Desvendando o Sheffield United de Chris Wilder, a surpresa da PL

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Onze rodadas já se passaram e apesar de muitas histórias previstas se concretizando, algumas novas vertentes surgiram na Premier League. Uma delas é a do Sheffield United. O recém-promovido da Championship veio para provar que não quer sair da elite inglesa tão cedo. Os comandados de Chris Wilder já tiveram grandes jogos contra times como Arsenal, Chelsea e até contra o Liverpool, em um dos jogos mais difíceis dos líderes até aqui.

  • TENTAMOS DESENHAR 5 ESCUDOS DA PL NO PAINT

Na maioria das vezes, times como o Sheffield voltam para a primeira divisão sem sonhar muito alto, mostrando um futebol seguro que, ocasionalmente, resulta em um ponto ou outro conquistado, sem muito alarde. Porém, os Blades vêm fazendo por onde para estarem onde estão.

Com uma estrutura sólidaconsistente e sem muitas peças individuais de destaque, Chris Wilder conseguiu montar um time competitivo que tem o equilíbrio perfeito. Sabendo lidar com adversas situações, seja dentro ou fora de seus mandos.

Como dito mais acima, atualmente na sexta posição, o Sheffield tem 16 pontos. A pontuação os coloca na frente de Manchester United, Wolverhampton e Tottenham, além de estarem à um ponto do Arsenal, primeiro da zona de classificação para competições europeias.

É a primeira aparição do time na elite inglesa em 13 temporadas e, muito se deve ao técnico Chris Wilder.

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O inglês, que foi jogador dos Blades de 1986 até 1992, retornou como técnico para tentar acabar com a seca, em 2016. Antes de sua chegada a equipe já havia caído para a terceira divisão e seu melhor resultado foi o terceiro lugar da mesma, perdendo na final dos playoffs de acesso à segunda divisão, em 2012.

Wilder chegou e logo de cara foi campeão com 100 pontos, em 46 partidas. Foi o primeiro título do time desde 1981/82. Sua temporada seguinte foi até decepcionante na Championship, terminando em 10º, porém, na terceira, finalmente voltou para a Premier League, atrás apenas do Norwich (94), com 89 pontos.

Por ser um treinador que já viveu o outro lado, é perceptível que Chris Wilder conquistou o vestiário e um laço certamente foi criado. Um laço que remete a uma confiança necessária para fazer com que um time sem muitos investimentos funcione. Onde cada jogador corre dobrado para cobrir seu companheiro e alcançar o objetivo planejado.

Entremos aqui então para mostrar como o Sheffield joga, hora de desvendar o sucesso dos comandados de Chris Wilder que, além de organização, utilizam do excesso de vontade para suprir as necessidades de um elenco pontual.

Esquema tático: 3-5-2

Ao usar três defensores, é aberto um extenso leque de opções para que o treinador ache o que melhor se encaixa. Pode prezar pelos contra-ataques, jogando por uma bola, ou ser ofensivo, usando com excelência os alas para aproveitar mais os lados do campo.

Podemos definir o esquema em três características: profundo, livre e móvel. A liberdade dada por Wilder é a principal arma. Não importa sua posição de origem, mas cada jogador será utilizado o máximo que puder no maior número de lugares que for rentável. Lundstram, zagueiro de origem, é um dos destaques do time e atua, hoje, no meiocampo.

O 3-5-2, podendo ser um 5-3-2 pra quem preferir, não passa de um esquema apresentado previamente como padrão. Ao analisar friamente, pode se dizer que, em campo, os Blades se aproximam de uma inusitada formação de: um zagueiro, dois alas, três meias, dois pontas/meias de lado e dois centroavantes.

Parece complexo, mas não é.

Com o decorrer da partida, O’Connel e Basham, zagueiros de origem, avançam com tanta liberdade ao ponto de virarem laterais/alas. Com isso, os alas de origem (Stevens e Baldock), também ganham espaço para avançar, virando assim, meias do lado do campo, ou até mesmo dependendo da situação, pontas no ataque. Veja:

Como ataca?

Para falarmos de ataque, entramos com as outras duas características: mobilidade e profundidade. Uma desencadeia a outra.

