O Chelsea gastou mais de 1 bilhão de euros desde a chegada do novo dono, Todd Boehly, em 2022. Isso levanta dúvidas sobre a possibilidade do clube ser punido pela Premier League por ter descumprido as regras do Fair Play Financeiro da liga.
Em meio a esse cenário, o clube pode precisar vender jogadores. No entanto, o retorno dos emprestados também pode atrapalhar o processo — isso inclui a volta de Kepa, que foi cedido ao Real Madrid.
A situação de Kepa no Chelsea
O goleiro espanhol, que ostenta o título de jogador mais caro da história na sua posição, vive momentos de incertezas. Ele foi contratado pelo Real Madrid por empréstimo para substituir o lesionado Courtois, mas não teve grandes oportunidades.
Em 2018, depois de perder Courtois justamente para o clube espanhol, os Blues ativaram a cláusula de Kepa para tirá-lo do Athletic Bilbao por 72 milhões de libras (cerca de R$ 460 milhões na cotação atual).
Ao chegar no Santiago Bernabéu, Kepa revelou seu desejo de permanecer em definitivo no clube ao término da temporada. No entanto, o especialista em transferências Fabrizio Romano afirmou que os Blancos não vão contratá-lo em definitivo.
Kepa teve poucas chances nesta temporada, com apenas 18 partidas disputadas. O reserva Andriy Lunin assumiu a titularidade na equipe principal e deve ser recompensado com um novo contrato.
Aos 29 anos, o goleiro tem contrato com o clube londrino até o fim da próxima temporada. Isso faz com que, mesmo que seja vendido, a tendência é que seja por um valor abaixo do esperado. Se não for vendido, pode sair de graça em junho de 2025.
O financeiro do Chelsea
O retorno do goleiro ao Stamford Bridge pode trazer dor de cabeça para o Chelsea financeiramente. O clube precisa equilibrar suas finanças devido ao Fair Play Financeiro (FFP) da Premier League.
Para cumprir as regulamentações do FFP, os Blues podem ser forçados a vender alguns jogadores importantes. Nomes como Reece James e Conor Gallagher têm sido especulados entre as possíveis saídas.
Os veículos ingleses indicam que o clube precisa arrecadar cerca de 100 milhões de libras com vendas para se livrar de punições do FFP. Vender jogadores formados localmente tende a ser mais vantajoso, uma vez que o lucro sobre o valor recebido seria de 100%.
Vender Kepa por um preço baixo pode ser melhor do que não vendê-lo, mas ainda assim pode ser considerada uma negociação de prejuízo financeiro aos cofres do clube. Seu retorno simboliza mais salários a serem pagos, por exemplo.
Kepa recebe 150 mil libras por semana em seu contrato com os Blues, um total de 7,8 milhões de libras por ano. Nas seis temporadas em Londres, o goleiro fez com que o clube gastasse 46,8 milhões de libras em salários.
Segundo as regras da Premier League, clubes não podem registrar dívidas acima de 105 milhões de libras em um período de três anos. Três temporadas do salário de Kepa equivalem a 23,4 milhões, por exemplo.
Emprestá-lo foi positivo porque o Real Madrid arcou com todos os salários do jogador, então são 7,8 milhões a menos na prestação de contas dos Blues. Ao voltar, seria um novo baque para as contas.
Vendê-lo, no entanto, faria com que o seu salário desaparecesse por completo, bem como a entrada de um valor pela sua transferência.
Kepa pelo Chelsea:
- 163 jogos
- 175 gols sofridos
- 59 jogos sem sofrer gols
- 1x Europa League
- 1x Champions League
- 1x Mundial de Clubes
- 1x Supercopa da Uefa
Amortização e um problema mais fundo
Um cenário ainda mais preocupante surge ao analisar o impacto da amortização que o clube passou a usar. Em suas contratações recentes, usou o método de distribuição do custo de transferência ao longo do contrato dos jogadores.
No caso de Kepa, que foi contratado por 72 milhões de libras e chegou a um contrato de sete anos, esse valor foi diluído em aproximadamente 10 milhões de libras por ano. Isso ajuda a “passar” pelo FFP, mas o acúmulo de amortizações pode virar uma bola de neve.
Ou seja, além do salário (7,8 milhões), a parcela anual do pagamento do goleiro (10 milhões) também entra na conta. E isso também acontece com outros emprestados, como Lukaku e Zyiech.
Enquanto comprar “parcelado” pode ajudar o Chelsea a burlar o FFP ao distribuir os valores em muitos anos, as taxas de transferência recebidas pelas vendas de jogadores são integralmente registrados nas contas do clube. Além disso, são subtraídos os valores que restam da amortização do jogador.
Por exemplo, Havertz, Mount e Kovacic renderam ao Chelsea cerca de 100 milhões de libras de lucro. Isso, em teoria, pode librar até 500 milhões de libras para o clube contratar jogadores e diluir seus as taxas de transferências em um período de cinco anos.
No entanto, assim como ter um limite de cartão de crédito maior do que o seu salário, gastar grandes quantias e “parcelado” dessa forma pode fazer com que o clube acabe devendo demais anualmente se não conseguir lucrar o suficiente — o que está acontecendo com o Chelsea.