Um ano e meio e dois empréstimos depois de chegar em Londres, Andrey Santos está de volta ao Chelsea a pedido da própria direção. Em junho, Todd Boehly (dono do Chelsea), relatou ao “The Athletic” que o jovem não estava à venda ou que seria emprestado.
Depois de impressionar durante o empréstimo no Strasbourg, clube francês que pertence ao mesmo proprietário dos Blues, Andrey está animado para enfim conquistar seu espaço no clube londrino.
Na segunda parte da entrevista exclusiva à PL Brasil, Andrey comentou sobre sua passagem pela França depois de um empréstimo frustrado ao Nottingham Forest, revelou ter sido acolhido por um companheiro sul-americano em Stamford Bridge e ainda “cavou seu lugar” no Chelsea de Enzo Maresca.
Retorno ao Chelsea e acolhimento dos companheiros
O volante esteve no Nottingham Forest entre o fim de agosto de 2023 e a primeira semana de janeiro de 2024. Nesse período, atuou apenas duas vezes: uma pela Copa da Liga, contra o Burnley, e os minutos finais contra o Liverpool, pela Premier League.
Depois de meses sem sequência no clube, a direção dos Blues decidiu chamá-lo de volta. Ele revelou à PL Brasil como foi tratado com respeito e comunicado de cada passo pelo clube, mas reforçou o carinho que recebeu dos companheiros. De um em específico.
— O Enzo (Fernández) me impressionou. Sou fã dele, até mesmo na posição, pela humildade também. Ele chegou, conversou comigo. Ele viu que eu estava meio que insatisfeito e que eu queria jogar. Ele falou para ficar tranquilo, porque ele já passou por isso e não deixava de trabalhar.
Andrey disse que, depois da conversa, foi conhecer mais sobre a trajetória do companheiro e como sua carreira mudou em praticamente um ano e meio. “Ele passou a ser uma das vendas mais caras da Premier League, então eu segui o conselho dele de estar sempre trabalhando e evoluindo“.
Mais um empréstimo e destaque na França
A volta ao Stamford Bridge, por outro lado, não rendeu novas oportunidades. Por isso, ainda durante o torneio Pré-Olímpico, do qual participou representando a seleção brasileira, o empréstimo ao Strasbourg foi oficializado.
Na equipe francesa, a história foi diferente: o jovem rapidamente se tornou titular quase incontestável. Foram 11 jogos na Ligue 1, nove deles como titular, e até conquistou prêmio de Melhor Jogador Jovem do mês de março.
O time francês atuava em uma formação diferente do que o jovem tinha experienciado no Chelsea e no Forest, mas ele se sobressaiu no 3-4-2-1 de Patrick Vieira. Sendo majoritariamente o primeiro volante, o brasileiro atuava ao lado de um segundo volante mais móvel e atrás de dois meias armadores.
Ele se mostrou um ótimo controlador do jogo e destruidor de jogadas: foram 60 toques na bola por jogo, além de 5,5 bolas recuperadas por partida na Ligue 1, segundo dados da plataforma de estatísticas “Sofascore”.
Mesmo sendo um meio-campista habilidoso e com boa capacidade de conduzir e chegar à frente, a joia da base do Vasco mostrou muita competência nas funções mais cadenciadas de “camisa 5”. E disse não ter preferência sobre onde jogar:
— Me perguntam sobre (a preferência de) atuar como primeiro ou segundo volante e eu não sei responder. De primeiro volante, eu me sinto muito confortável para marcar, que eu evoluí muito na França. Para sair jogando também, mais ainda. Quebrar a linha, achar um passe para frente.
E a experiência como primeiro volante não tirou o gosto por atacar. “Gosto de jogar de segundo (volante) também, porque gosto de fazer meus golzinhos, de fazer aquele trabalho de box to box. Isso é bem tranquilo e ótimo para a minha evolução”, reforçou.
Conselhos de gigante da Premier League
Ser um jovem volante buscando espaço na Premier League e acabar trabalhando diariamente com Patrick Vieira deve ser uma experiência enriquecedora. Andrey viveu isso e confirma.
O jovem diz que ter um técnico que foi um jogador de altíssimo nível como o francês o ajudou muito. Vieira viveu o grande palco dentro de campo e estudou para entender o que acontece fora dele — e isso foi muito valorizado pelo brasileiro.
Os conselhos do ídolo do Arsenal foram diretos para a posição: sempre pediu para jogar o mais simples possível e ressaltou que sua função era fazer a bola chegar com mais clareza e velocidade possível aos atacantes.
— Ele me deu um conselho geral tanto para a Premier League como para a Ligue 1 sobre velocidade do jogo. É totalmente diferente do Brasil, quanto à força e velocidade. Respeitar os momentos do jogo e usar tudo isso vai ser fundamental na minha pré-temporada agora, porque a maioria das partidas é contra times da Premier League.
Andrey Santos volta ao Chelsea para ficar?
Durante a conversa com a reportagem, Andrey, que ainda estava no Brasil, revelou seus planos para a temporada de 2024/25. Voltou a Londres na segunda semana de junho para se apresentar ao Chelsea e está animado para um novo início.
O brasileiro pode ser beneficiado com a chegada de Enzo Maresca, novo técnico dos Blues. O italiano não conhece os jogadores do elenco com grande profundidade — exceto Dewsbury-Hall, que jogou no seu Leicester –, e por isso pode ter mente aberta para promover mudanças.
Andrey revela que ainda não conversou com Maresca, mas se mostrou completamente consciente do que esperar taticamente do novo comandante. Com uma eloquência ímpar, falou sobre sua experiência jogando com um esquema parecido com o do ex-comandante dos Foxes:
— Ele (Maresca) joga no 3-2-5, se não me engano, com o lateral por dentro. Já joguei nesse esquema com o técnico Paulo Victor (Gomes) na seleção brasileira sub-15 e sub-17. Como volante, você pega o jogo de frente. Me sinto bem à vontade e adaptado de fazer o primeiro volante ao lado do lateral. Gosto bastante de ditar o ritmo de jogo.
A PL Brasil já analisou o que pode mudar com o novo treinador no comando dos Blues, passando por diferentes possibilidades táticas e as diferenças com o estilo de Mauricio Pochettino.
Se a volta ao Chelsea é para ficar, depende de diversos fatores. Ele já entende o Stamford Bridge como sua casa e pretende crescer por ali, mas tem conversas com família, empresário e clube sobre o futuro que o tranquilizam.
“Eu fico bem tranquilo quanto a isso. A gente conversa bastante aqui em casa sobre isso. Eu quero estar jogando. O maior desejo é estar no Chelsea, claro. Jogando, eu posso trilhar o meu caminho mais rápido no mais alto nível e chegar na seleção brasileira e mostrar o meu potencial“.
COM PEDRO RAMOS