A boa fase de Richarlison e Matheus Cunha: o quão bons eles realmente são?

3 minutos de leitura

Não faz tanto tempo assim que Fernando Diniz anunciou a convocação da seleção brasileira com Richarlison e Matheus Cunha. Os dois centroavantes não viviam um grande momento, não convenceram e foram duramente criticados nas redes sociais. Como se não pertencessem àquele lugar.

Mas o mundo dá voltas e, claro, o reconhecimento precisa vir no mesmo tom.

Richarlison: confiança em dia é outra coisa

O caso de Richarlison é mais emblemático. Ele foi titular da seleção na Copa do Mundo e marcou três gols, dois deles na estreia contra a Sérvia. Apesar de não ter balançado as redes desde as oitavas de final contra a Coreia do Sul (são sete jogos de jejum), sua média ainda é bastante razoável,

Números de Richarlison na seleção brasileira

  • 48 jogos
  • 20 gols
  • 0,42 gol por jogo

E, sim, é verdade que ele estava mal no começo de temporada pelo Tottenham, e uma convocação naquele momento não fazia sentido. Mas é que algumas pessoas só parecem se satisfazer com a busca da humilhação. E muitas vezes sequer sabemos dos problemas que os atletas atravessam para justificar uma queda técnica.

Em setembro, Richarlison revelou ter tido questões extracampo e precisou procurar ajuda psicológica. Segundo ele, pessoas que só estavam de olho no seu dinheiro se afastaram. Ele prometeu “fazer as coisas acontecerem novamente”, como já vimos em outros momentos da carreira.

E aqui não é conversa de coach, mas Richarlison sabia do que estava falando. No jogo seguinte à Data Fifa, saiu do banco para fazer um gol e dar uma assistência na virada do Tottenham sobre o Sheffield United.

A arrancada começou em dezembro, contra o Newcastle. De lá para cá, nove gols nos últimos oito jogos de Premier League, alguns deles lindos, como contra o Everton. Neste momento, ele só está atrás de Salah, Haaland, Solanke, Son, Watkins e Bowen na artilharia. Confiança em dia é outra coisa, né?

A fase incrível de Matheus Cunha

Com Matheus Cunha o desconhecimento é muito maior, ou seja, é mais conveniente desconfiar. Ele só apareceu para o público brasileiro quando jogava na Alemanha. Antes estava na Suíça e fez base no Coritiba. Passou por RB Leipzig, Hertha Berlin e Atlético de Madrid antes do Wolverhampton desembolsar 50 milhões de euros por ele.

Diferentemente de Richarlison, Matheus não tem o perfil de fazedor de gol que nos acostumamos a ver na seleção. É um atacante com mais mobilidade, que entrega em outras áreas, mas ainda assim custou um pouco até que chegasse a esse momento tão decisivo.

Matheus tem 11 gols na temporada, a mais goleadora da sua carreira, mas desde o fim de novembro está com o pé no acelerador.

matheus cunha wolverhampton
Matheus Cunha comemora gol pelo Wolverhampton (Foto: Icon sport)

O jogo contra o Tottenham de Richarlison, no dia 11 de novembro, iniciou uma fase incrível para o atacante.

Matheus Cunha desde 11 de novembro

  • 15 jogos
  • 9 gols
  • 6 assistências
  • 11 participações nos últimos 13 gols dos Wolves

No sábado passado, contra o Chelsea, anotou o seu primeiro hat-trick na Inglaterra e chegou a 15 participações diretas em gols na Premier League, números inferiores apenas a Salah, Watkins, Haaland e Son. Ou seja, outro que anda muito bem acompanhado.

E não são bolas empurradas para o fundo das redes. Matheus tem jogado com Pedro Neto e Sarabia (o coreano Hwang estava na Copa da Ásia), não guardando posições fixas, gerando chances de gol também através de passes, sofrendo pênalti em arrancada… Poderia ser um segundo atacante na seleção caso fosse necessário.

Todos nós sabemos que Matheus e Richarlison não serão os novos Romário e Ronaldo –- até porque estamos falando de perfis raríssimos na história do futebol.

Acho justo também dizer que não são craques — e está tudo bem.

Mas são dois nomes que estão performando em alto nível depois de conquistarem o seu espaço com mérito. Neste caso, os humilhados precisam ser exaltados.

Victor Canedo
Victor Canedo

Victor Canedo trabalhou por 12 anos como repórter de futebol internacional no Grupo Globo. E até hoje mantém o hábito de passar as manhãs e tardes dos fins de semana ouvindo a voz de Paulo Andrade. Para equilibrar a balança dos colunistas deste site, é torcedor do Arsenal desde Titi Henry.