Tendo liberdade, o jogo não precisa necessariamente de qualidade para que flua com um bom ritmo. Poucos nomes são conhecidos. Dean Henderson pode ser o mais conhecido pelo fato de pertencer ao Manchester United. Fora isso, cada jogador vem se colocando no mapa rodada após rodada.

Livres e móveis entra aí a principal arma: profundidade. Com muitas opções pelo lado, é previsível que a força do time venha pelo lado do campo, aproveitando-se dos extremos. Lançamentos acabam virando marca, tanto que lidera a liga em bolas longas.

O trabalho entre laterais e alas é fundamental. Tendo base na escalação titular, me refiro ao trabalho de duplas do mesmo lado (O’Connell e Stevens/Basham e Baldock).

Dos doze gols marcados pela equipe na PL, oito tiveram assistências. Quatro dessas foram realizadas pelos jogadores citadas acimas, com destaque para Stevens que teve duas. Baldock e O’Connell tiveram uma cada.

O sucesso nos lados também se deve à solidez do meio campo. Sempre buscando ficar o mais próximo possível, formando uma espécie de triângulo entre eles, o trio serve como referência e segurança. Quando o avanço não vem pela lateral, a jogada é reiniciada logo no meio por conta do bom número de opções oferecidas.

Como defende?

Ao comentar sobre os meio campistas, uso como gancho para virar a chave e começar a falar sobre o lado defensivo do Sheffield. Atual melhor defesa do campeonato, ao lado do Leicester, com apenas oito gols sofridos.

Além do papel de referência o ataque, o trio de meio campistas dos Blades servem como âncora para defesa. Ainda juntos, os três jogadores se aproximam ainda mais para formar uma linha que protege a defesa. Uma espécie de muro que antecede o verdadeiro muro (zagueiros).

Outro ponto forte da defesa é o número de jogadores disponíveis para congestionar tal área do campo. Somando os três meio campistas, três zagueiros e os dois alas, a equipe se defende com um total de oito jogadores.

Tal volume faz com que o adversário fique sem muitas opções e acaba sendo obrigado a arriscar mais de longe. Dean Henderson, goleiro, é o sétimo com mais defesas, ao lado de Tom Heaton. São 30 em 11 partidas.

Nigel Roddis/Getty Images
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Separo aqui um breve momento para falar do inglês de 22 anos. Desde a temporada passada, são 26 jogos sem sofrer gols. Maior número entre as quatro divisões inglesas. Por ainda ser novo, não teve muitas chances em grandes cenários, tanto que, foi emprestado pelo Manchester United. Aos poucos também vai ganhando espaço na seleção inglesa, cujo atua desde o sub-16 das categorias de base.

Mesmo tendo uma das melhores defesas da competição, os Blades esbarram em seus erros para atingir um sucesso maior. Dentre os oito gols sofridos, a maioria aconteceu por falha próprias do que mérito do adversário.

Em apenas quatro desses gols não houve falha individual, foram eles: contra o Bournemouth, West ham e os dois contra o Leicester. Os outros contaram com erros na saída de bola (Southampton) e do goleiro (Chelsea e Liverpool).

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Contra o Liverpool, o mais alarmante. Em uma de suas melhores atuações na temporada, Henderson aceitou um chute de Georginio Wijnaldum que definiu o resultado final.

Outro erro rotineiro é uma consequência negativa do ataque. Pelo fato do time avançar com muitos jogadores, contra-ataques acabam sendo a melhor arma para derrotá-los. Apesar de não ter sorte em momentos como citados acima, ela aparece para compensar na hora de transições do adversário.

Contra o West Ham, por exemplo, foram duas chances claras de gol para os Hammers em que, para sorte dos Blades, aproveitaram só uma e não puderam vencer o jogo. Confira:

Para quem voltou para uma disputa de alto nível, não é tão ruim que seus pontos mais fracos sejam ajustáveis sem muita dificuldade. Com o passar das rodadas, e maior conhecimento da competição e adversários, a tendência é apenas melhorar e alcançar maiores objetivos.

Em um momento que os times fora do Big-6 buscam atenção, o Sheffield, do seu melhor estilo, chega aos poucos para mostrar seu valor. O time será testado de vez nas próximas duas rodadas, quando visitará o Tottenham e receberá o Manchester United.

Lucas Pires
Lucas Pires

Jornalista em formação que fala sobre esportes