Depois de 12 anos com Emma Hayes no comando, o Chelsea feminino se prepara para iniciar uma nova era. Sonia Bompastor foi nomeada a nova treinadora do time, em um contrato válido por quatro anos, pelo menos inicialmente.
O trabalho do Chelsea com o futebol feminino é notável, principalmente nacionalmente. As Blues dominam as competições na Inglaterra e agora estão com os olhares voltados para a Europa. O objetivo é ampliar as conquistas com a Champions League.
Mas o que muda no clube com Sonia Bompastor? O futuro para a equipe londrina é promissor, mantendo os tempos de glória de Hayes e continuar se firmando na Europa.
Quem é Sonia Bompastor?
Mesmo estando prestes a iniciar no segundo time principal, a carreira de Bompastor no futebol é longa. Como jogadora, atuava no meio-campo e passou por clubes como La Roche-sur-Yon, PSG e Washginton Freedom, além do Lyon, onde pendurou as chuteiras em 2013. Ela também defendeu a seleção francesa por 13 anos.
No mesmo ano que aposentou, Bompastor não deixou os gramados e iniciou a carreira como treinadora das categorias de base do Lyon. Em 2021, depois de oito anos na academia, foi promovida ao time principal do clube francês.
Durante o período que esteve no comando do Lyon, a treinadora francesa conquistou sete troféus, incluindo três títulos consecutivos da Divisão 1, o Campeonato Francês feminino.
Ela também foi campeã da Champions League feminina em 2022, se tornando a primeira mulher a ganhar a competição como jogadora e treinadora. Ambos foram com as cores do Lyon.
Qual estilo de jogo de Sonia Bompastor?
Como treinadora do Lyon, Bompastor utilizava predominantemente a formação 4-3-3. Ela gosta que as laterais se apresentem mais no campo de ataque e cubram muito terreno. Entre as zagueiras, Renard atuava mais em profundidade.
Na parte central, a treinadora utiliza uma linha de três, com uma jogadora mais criativa atuando mais centralizada. No caso do clube francês, Amandine Henry era a titular, mas Damaris Egurrola assumiu a função. Além disso, duas atletas mais energéticas completam a formação.
Na frente, Bompastor gosta de utilizar duas atacantes que trabalham bem no controle da bola e capazes de enfrentar adversárias no um contra um, junto com uma centroavante entre as duas atletas. No clube francês, Delphine Cascarino e Kadidiatou Diani atuaram nas laterais, enquanto Ada Hegerberg mais centralizada.
Bompastor tende a empregar em suas equipes uma linha mais alta e agressiva. No entanto, não é avessa a jogar sem a bola durante longos períodos nas partidas. Na última temporada, o Lyon registrou apenas 39 ataques acumulados — sequências com dez ou mais passes que terminam com uma finalização ou pelo menos um toque dentro da área. Em comparativo, o Chelsea teve 66 na WSL.
Outra característica do Lyon de Sonia é a bola parada. O clube marcou 21 gols dessa forma na última edição da Divisão 1, com um total de gols esperados (xG) de 17,88. O segundo melhor time foi o Montpellier, que gerou um xG de 6,35 e marcou nove gols.
As mudanças no Chelsea com Sonia Bompastor
O Chelsea feminino vai começar um projeto praticamente do zero na próxima temporada. Pelo menos na comissão técnica. Além de Emma Hayes, a assistente Denise Reddy, o preparador de goleiras Stuart Searle, o chefe de desempenho Bart Caubergh, a analista de desempenho Ferdia O’Hanrahan e a olheira Cameron Meighan deixaram o clube para trabalhar na seleção femininas dos Estados Unidos.
Junto com Bompastor, Camille Abily e Théo Rivrin formam a nova comissão técnica da equipe londrina. O diretor geral do futebol feminino, Paul Green, segue no time. É uma boa notícia para a nova treinadora, pois Green era o braço direito de Hayes e tem liderado todo o processo de mudança.
— A visão, a filosofia de treinamento e a mentalidade vencedora de Sonia fizeram dela uma excelente candidata. Ela é uma treinadora de classe mundial com um histórico comprovado de sucesso nos maiores palcos e que irá instantaneamente conquistar o respeito do vestiário — comentou Paul Green ao site oficial do Chelsea sobre Bompastor.
Outro vantagem para a treinadora francesa são as jogadoras do Chelsea. Hayes optou por montar um time com atletas flexíveis e capazes de se adaptar em diferentes estilos de jogo. Bompastor também já trabalhou com Kadeisha Buchanan, Catarina Macario e Eve Perisset — ela também jogou ao lado da agora técnica das Blues.
— Estou extremamente grata por ingressar no Chelsea. Darei tudo de mim neste novo projeto para atender às ambições do clube, da comissão técnica e das jogadoras. Espero fazer jus ao legado de Emma e continuar o trabalho que tem sido feito nos últimos anos. Vai começar a aventura — as primeiras palavras de Bompastor como treinadora do Chelsea.
Reforços para o Chelsea
A “Era Hayes” não foi a única que se encerrou na última temporada. Fran Kirby e Maren Mjelde também deixaram o clube ao final das competições. Sem as duas atletas, a tendência é que a diretoria reforce o elenco durante a janela de verão da Europa.
Hayes era conhecida pelo trabalho astuto no recrutamento de atletas. Ela observava as jogadoras durante anos, mas também buscava pessoas que se enquadrassem no determinado perfil que ela queria fora dos gramados. A diretoria se alinhava meses antes da abertura da janela para definir quem poderia ser contratada.
Sam Kerr é uma das grandes estrelas do atual elenco do Chelsea. Mas antes de ser contratada em 2018, Hayes observou por anos a atacante australiana.
Bompastor assume o comando com um time praticamente pronto, misturando jovens talentos com atletas experientes, mas qualquer treinador quer dar a sua cara para o time. A diretoria do Chelsea está alinhada com a nova técnica para fazer adições ao elenco.
Título inédito da Champions League
O trabalho de Hayes no Chelsea foi praticamente impecável. Foram impressionantes 16 títulos, com destaque para os sete da WSL, sendo cinco de forma consecutiva.
No entanto, ela deixou o clube com a frustração de nunca ser campeã da Champions League. A melhor oportunidade veio em 2020/2021, com as Blues perdendo para o Barcelona por 4 a 0 na final.
Bompastor chega ao clube inglês com a experiência internacional. Ela é tricampeã da Champions League, sendo duas como jogadora e uma como treinadora do Lyon.
Nos últimos anos, o Barcelona se estabeleceu como uma das grandes equipes do futebol feminino. São três títulos e quatro finais consecutivas. A única derrota veio para o Lyon de Bompastor em 2022 — embora as catalãs tenham superado as francesas na última edição, se consagrando como as atuais campeãs.