Senise: Por que o Tottenham não deve brigar pelo título da Premier League

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“Poucas vezes na minha carreira tive um elenco tão desmantelado para uma partida”. Palavras de Ange Postecoglou, treinador do Tottenham, antes do encontro desse sábado contra o Wolverhampton. E ele tinha razão.

A quantidade de baixas era enorme. Romero e Udogie suspensos. Micky van de Ven e James Maddison, lesionados, não devem voltar a campo antes da virada do ano. Richarlison operou o púbis e tem prazo de recuperação de quatro semanas. Salomon e Perisic já estão fora de combate há algum tempo. 

A verdade é que o jogo contra o Chelsea deixou claro o que todo mundo já sabia: falta elenco para o Tottenham. Tanto que, contra o Wolves, Emerson Royal mais uma vez jogou improvisado do lado direito. Davies, lateral de origem, virou zagueiro. Fez dupla com Eric Dier, que estava meio que fora dos planos do treinador, mas na falta dos dois defensores titulares, precisou ser utilizado.

No meio, ninguém é capaz de substituir Maddison. Højbjerg foi a opção, formando com Bissouma e Sarr um trio sem nenhum armador.

Por tudo isso, foi disparada a pior atuação do Tottenham na competição.

A preocupação com a posse de bola seguiu a mesma, mas a pressão na saída de bola adversária, com as linhas extremamente altas, não aconteceu. Foi o jogo com menos finalizações desde o início dessa Premier League. Apenas seis.

Para se ter uma ideia: contra o Chelsea, partida em que o Romero foi expulso aos 33 do primeiro tempo e Udogie aos 10 da segunda etapa, foram oito chutes. A bola praticamente não chegou no Son, artilheiro da equipe com 8 gols.

Motivos para reclamar? Muito pelo contrário. Mais uma vez se viu um time brigador, lutando por cada centímetro de espaço dentro de campo. Mesmo com um caminhão de desfalques, a vitória quase veio. Abriu o marcador logo aos três minutos (primeiro gol de Brennan Johnson pelo clube), sofreu o empate só aos 45 minutos do segundo tempo, e a virada aos 51.

Vai ter gente tirando sarro, falando em pipocada, vacilo no final, ou utilizando o famoso termo “spursy”. Mas era o que dava para fazer. 

Resta saber o que serão as próximas partidas. Quando você compara a escalação de hoje do Tottenham com os times que Arsenal e Manchester City levam a campo nesse fim de semana, fica claro que existe uma enorme diferença.

Com o que tem em mãos no momento, é difícil imaginar que Ange Postecoglu possa conseguir manter o time no topo, brigando pelo título. Talvez já seja mais sensato lutar para, pelo menos, continuar entre os cinco primeiros. E torcer para que reforços, principalmente na defesa, venham na janela de inverno. Mas, dado o histórico dos últimos anos, também é difícil imaginar que isso vá acontecer…

Renato Senise
Renato Senise

Renato Senise é correspondente em Londres desde 2016. São mais de cinco temporadas cobrindo Premier League e Champions League. No currículo, duas Copas do Mundo “in loco”, além de entrevistas com nomes como Pep Guardiola, José Mourinho, Juergen Klopp, Marcelo Bielsa, Neymar, Kevin De Bruyne e Harry Kane.