A estratégia ousada que impediu o Chelsea de violar regras financeiras da Premier League

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O Chelsea informou em relatório financeiro ter obtido lucro bruto de 128,4 milhões de libras (R$ 946,3 milhões) na temporada 2023/24, até 30 de junho de 2024.

O resultado foi atribuído a dois fatores: vendas de jogadores (152,5 milhões de libras — R$ 1,1 bilhão) e “reposicionamento” do time feminino. A estratégia que envolve as atuais campeãs da Women's Super League (WSL) proporcionou ao Chelsea também ficar em conformidade com as regras de lucro e sustentabilidade da Premier League (PSR), conhecidas como fair play financeiro.

A venda do time feminino do Chelsea

Para entender a situação, é necessário voltar um pouco no tempo. Em maio passado, a diretoria dos Blues determinou que haveria uma reestruturação na divisão feminina para que fosse possível ter “recursos, gestão e dedicação” exclusivas à modalidade, de modo a torná-la independente e fazê-la caminhar lado a lado com o time masculino, não “abaixo”.

A equipe feminina foi vendida pelo Chelsea FC Holdings Limited para a BlueCo, consórcio de Todd Boehly, em junho de 2024. A transação tem participação parcial ou total nos 198,7 milhões de libras (R$ 1,4 bilhão) mencionados como “lucro na venda de subsidiárias”.

Emma Hayes, ex-técnica do Chelsea, celebra com jogadoras a conquista da WSL 2023/24
Emma Hayes, ex-técnica do Chelsea, celebra com jogadoras a conquista da WSL 2023/24 (Foto: PA Images/Imago)

Essa movimentação possivelmente impediu o Chelsea de ter uma “perda significativa”, como destacou a “BBC Sport”. Pelas normas de PSR, os clubes podem registrar prejuízo máximo de 105 milhões de libras (R$ 773,8 milhões) no período de três anos.

No primeiro ciclo sob o comando da empresa de Boehly — que terminou em junho de 2023 –, os Blues tiveram prejuízo de 90,1 milhões de libras (R$ 664 milhões). No relatório mais recente, a conta fechou no azul.

Isso é permitido na Inglaterra?

Não é a primeira vez que o Chelsea realiza uma “manobra” como essa. Na temporada 2022/23, a BlueCo também comprou dois hotéis na região do Stamford Bridge (considerados parte dos ativos de futebol) e proporcionou ao clube ter perda de 89,9 milhões de libras (R$ 662,5 milhões) ao invés de 166,4 milhões de libras (R$ 1,2 bilhão).

Na ocasião, alguns clubes ingleses ficaram descontentes, segundo o “Telegraph”. Em junho passado, houve votação para determinar se as regras deveriam mudar. Apenas 11 membros se mostraram favoráveis à alteração, enquanto o necessário seria 14.

Nove clubes ficaram felizes em manter as regras como estavam –, analisou o jornalista Sam Wallace em artigo do periódico.

Mais números

A receita geral do Chelsea caiu de 512,5 milhões de libras (R$ 3,7 bilhões) em junho de 2023 para 468,5 milhões de libras (R$ 3,4 bilhões) no mesmo mês de 2024. O declínio ocorreu devido à ausência do time masculino da Champions League, segundo o clube.

O documento apontou ainda aumento na receita dos jogos de 76,5 milhões de libras (R$ 563,8 milhões) para 80,1 milhões de libras (R$ 590,3 milhões). A receita comercial também subiu. Passou de 210,1 milhões de libras (R$ 1,5 bilhão) para 225,3 milhões de libras (R$ 1,6 bilhão).

Stamford Bridge, estádio do Chelsea, em jogo dos Blues contra o Manchester City na Premier League em 2018
Stamford Bridge, estádio do Chelsea, em jogo dos Blues contra o Manchester City na Premier League em 2018 (Foto: PA Images/Imago)
Milena Tomaz
Milena Tomaz

Jornalista entusiasta de esportes que integra a equipe de redação da PL Brasil. Se formou em Comunicação Social em 2019.