O atacante marfinense Wilfried Zaha, do Crystal Palace, sofreu ataques racistas no último sábado (30). A saber, ele se destacou mais uma vez na vitória dos Eagles sobre o Manchester City. Assim, os torcedores dos Citizens cometeram discriminação racial no Instagram do atleta. Portanto, em entrevista exclusiva ao PL Brasil, o sociólogo Ricardo Aragão comentou sobre o caso. Bem como, explicou sobre motivações que as pessoas tem para fazer tais atos.
Caso Zaha: mensagens racistas
Autor de um dos gols na vitória sobre o Manchester City, e fundamental no jogo, o atacante marfinense Wilfried Zaha foi vítima de racismo. De fato, os torcedores rivais invadiram a conta pessoal do atleta no Instagram para enviar mensagens preconceituosas. Sobretudo, guiados pelo ódio, os adeptos escreveram ofensas como “macaco”, “porco”, “nigger“, “chimpanzé” e outras palavras depreciativas.
Certamente, o jogador expôs a situação na própria rede social, e publicou uma mensagem direcionada a estas pessoas. A saber, Zaha atingiu a marca de 50 gols com a camisa do Crystal Palace neste jogo.
“Esta mensagem não é para eu receber um milhão de mensagens dizendo “estamos com você e que é nojento”, ou sobre eu receber simpatia. Estou aqui por causa de todas as bobagens que estão sendo feitas em vez de corrigir o real problema (…) Minha cor sempre será o verdadeiro problema, mas está tudo bem porque eu sempre serei PRETO E COM ORGULHO!”, declarou.
Man City 0-2 Palace
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— Crystal Palace F.C. (@CPFC) October 30, 2021
Racismo na Inglaterra
Em suma, a Inglaterra tem uma legislação rígida quanto a discriminação racial. De fato, a mesma lei que foi criada para banir os Hoolingans dos estádios, é usada para tirar torcedores racistas. Além disso, este regulamento se estende para o ambiente virtual. De tal forma que, quem profere ofensas na internet é punido da mesma maneira.
Comentário de Ricardo Aragão
Para comentar o fato, e tentar explicar a motivação, o PL Brasil procurou o sociólogo Ricardo Aragão. A saber, ele é professor titular de sociologia no curso de direito da Faculdade Anísio Teixeira (FAT). Bem como, tem serviços prestados na área em outras instituições do interior do estado.

O que é o racismo?
Primeiramente, ele tratou de explicar o que é o racismo. Dessa maneira, explicou que é uma forma de pensar que se estruturou ao longo do tempo. Bem como, foi o principal vetor de momentos sangrentos da história do mundo, como a escravidão.
“O racismo é uma teoria, um modo de pensar, que se tornou estrutural na nossa sociedade mundial. principalmente, a partir do século XVII e XVIII onde ele foi, durante muito tempo, a mola mestra do entendimento das diferenças humanas. O Racismo entra como justificador do processo imperialista, colonialista. principalmente na Europa, tanto na Ásia, quanto na África e nas Américas também”, explicou.
Caso Zaha
Além disso, ele explicou o que acontece com torcedores de clubes rivais que atacam jogadores de forma racista.
“O que se vê ali são manifestações de discriminação racial. mostram o quanto o racismo é estrutural. essas pessoas são racistas. o que elas fazem ali no momento do jogo de futebol é externalizar uma forma de pensamento. um jeito de ser que já está presente nelas. O estádio sempre foi visto como espaço de guerra, em que você substituiu o coliseu dos gladiadores, pelo campo de futebol e os jogadores”, continou.
Por fim, ele citou como o racismo age não só na Inglaterra. Mas, também, em outros lugares do mundo.
“o estádio de futebol é um terreno fértil para que essas manifestações, que são sintomas desses racismo estrutural, apareçam. não acontece só na Europa, como também em todos os lugares do mundo. No Brasil, onde o racismo é mais estruturante ainda, em função do nosso passado colonial, e da escravidão como a grande instituição formadora da sociedade, os casos são ainda mais comuns. contudo, nós os naturalizamos ainda mais“, finalizou.
>> Confira o pré-jogo de Crystal Palace x Wolverhampton, pela 11ª rodada da Premier League.