos de Premier League tem inacreditáveis 43 gols. Mas, não tenho nenhum temor em afirmar que, até o momento, trata-se do melhor jogador do time na temporada. E com folga.
Em tempos em que vemos tanto jogador extremamente talentoso desperdiçando o dom recebido, alguns por não se cuidarem, outros por acharem ser melhores do que são, dá gosto de ver Julián Álvarez jogar. O casamento perfeito de qualidade e seriedade. Um sujeito simples, humilde, que só pensa em jogar bola e melhorar a cada dia. E que, inteligente do jeito que é, percebeu que estava no lugar ideal para chegar a níveis que sequer imaginava.
Quem trabalha com Pep Guardiola, precisa aproveitar cada segundo, cada conversa, cada bronca no treinamento. E ele, visivelmente, está tirando o melhor da oportunidade.
Por último, Julián Álvarez é mais uma prova do trabalho bem-feito do clube inglês. Trabalho esse que muitas vezes é menosprezado só porque o clube tem muito dinheiro para gastar. Pois o atacante argentino custou apenas 18 milhões de euros, uma pechincha para o futebol atual. Hoje, já vale no mínimo 80 milhões.
Mas, de novo, diferente de muitos, Álvarez não está pensando em dinheiro. Quer jogar nas principais ligas do mundo e conquistar títulos. Só na primeira temporada, foram três…