Caso Zaha: sociólogo comenta sobre racismo no futebol

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O atacante marfinense Wilfried Zaha, do Crystal Palace, sofreu ataques racistas no último sábado (30). A saber, ele se destacou mais uma vez na vitória dos Eagles sobre o Manchester City. Assim, os torcedores dos Citizens cometeram discriminação racial no Instagram do atleta. Portanto, em entrevista exclusiva ao PL Brasil, o sociólogo Ricardo Aragão comentou sobre o caso. Bem como, explicou sobre motivações que as pessoas tem para fazer tais atos.

Caso Zaha: mensagens racistas

Autor de um dos gols na vitória sobre o Manchester City, e fundamental no jogo, o atacante marfinense Wilfried Zaha foi vítima de racismo. De fato, os torcedores rivais invadiram a conta pessoal do atleta no Instagram para enviar mensagens preconceituosas. Sobretudo, guiados pelo ódio, os adeptos escreveram ofensas como “macaco”, “porco”, “nigger“, “chimpanzé” e outras palavras depreciativas.

Certamente, o jogador expôs a situação na própria rede social, e publicou uma mensagem direcionada a estas pessoas. A saber, Zaha atingiu a marca de 50 gols com a camisa do Crystal Palace neste jogo.

“Esta mensagem não é para eu receber um milhão de mensagens dizendo “estamos com você e que é nojento”, ou sobre eu receber simpatia. Estou aqui por causa de todas as bobagens que estão sendo feitas em vez de corrigir o real problema (…) Minha cor sempre será o verdadeiro problema, mas está tudo bem porque eu sempre serei PRETO E COM ORGULHO!”, declarou.

Racismo na Inglaterra

Em suma, a Inglaterra tem uma legislação rígida quanto a discriminação racial. De fato, a mesma lei que foi criada para banir os Hoolingans dos estádios, é usada para tirar torcedores racistas. Além disso, este regulamento se estende para o ambiente virtual. De tal forma que, quem profere ofensas na internet é punido da mesma maneira.

Comentário de Ricardo Aragão

Para comentar o fato, e tentar explicar a motivação, o PL Brasil procurou o sociólogo Ricardo Aragão. A saber, ele é professor titular de sociologia no curso de direito da Faculdade Anísio Teixeira (FAT). Bem como, tem serviços prestados na área em outras instituições do interior do estado.

Ricardo Aragão comenta caso Zaha
Ricardo Aragão. (Foto: Divulgação/Faculdade Anísio Teixeira)

O que é o racismo?

Primeiramente, ele tratou de explicar o que é o racismo. Dessa maneira, explicou que é uma forma de pensar que se estruturou ao longo do tempo. Bem como, foi o principal vetor de momentos sangrentos da história do mundo, como a escravidão.

O racismo é uma teoria, um modo de pensar, que se tornou estrutural na nossa sociedade mundial. principalmente, a partir do século XVII e XVIII onde ele foi, durante muito tempo, a mola mestra do entendimento das diferenças humanas. O Racismo entra como justificador do processo imperialista,  colonialista. principalmente na Europa, tanto na Ásia, quanto na África e nas Américas também”, explicou.

Caso Zaha

Além disso, ele explicou o que acontece com torcedores de clubes rivais que atacam jogadores de forma racista.

“O que se vê ali são manifestações de discriminação racial. mostram o quanto o racismo é estrutural. essas pessoas são racistas. o que elas fazem ali no momento do jogo de futebol é externalizar uma forma de pensamento. um jeito de ser que já está presente nelas. O estádio sempre foi visto como espaço de guerra, em que você substituiu o coliseu dos gladiadores, pelo campo de futebol e os jogadores”, continou.

Por fim, ele citou como o racismo age não só na Inglaterra. Mas, também, em outros lugares do mundo.

o estádio de futebol é um terreno fértil para que essas manifestações, que são sintomas desses racismo estrutural, apareçam. não acontece só na Europa, como também em todos os lugares do mundo. No Brasil, onde o racismo é mais estruturante ainda, em função do nosso passado colonial, e da escravidão como a grande instituição formadora da sociedade, os casos são ainda mais comuns. contudo, nós os naturalizamos ainda mais“, finalizou.

>> Confira o pré-jogo de Crystal Palace x Wolverhampton, pela 11ª rodada da Premier League.

Caian Oliveira
Caian Oliveira

Sou jornalista formado pela Faculdade Anísio Teixeira, com experiência em rádio e digital. Estou na NSN desde 2021 e atuo hoje como coordenador de conteúdo genérico na Premier League Brasil.