Mais uma Data Fifa. Sentei no sofá para assistir a um Brasil x Bolívia na estreia das Eliminatórias pelo dever e curiosidade na estreia de Fernando Diniz. Fiz o mesmo quatro dias depois para Peru x Brasil, um jogo que começou às 23h (de Brasília). No fundo, não fosse a obrigação profissional, eu provavelmente teria feito outra coisa. Invejo quem pôde fazer.
As Eliminatórias sul-americanas, definitivamente, não são a Premier League
Na verdade, o futebol de seleções como um todo está longe de gerar a mesma empolgação que tenho quando chega um sábado de manhã com Brighton e Newcastle em campo. E não tem nenhum personagem aqui, eu realmente acredito nisso ?.
Já não era tão legal antes, mas hoje, com uma Copa do Mundo classificando 48 seleções, uma reforma se faz necessária. E me dói saber que houve essa oportunidade, especialmente na América do Sul, mas decidiram pela manutenção do formato.
Agora serão 6 de 10 participantes garantindo vaga direta. O sétimo vai para uma repescagem, o que abre caminho para 70% do continente estarem na Copa. Não precisamos ser gênios para perceber que, neste sistema de pontos corridos, com 18 rodadas, ida e volta, as eliminatórias serão um longo e modorrento inverno.
Talvez por isso, CBF e AFA tenham se posicionado favoráveis à mudança. As demais confederações pensaram no dinheiro da venda dos direitos (cada uma tem nove jogos em casa para negociar), votaram contra, e o resultado é esse aí. Vitórias e empates que não passarão de mera formalidade, com a classificação assegurada matematicamente já na virada do turno.
Para a Venezuela talvez seja emocionante, é claro.
Acho, também, que o problema é maior do que as eliminatórias. E sei que não estou sozinho: na bolha das redes sociais muitos celebraram o apito final de Peru x Brasil como o fim dessa Data Fifa.
Estamos acostumados com o calendário de clubes, a temporada europeia entregando entretenimento com a Liga dos Campeões batendo à porta, Copa do Brasil, Brasileiro e Libertadores nos seus momentos finais… Não é a mesma coisa que ver Espanha x Chipre ou Portugal x Luxemburgo, sabe? Até mesmo um amistoso Alemanha x França não empolga.
Mas qual seria a solução? Acredito que ela passe por diminuir a quantidade de jogos e também o número de pausas no calendário. Atualmente, excluindo as competições oficiais como Copa América, Eurocopa e Copa do Mundo, há cinco períodos de Data Fifa: março, junho, setembro, outubro e novembro.
Data Fifa dividida em duas grandes janelas
A Fifa já concordou em unir os períodos de outubro e novembro em um só a partir de 2026, mas ainda acho demais. Por isso minha sugestão seria concentrar as Datas Fifa em duas janelas (em março e outubro, talvez?) de 19 dias, podendo realizar até cinco jogos em cada.
As duas pausas em momentos distantes do ano ajudariam também a criar o senso de raridade. E se não é banal, como na atualidade, tende a ser mais especial.
Claro que seria preciso um acordo mundial entre Fifa, Uefa, Conmebol, CAF, Concacaf… As seleções jogarem menos significa menos dinheiro envolvido para elas – e mais para os clubes, parte interessada nessa história.
Tanta coisa que, conhecendo minimamente como funciona a política do jogo, não passaria de sonho.
Mas eu prefiro sonhar do que viver esse pesadelo (com permissão para o exagero).