O Chelsea oficializou neste domingo (25) a primeira venda do clube para a Arábia Saudita nessa janela de transferências.
O clube informou que o zagueiro Kalidou Koulibaly, de 32 anos, deixou o clube para se juntar ao Al-Hilal, atual vice-campeão e terceiro colocado na última edição da Saudi Pro League.
Segundo informado pelo jornalista italiano Fabrizio Romano, o negócio foi fechado por 23 milhões de euros (R$ 120 milhões). O zagueiro assinou um contrato de três anos onde deve ganhar 30 milhões de euros (R$ 157 milhões) por temporada.
Antes dele, N’Golo Kanté também deixou Londres para jogar no país asiático, este pelo Al-Ittihad. No entanto, o volante francês saiu de graça por conta do fim de contrato com os ingleses — logo, não rendeu lucros ao Chelsea.
A curta estadia de Koulibaly
Koulibaly deixa o Chelsea após apenas uma temporada em Londres. O senegalês, que viveu o auge da carreira no Napoli (clube que defendeu entre 2014 e 2022), disputou 32 jogos e marcou dois gols com a camisa dos Blues. Ele foi contratado por 40 milhões de euros.
O defensor chegou a ser cogitado numa troca que o Chelsea poderia oferecer à Inter de Milão para ter o goleiro André Onana, mas acabou acertando com a Arábia Saudita.
No Al-Hilal, o zagueiro encontrará Ruben Neves, que acabou de também deixar a Premier League para jogar no país asiático. O clube ganhou fama ao eliminar o Flamengo no último Mundial de Clubes e perder a final para o Real Madrid. Os destaques da equipe na última temporada eram Al Dawsari, Vietto, Cuellar, Michael, Carrillo, Marega e Ighalo.
Kalidou Koulibaly has completed a move to @Alhilal_FC. ✍️
— Chelsea FC (@ChelseaFC) June 25, 2023
Chelsea conta com ‘ajuda árabe’ para não ser punido no fair play financeiro
Koulibaly deve ser apenas o primeiro jogador a ser vendido pelo Chelsea à Arábia Saudita. O clube conta com o interesse de clubes do país, financiados pelo governo saudita, para vender alguns jogadores e não ser punido por descumprir as regras do fair play financeiro.
Hakim Ziyech deve se juntar ao Al-Nassr de Cristiano Ronaldo, enquanto o goleiro Edouard Mendy já viajou para assinar com o Al-Ahli. Aubameyang e Hudson-Odoi são outros dois atletas dos Blues que estão na mira dos árabes.
O Chelsea gastou 500 milhões de libras (R$ 3 bilhões) em contratações na janela de janeiro de 2023 — isso após ter relatado uma perda de 121 milhões de libras (R$ 771 milhões) na temporada 2021/22.
Somado ao prejuízo de 153,9 milhões de libras (R$ 981 milhões) em 2020/21 e descontado o lucro de 32,5 milhões de libras (R$ 207 milhões) de 2019/20, o balanço negativo dos Blues nas últimas três temporadas está em 241,9 milhões de libras (R$ 1,5 bilhão), valor que é mais que o dobro do máximo permitido pelo Campeonato Inglês— 105 milhões de libras (R$ 669 milhões).
Por isso, as vendas são cruciais para que o negócio de Todd Boehly não seja punido pelo fair play financeiro. Com até 12 saídas, o Chelsea pode faturar R$ 1,4 bilhão e abater quase a totalidade do seu balanço negativo referente às últimas três temporadas.
Além dos citados, Havertz deve sair para o Arsenal; Chalobah negocia com a Inter de Milão, mesmo time com o qual Azpilicueta já se acertou; Gallagher atraiu o interesse do Borussia Dortmund; e Loftus-Cheek pode ir para o Milan. Todos estão dentro da reformulação prevista pelo novo treinador, Mauricio Pochettino.
Investimento de sauditas no Chelsea gerou denúncias
Mas as transferências que envolvem o Chelsea e a Arábia Saudita levantam suspeitas para além de Stamford Bridge. Alguns clubes pedem uma investigação sobre as transferências porque o governo saudita realiza investimentos volumosos na Clearlake Capital, acionista majoritária do Chelsea. As transferências de jogadores do clube londrino para os sauditas podem ser interpretadas como inflacionadas.
Em julho, o Ministério do Esporte da Arábia Saudita anunciou que o Fundo de Investimento Público (FIP) do país iria tomar o controle dos quatro principais times do país: Al-Ahli, Al-Ittihad, Al-Hilal e Al-Nassr. A tendência é que as grandes contratações sigam aparecendo, a fim de fomentar o futebol local e “limpar” a imagem da ditadura no país, acusada no mundo inteiro de ameaçar os direitos humanos e a liberdade de expressão.