Por que saída precoce de clubes da Premier League dos torneios europeus não é tudo isso

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É claro que o fato de três ingleses serem eliminados nas quartas de final das competições europeias reverbera. A Premier League conquistou o título de competição nacional mais midiática do mundo e isso por si só gera expectativas, além do próprio histórico recente. Mas, por favor, acalmem-se com teses!

Sim, é a primeira temporada desde 2014/15 sem a presença de nenhum inglês nas semifinais dos dois principais torneios europeus (Liga dos Campeões e Liga Europa).

Mas, acredito eu, ter sido fruto muito mais dos enfrentamentos em si do que qualquer outra coisa.

O Manchester City, atual campeão da Champions, enfrentou o Real Madrid

Era, para muitos, o encontro dos dois melhores times do mundo. Os ingleses tentaram tudo o que estava ao seu alcance. No jogo de volta, somaram 33 finalizações em 120 minutos. Mas não conseguiram o segundo gol e caíram nos pênaltis. Um resultado perfeitamente possível para o nível eles.

Com o Arsenal não foi muito diferente

Em outros tempos, os Gunners sofreram 10 a 2 do Bayern no agregado. Agora, venderam caríssimo uma eliminação que até mesmo passou pelo pé deles em algum momento.

E se os alemães não estão tão bem quanto antes, eles ainda ostentam seis títulos da Champions e um elenco recheado de estrelas. Enquanto o time de Arteta possui um núcleo menor de nomes confiáveis e, também, com baixa média de idade.

Na Liga Europa, o que dizer do West Ham?

Faz uma campanha digna na Premier League, tem lá os seus bons jogadores, mas calhou de enfrentar a sensação de toda a temporada europeia.

O Bayer Leverkusen era o favorito desde o início, mas passou por um susto até o gol de Frimpong que selou o empate em Londres (no final, venceu por 3 a 1 no agregado). Outro resultado normal.

O Liverpool, sim, foi a grande decepção.

O time parou de jogar bola de repente, e a derrota por 3 a 0 para a Atalanta em Anfield praticamente selou o destino do confronto. Soberba, talvez? Klopp já está sendo devidamente cobrado, assim como alguns nomes que produziram muito mais ao longo da temporada.

Sabendo que essa desaceleração pode custar, também, o título da Premier League e uma despedida amarga do alemão.

Como o Aston Villa passou (sobre o Lille, nos pênaltis), não vem ao caso.

Cabe apenas dizer que ele é a única esperança para a Inglaterra ter 5 vagas na próxima edição da Liga dos Campeões, mas para isso acontecer ele teria que ganhar todos os jogos da Conference e, ainda, torcer por uma combinação absolutamente improvável secando os alemães e também franceses.

O que me faria mudar de ideia?

E por que eu não estou preocupado com essa eliminação conjunta? Porque não há elementos ainda para surfar essa onda. Os ingleses são, sim, os mais ricos do continente, mas as regras de sustentabilidade da Premier League obrigaram, por exemplo, o Newcastle a não despejar as dezenas de milhões que gostaria em reforços nessa temporada.

Queiram ou não, isso pode ter sido suficiente para o fracasso num grupo já bastante complicado com PSG, Borussia Dortmund e Milan. Chegaram, em definitivo, apenas Sandro Tonali (logo depois punido por doping), Harvey Barnes e Tino Livramento.

O Manchester United, bem, tem sido o Manchester United dos últimos anos. Ali o buraco é bem mais fundo e eu não esperaria nada mesmo.

Como consumidor da Premier League, eu vou me preocupar se isso persistir nos próximos anos. Podemos discutir se a liga realmente beneficia os clubes com o seu calendário inchado – o Real Madrid teve um tempo maior de preparação para o jogo de ida, por exemplo, já que não teve compromissos do Campeonato Espanhol no fim de semana anterior. Hoje eu diria que não. O foco está em conseguir agrupar as datas necessárias, e olha que não é raro termos jogos adiados na PL.

E também precisaremos, é claro, falar sobre os times.

  • Como será esportivamente o Liverpool sem Klopp?
  • E o Manchester City sem Guardiola a partir de 2025?
  • O Arsenal dará o salto que precisa?
  • O United vai se recuperar? E o Chelsea?

Esse seria um exercício de futurologia.

O que aconteceu nessa temporada não é mais que um acidente.

Victor Canedo
Victor Canedo

Victor Canedo trabalhou por 12 anos como repórter de futebol internacional no Grupo Globo. E até hoje mantém o hábito de passar as manhãs e tardes dos fins de semana ouvindo a voz de Paulo Andrade. Para equilibrar a balança dos colunistas deste site, é torcedor do Arsenal desde Titi Henry.