César Azpilicueta é dos caras mais educados do futebol. Daqueles que é adorado pelos companheiros de time, comissão técnica e todos os funcionários do clube.
Isso ficava claro a cada zona mista que presenciei em Stamford Bridge. Sem contar que era sempre um dos únicos que parava para conversar com os jornalistas. Em qualquer situação: derrota, vitória, frio, chuva, calor. Mesmo quando não era o capitão.
Se você ainda não viu o vídeo do jogador espanhol emocionado, se despedindo do Chelsea, por favor, assista. É dos momentos mais bonitos que vi no futebol recentemente.
Aproveite e dê uma olhada também no vídeo de quando ele chegou no clube, com a música We’ll just call you Dave, ou Nós vamos chamá-lo de Dave . Isso porque, no longínquo ano de 2012, quando ele foi contratado junto ao Olympique de Marselha por apenas 7 milhões de libras, ninguém o conhecida direito. E poucos ingleses conseguiam falar A-Z-P-I-L-I-C-U-E-T-A. Essa música foi criada nas arquibancadas, e o próprio jogador acabou entrando na brincadeira.
Onze anos depois, o defensor espanhol sai como ídolo do clube. Isso mesmo, ÍDOLO. Ganhou todos os troféus que podia:
Champions League, Europa League, Premier League, FA Cup, Copa da Liga Inglesa.
Jogou de lateral-direito, virou terceiro zagueiro com o Conte, de repente deu uma assistência atrás da outra para o Morata (!).
Foram 508 partidas pelo clube londrino. Apenas 17 gols. Não entrará para lista dos mais talentosos atletas do Chelsea, é verdade. Mas, por MERECIMENTO, precisa aparecer na relação dos grandes ídolos. Profissionalismo, dedicação, raça, líder em campo, respeito à instituição e ao torcedores, mais de uma década de casa. Azpilicueta preenche inúmeros requisitos para ser colocado no hall de caras como John Terry, Frank Lampard, Petr Cech, Didier Drogba. E, digo mais: tenho certeza que quando pendurar as chuteiras, volta para o clube em algum cargo fora dos campos.
Mas, e agora? Quais serão os próximos ídolos do Chelsea?
O Chelsea é um clube tão maluco que, mesmo ganhando um título atrás do outro, me parece que não sobrou nenhum ídolo de verdade. A gigante renovação dos últimos 18 meses fez os últimos candidatos ao posto também se despedirem da torcida. Kante acabou de sair. Mason Mount, que parecia que seria esse cara pouco tempo atrás, também mudou de clube. Mendy, ou Kovacic? Já era.
Thiago Silva seria uma resposta fácil. Extremamente admirado. Já ganhou a Champions League, é outro líder em campo. Mas, precisava de mais tempo de casa para entrar nesse hall, não é? Aliás, gostaria muito que um dos melhores zagueiros das últimas gerações tivesse ido antes para o Chelsea e mostrado sua enorme categoria por mais temporadas na Premier League.
Kepa é o contrário. Tem tempo de casa, mas nunca se firmou. Parece também não ter a personalidade de um líder, capitão, ídolo.
Só resta… Reece James. Formado na base do clube. Chelsea de coração. Aparece até nas arquibancadas de todo jogo do time feminino em Londres, já que a irmã dele, Lauren James, também joga pelos Blues. Tem ENORME qualidade, talento, vigor físico, respeito dos torcedores. Só precisa ter um pouco mais de sorte e parar de sofrer lesões.
O Chelsea é um clube tão diferente que, depois de gastar mais de 600 milhões de libras, tem um jovem de 23 anos como líder.
E, sabe de uma coisa? Pode dar certo.
Contratou um técnico que gosta exatamente disso: juventude, vigor físico, qualidade, coletivo antes do individual. Quem sabe daqui dez anos, eu esteja escrevendo sobre a saída do ídolo Enzo Fernandez, Mykhailo Mudryk, Christopher Nkunku ou qualquer outro jovem promissor que esse clube maluco contratou nos últimos tempos.