Cicinho se transferiu para o Real Madrid, onde foi campeão espanhol em 2006-07, depois de conquistar o Campeonato Paulista, a Copa da Libertadores e o Mundial de Clubes contra o Liverpool, com o São Paulo em 2005. Mas, o ex-jogador revelou à PL Brasil que, antes de se acertar com o time merengue, o brasileiro tinha um acordo com o Manchester United, que foi rompido na concentração da seleção brasileira.
— Antes de eu acertar com o Real Madrid, estava praticamente certo com o Manchester United. Eu tinha ido conhecer o centro de treinamento, já tinha conversado com o (Sir Alex) Ferguson na época, só que eu estava aguardando a saída do meu passaporte italiano – recordou Cicinho.
No entanto, uma convocação para a seleção brasileira e a convivência com um ídolo do Real Madrid mudaram o curso da história.
— De dentro da concentração, Roberto Carlos ligou para o Vanderlei Luxemburgo (então técnico do Madrid) e falou: “Olha, o menino aqui está indo para Manchester”. Aí o Luxemburgo falou: “Não, eu quero ele”. A ideia chegou a Florentino Pérez, que acabou mudando o rumo da conversa — contou Cicinho à reportagem da PL Brasil no evento “Champions League Experience”, em São Paulo, nesta quarta-feira (17).
O ex-jogador contou ainda que, quando foi contratado pelo Real Madrid as negociações com o Manchester United foram encerradas e o time merengue o liberou para que ficasse mais seis meses no Brasil, até que seu passaporte saísse e pudesse jogar a final do Mundial de Clubes. “Era realmente para ter ido para o Real Madrid, né?”, brincou.

Cicinho na seleção brasileira
Ainda atuando pelo São Paulo, Cicinho foi convocado por Carlos Alberto Parreira para substituir Cafu na Copa das Confederações. O lateral participou diretamente de todos os gols da seleção brasileira na goleada por 4 a 1 contra a Argentina, na final da competição.
Cicinho ainda disputou a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, em que foi reserva do capitão da seleção, Cafu. Disputou dois jogos no Mundial: contra o Japão (titular), na última partida da primeira fase; e contra a França, nas quartas de final, entrando no segundo tempo da partida em que o Brasil acabou sendo eliminado da competição, com uma derrota para os franceses pelo placar mínimo, com gol de Thierry Henry. Ao todo, foram 15 jogos pelo Brasil, de 2005 a 2006, marcando um gol.
À PL Brasil, Cicinho deu detalhes dos treinamentos da seleção brasileira antes da Copa do Mundo de 2006 e indicou o principal culpado pela eliminação do Brasil naquele Mundial.
— A culpa, sem sombra de dúvidas, é de nós atletas da época. Mas a CBF foi a maior culpada. Não nos proporcionou tranquilidade para trabalhar. Todo treinamento tinha 30 ou 40 mil pessoas, o Parreira não podia executar todo tipo de treinamento que o torcedor vaiava.
— Era sempre chute a gol ou coletivo. Nós estávamos vivendo, principalmente eu reserva, uma vida de novela, porque tinha torcedora entrando dentro do campo para nos abraçar, para tirar a camisa e o short. Aquilo acabou mexendo com o nosso ego. Deveria ter tido uma melhor preparação em 2006, até porque time como aquele ali não vai ter outro — completou o ex-jogador.
Em 2007, Cicinho se transferiu para a Roma, onde ficou até 2012, conquistando Copa da Itália e Supercopa da Itália logo em sua temporada de estreia. Porém perdeu espaço na seleção brasileira. O ex-jogador destaca que os fatores extracampo o tiraram da Granja Comary.
— Quando eu fui para a Roma, a minha mente já era uma mente de um atleta em decadência, porque eu já não queria mais jogar futebol. Estava saindo do Real Madrid e assim que eu cheguei na Roma eu joguei um ano. Fui convocado para a seleção brasileira, só que no meu segundo ano de Roma eu acabei lesionando novamente meu joelho direito e aí eu acabei caindo numa depressão. Também nem queria mais a seleção brasileira, por toda aquela desilusão que eu tinha vivido em 2006 de perder uma Copa do Mundo — contou.
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Cicinho responde: quem será o futuro lateral-direito da seleção brasileira?
A seleção brasileira sofre de uma escassez de laterais-direitos, após a era Daniel Alves. Emerson Royal, do Tottenham, foi titular na última partida do Brasil, contra o Marrocos em março, mas não tem correspondido as expectativas nem no seu clube. Para Cicinho a solução da posição está na zaga.
— Na lateral direita da seleção brasileira, eu colocaria o Éder Militão (zagueiro do Real Madrid), até porque o Brasil tem um poder ofensivo muito grande, com o atletas que estão vivendo os seus melhores momentos, no caso o Rodrygo e Vinicius Junior. O Brasil precisa ser mais consistente na defesa, então nós precisamos mudar essa cultura que o lateral é aquele que vai para a linha de fundo e dá assistência. Pode ficar ali atrás, porque do meio para frente tem craques — opinou Cicinho.