Em 21 de fevereiro, jogaram Porto x Arsenal e Napoli x Barcelona pelas oitavas de final da Champions League. Em outros tempos não tão distantes, não haveria nada mais importante no horário, mas a realidade é que essa Champions League ainda não pegou.
Nos meus grupos de Whatsapp pouco se comentava. Inclusive, o Liverpool estava em campo quase que simultaneamente, pela Premier League, dividindo atenções enquanto vencia o Luton Town de virada. E os confrontos em si tampouco sustentaram a emoção e expectativa de um mata-mata.
Algo não muito agradável com a Champions League
É evidente que os meus amigos ou um pedaço das redes sociais não podem ser o único parâmetro. Por isso estendo a pergunta ao leitor:
- Você de fato reservou um tempo para assistir aos jogos?
- Teve a empolgação de acompanhar o começo do mata-mata?
- Quais times e jogadores foram capazes de te prender atenção?
O futebol europeu vive um momento estranho. Talvez de entressafra. A liga saudita entrou em cena contratando não apenas veteranos, como talentos em geral que poderiam estar engrandecendo a Champions League (e a Premier League por tabela).
Nenhum dos dois maiores artilheiros da competição está mais lá (Cristiano Ronaldo e Messi), assim como Neymar, outra atração a rumar para ligas periféricas.
Restaram como “vendedores de ingressos” Mbappé, Vini Jr., Haaland… Mas, certamente, ainda em outra prateleira de comoção mundial. Sem envolvimento emocional, o buraco é ainda mais fundo.
Também acho que, nesta temporada, os times em específico não estejam contribuindo. Real Madrid e Manchester City são talvez os únicos dos 16 sobreviventes a gerarem algum senso de urgência, quando você sabe que, ao não assistir, estará correndo o risco de perder algo realmente impactante.
É um ano em que alguns dos maiores faturamentos na Europa simplesmente não chegaram lá. O PSG, na despedida de Mbappé, montou um time meio blergh.
O Barcelona regrediu e não convence.
O Manchester United, em sua crise de mais de uma década, foi eliminado na fase de grupos.
O Bayern, mesmo com Harry Kane, caminha para perder a sua primeira Bundesliga em 12 anos.
Liverpool e Milan estão na Liga Europa. Tottenham, Juventus e Chelsea, nem isso.
O Arsenal, embora bem, ainda precisa recuperar o prestígio.
Assim, corremos o risco de ter nas quartas de final: Real Sociedad, Porto, Napoli, PSV e Lazio. E aqui não estou falando de méritos. Ao mesmo tempo em que é louvável termos algumas surpresas numa competição cada vez mais monótona, por outro lado, o apelo é notoriamente menor sem as grandes marcas ou os melhores atletas.
E as surpresas também vão até a página 2, pois é impossível acreditar que o Porto seria capaz de ser campeão de novo como há 20 anos.
O novo sempre vem
Como em tudo na vida, resta nos apegarmos ao novo. O futebol é cíclico, e a partir da próxima temporada haverá uma mudança radical no formato da Liga dos Campeões.
Sairá a fase de grupos, teremos 36 participantes (não mais 32), e a garantia de confrontos grandes desde o início, já que os 36 times serão separados por quatro potes de 9, e cada um fará dois jogos contra cada pote. Depois, ainda haverá um mata-mata extra antes das oitavas de final.
Não acredito que ficará pior.
Embora tenhamos que esperar para ver. Assim como aguardar a consolidação de novas estrelas. Hoje, me parece que o produto Champions League está em desuso.