Champions League: 5 fatores que explicam o título do Manchester City

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O Manchester City consagrou-se campeão da Champions League depois de uma vitória por 1 a 0 sobre a Inter de Milão neste sábado (10). Em um jogo apertado, o time de Pep Guardiola se sobressaiu no placar, mas ao contrário dos prognósticos, sofreu para conquistar seu primeiro título da competição.

Man City
10/06/23 - 16:00

Finalizado

1

-

0

Inter Milan

Man City - Inter Milan

UEFA Liga dos Campeões - Atatürk Olympic Stadium

1° Turno

Mesmo com a saída de Kevin De Bruyne ainda no primeiro tempo por lesão, os Citizens tiveram paciência para seguir ao seu modelo de jogo e não se desconcentraram, além de contarem com o brilho de Ederson em momentos cruciais da decisão.

1. Atuação de gala de Ederson

O brasileiro vinha sendo criticado durante a temporada, principalmente por falhas na Premier League e o segundo pior aproveitamento entre goleiros da liga (59%). No entanto, a história foi diferente na Champions League: é o goleiro com a melhor taxa de defesas do campeonato europeu (85%), e isso se repetiu na final.

Ele defendeu seis finalizações, cinco delas dentro da própria área, incluindo uma cabeçada a queima-roupa de Lukaku que poderia garantir o empate no fim do jogo. Ele ainda fez duas defesas cruciais nos acréscimos que selaram a vitória. Mesmo não tendo brilho na construção como em jogos passados, Ederson também foi importante para que o City saísse da grande pressão alta da Inter.

2. Brozovic anulado

Brozovic foi um dos focos de Guardiola na preparação para o jogo. Principal pensador da equipe italiana, o meio-campista croata é quem faz a ligação da defesa da Inter ao ataque, mas foi anulado na maior parte do tempo. O City defendeu alto em 4-2-4, com Haaland e De Bruyne, os mais centralizados da última linha, inibindo a progressão da Inter pelo meio.

Quando Foden entra no lugar de De Bruyne, seu trabalho defensivo é marcar individualmente Brozovic, que mesmo sendo participativo e tendo 89% de acerto nos passes, não foi efetivo para a construção da equipe italiana. Protagonizou 18 duelos durante o jogo e venceu apenas sete (38,8%).

3. Gatilhos de pressão efetivos

O capitão da Inter foi anulado por conta do trabalho defensivo muito efetivo de todo o sistema da equipe de Guardiola. No 4-2-4 defensivo, os pontas do City (Bernardo Silva e Grealish) induziam Onana a construir pelo meio. A dupla partia de fora para dentro, tirando a opção de passe do goleiro da Inter para os lados e o obrigava a sair de maneira central.

Isso fez com que a bola sempre chegasse a Brozovic, o mais centralizado, duplamente marcado e sem espaço para progredir. A pressão pós-perda rendeu chance de perigo para Foden no segundo tempo, que poderia ampliar o placar.

4. Não repetiu os erros do passado

Guardiola ficou marcado por “inventar” em finais. Em sua primeira decisão de Champions League em, em 2009, jogou com Yaya Touré como zagueiro, e venceu. Depois, jogou com sete meio-campistas em um 4-6-0 na final do Mundial de Clubes de 2011, contra o Santos – venceu com sobras. A última foi na final de 2021, quando tirou Fernandinho, jogou com Gündogan como primeiro volante e com De Bruyne como falso nove – perdeu e foi duramente criticado.

As invenções não são necessariamente erros, mas Guardiola aprendeu com diversas experiências da carreira. A derrota de 2021 evidentemente foi de aprendizado, mas a fisicalidade do futebol alemão nos seus tempos de Bayern e a intensidade das últimas temporadas de Premier League têm grande importância para como o City de 2023 foi escalado – principalmente no modelo com quatro zagueiros.

5. A “Sorte”

Sorte é necessária no esporte, independente do que se argumente. Ainda mais no futebol, que milímetros ou frações de segundo fazem toda a diferença. É muito difícil tomar decisões absurdamente rápidas e assertivas, e o jogador não tem tempo o suficiente para “lembrar” o que foi passado pelo técnico. Tem que estar induzido – o que é mérito do treinador -, mas também tem que ter sorte.

Se final não se joga, se ganha, como ficou famoso no ditado popular, o City soube ganhar. O gráfico de gols esperados (xG) do banco de dados da “Opta” ilustra: o City teve grande dificuldades durante todo o jogo. Foram duas situações em que conseguiu explorar os espaços criados pela marcação individual da Inter: na finalização de Haaland, no primeiro tempo, e no gol. A Inter, por sua vez, teve oportunidades “claras” com Dimarco, Lukaku e Lautaro para ficar à frente e empatar, mas não ocorreu.

Guilherme Ramos
Guilherme Ramos

Jornalista pela UNESP. Escrevi um livro sobre tática no futebol e sou repórter da PL Brasil. Já passei por Total Football Analysis, Esporte News Mundo, Jumper Brasil e TechTudo.

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