Quando o Chelsea eliminou o Arsenal ‘invencível’ da Champions

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Quando se fala da temporada 2003/2004 na Inglaterra, o primeiro clube que vem a cabeça é o Arsenal, campeão invicto da Premier League com 26 vitórias e 12 empates. Entretanto, na mesma temporada, os Gunners foram eliminados nas quartas de final da Liga dos Campeões pelo Chelsea.

A PL Brasil relembra agora o dia em que o Chelsea eliminou o Arsenal da Champions 2003/2004?

O Chelsea chegava às quartas de final após eliminar o Stuttgart na fase anterior, quando os Blues venceram por 1 a 0 no agregado. Pelo lado do Arsenal, os Gunners ganharam os dois jogos diante do Celta de Vigo.

Na época, os Blues já haviam sido comprados por Roman Abramovich, e contavam com bons valores no seu elenco, além de serem comandados pelo técnico Claudio Ranieri.

Entretanto, o Arsenal era amplamente favorito. Os Gunners estavam invictos contra o Chelsea há 16 jogos.

Empate no primeiro jogo

A primeira partida ocorreu no dia 6 de março de 2004, no Stamford Bridge, estádio do Chelsea e que estava lotado.

Como era esperado, foi um jogo bastante estudado. Os times não buscavam o ataque a todo momento, a prioridade era neutralizar os espaços dos adversários.

Com isso, a etapa inicial foi de pouquíssimas chances. A primeira oportunidade surgiu quando Dennis Bergkamp bateu colocado de fora da área, mas sem dificuldades para o goleiro dos Blues, Marc Ambrosio.

As outras duas chances foram do Chelsea. A primeira, numa falta cobrada por Frank Lampard, sem sustos para o goleirão Jens Lehmann. A outra, numa cabeçada por cima do gol de Adrian Mutu. No segundo tempo, as estratégias das equipes não mudaram.

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Mas, aos 7 minutos da etapa final, o Chelsea abriu o placar. Lehmann saiu da área para afastar o perigo, mas na dividida com o atacante dos Blues, Eidur Gudjohnsen, o camisa 23 levou a melhor e mandou a bola para o fundo das redes. 1 a 0 Chelsea!

Porém, 6 minutos depois, a resposta dos Gunners. Ashley Cole cruzou da esquerda e Robert Pires subiu mais alto que a zaga adversária para empatar o jogo. 1 a 1!

O jogo seguiu truncado e sem grandes chances. De destaque até o final, apenas a expulsão de Marcel Desailly, que seria um desfalque gigante para o Chelsea na partida de volta.

Ao apito final do árbitro, 1 a 1 no placar e vantagem para o Arsenal, pois um simples 0 a 0 em casa classificaria os Gunners.

Pelo lado dos Blues, um empate a partir de 2 a 2 ou qualquer vitória garantiriam o Chelsea entre os 4 melhores times da competição.

Uma vitória marcada na história

Uma semana antes do segundo jogo da volta acontecer, o Arsenal vislumbrava ao fim da temporada uma possível conquista da tríplice coroa: Copa da Inglaterra, Premier League e Liga dos Campeões.

Entretanto, três dias antes do jogo de volta contra o Chelsea, o primeiro baque: derrota por 1 a 0 para o Manchester United na semifinal da Copa da Inglaterra. Com isso, a pressão por uma vitória contra os Blues aumentou consideravelmente.

Porém, do outro lado a situação também não estava tranquila. Mesmo sendo o vice-líder na época, com 7 pontos atrás do Arsenal, o comandante Claudio Ranieri se via pressionado por resultados.

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Isso porque o dono do clube, Roman Abrahmovich, não gostou de alguns reforços que o treinador contratou na janela de transferências. Além disso, as diversas mudanças na escalação do time irritavam o milionário. Uma alteração no comando já vinha sendo especulada pela imprensa inglesa há meses.

O Highbury estava lotado para receber o clássico. A torcida dos Gunners estava com confiança, pois os Blues não ganhavam o derby há 17 jogos – o maior tabu da história do confronto.

Empurrado pelo seu torcedor, o Arsenal foi para cima. Aos 17 minutos do primeiro tempo, Antonio Reyes lançou Thierry Henry e o ídolo francês chutou cruzado, mas a bola foi para fora.

Em seguida, foi a vez do Chelsea atacar. A estratégia dos Blues era bem definida: jogar no contra-ataque explorando a velocidade de Darmien Duff.

O meio-campista tabelou com Gudjohnsen e disparou em velocidade, sendo impedido de finalizar por Edu Gaspar, que deu um carrinho na hora do arremate.

O primeiro tempo seguiu como o esperado: Arsenal pressionando e tentando furar a excelente defesa do Chelsea. Destaque para o ídolo e capitão John Terry, que fez uma das suas melhores partidas na vida.

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Nos acréscimos da primeira etapa, gol do Arsenal. O lateral direito Lauren cruzou, Henry escorou para o meio da área, desviou em Fredrik Ljundberg e sobrou diante de Reyes, que estufou as redes. 1 a 0 Gunners!

O cenário complicou para o Chelsea, pois agora o time tinha que atacar de todo jeito. Se quisesse chegar entre os quatros melhores clubes da Europa, precisava fazer gol.

E as coisas começaram perfeitas para os Blues no segundo tempo. Logo aos 5 minutos da etapa final, Claude Makélélé soltou uma bomba de fora da área, Lehmann deu rebote e Lampard completou para o fundo do gol. 1 a 1!

Com a igualdade no placar e agregado, os times não buscavam tanto o ataque. O medo de perder por um detalhe era imenso.

Com tanto equilíbrio, as coisas foram resolvidas no final. Aos 40 minutos da etapa final, um lance que deixou todo mundo em pé no Highbury. Gudjohnsen finalizou e quando a bola estava entrando, Ashley Cole salvou em cima da linha.

Entretanto, dois minutos depois, não houve salvação para os Gunners. Wayne Bridge partiu pela esquerda, tabelou com Gudjohnsen e bateu cruzado no canto de Lehmann. Virada dos Blues!

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Quando o juíz apitou o fim do jogo, o significado do resultado era bem maior do que uma classificação para uma semifinal de Liga dos Campeões.

A vitória do Chelsea encerrou o tabu e colocou uma equipe de Londres na semifinal da competição mais importante de clubes do mundo, algo que não acontecia desde 1962.

A temporada seguiu e o Arsenal foi campeão invicto da Premier League, algo que nenhum clube nunca conseguiu.

O Chelsea enfrentou o Monaco na semifinal, mas acabou perdendo por 5 a 3 no agregado e se despediu da competição. Porém, aquele 6 de abril de 2004 é lembrado até hoje, pois o Chelsea eliminou o melhor time que o Arsenal já teve, na Champions.

Dezin Pergunta #01 – Recordes da Premier League

Lucas Holanda
Lucas Holanda

Jornalista em formação, olindense e apaixonado por futebol.