“Não há dúvida de que, se as acusações forem comprovadas, o Manchester City será rebaixado da Premier League”. Palavras de Stefan Borson, ex-conselheiro financeiro do próprio City.
No fundo, era algo que todo mundo já sabia. Mas ouvir um especialista desse calibre, que tem ligação com o clube, cria ainda mais expectativa para o que está sendo chamado de “julgamento do século” do futebol inglês.
Sob pano de fundo, a punição ao Everton. A mais pesada da história da Premier League. O clube de Liverpool teve 10 pontos deduzidos por violar o Fair Play Financeiro. A regra permite um prejuízo de 105 milhões de libras em três temporadas, mas o Everton teve perda de 124,5 milhões. Estamos falando de menos de 20 milhões de libras, espalhados por três anos.
Se com isso já houve punição tão pesada, o que esperar para o Manchester City?
Nesta semana, a PL Brasil destrinchou o caso e explicou por que a denúncia que envolve o City é diferente das que, até o momento, acabaram em punição na Inglaterra.
Caso do City é mais grave
O caso do time hoje comandado pelo gênio Pep Guardiola é muito mais grave. São 115 acusações de infração. Dentre as mais graves: não divulgar informações financeiras de forma precisa. Ou seja, seria uma espécie de fraude. O clube estaria usando os petrodólares de Abu Dhabi, mas fingindo ser patrocínio.
Além disso, o City não teria sido transparente ao detalhar a remuneração do técnico Roberto Mancini. Traduzindo: durante os quatro anos do treinador italiano no comando, o clube teria informado um salário menor do que era de fato, justamente para, aos olhos da Premier League, não infringir as regras de sustentabilidade financeira.
Para piorar o cenário, segundo a liga inglesa, o Manchester City não cooperou com as investigações. Algo que o Everton por exemplo, depois de certa relutância, fez.
Por isso, até segundo o ex-conselheiro financeiro do clube, caso seja considerado culpado, a punição mínima é o rebaixamento. E pode ser pior. Existe a possibilidade do City perder todas as taças que conquistou no período em que as infrações foram cometidas.
A lista de títulos?
Lembrado que as acusações se referem a NOVE temporadas (de 2009 a 2018). Há ainda quem peça que o clube seja rebaixado para a última divisão do futebol inglês, mas nem os especialistas acreditam muito nessa possibilidade.
Será que o Neymar se daria bem na Premier League, torcedor? 👀👀 O careca gosta de craque, hein?! 🇧🇷
Se liga na entrevista exclusiva da @melrespider da PLB, com o Elano no evento do Manchester City! pic.twitter.com/CtSCjsVGIF
— PL Brasil (@plbrasil1) January 15, 2024
Há ainda algumas complicações no caso
Primeiro: mesmo que as infrações, ou pelo menos parte delas, tenham realmente acontecido, é muito difícil provar. Ainda mais se considerarmos que elas teriam começado 15 anos atrás.
Há também o aspecto político. A Premier League está pressionada depois que o governo demonstrou a intenção de regularizar o futebol inglês, principalmente a parte financeira. O Parlamento analisa a proposta. Mas esse é um assunto que tratarei na próxima coluna.
Por fim, outro fator que tem gerado muita discussão aqui na Inglaterra é a falta de transparência da Premier League. Não existe punição prevista para esse tipo de acusação. Aliás, o mesmo vale para o Everton. Os clubes ficam a mercê das tais comissões independentes que analisam cada caso. Aliás, não se sabe nem quando o julgamento acontecerá.
Richard Masters, CEO da Premier League, apenas informou que uma data já foi definida. Existe a expectativa de que ele comece já na próxima semana, mas ninguém sabe ao certo. Parece-me evidente que, se daqui pra frente a liga quiser ter mais credibilidade, precisa ser mais transparente.