Essas são as minhas favoritas para ganhar a Eurocopa

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Começou a semana de Eurocopa e com ela as previsões infundadas que fazem parte de qualquer roteiro. Eu gosto muito e, por isso, venho aqui antes de a bola rolar para elencar as minhas seleções favoritas ao título.

São 4. Nem mais, nem menos.

O que isso significa de antemão? Que se a campeã não for uma dessas eu irei me surpreender bastante. Nada além disso, é claro.

Trata-se de uma brincadeirinha que geralmente atrai o que gostam de chamar de zica. E os torneios de tiro curto de seleções geralmente já não respeitam a lógica, né?

Mas, como dizia o poeta, só erra o pênalti quem bate. Então vamos ao veredito:

As favoritas na Eurocopa

4. Alemanha

Os alemães são os anfitriões e, embora isso não signifique necessariamente uma enorme vantagem, quem jogou em casa chegou longe nas últimas duas edições (França e Inglaterra foram finalistas em 2016 e 2021).

Além disso, a seleção tem uma mistura interessantíssima de experiência e juventude, com Wirtz e Musiala ganhando protagonismo ao redor de Kimmich, Rüdiger, Gündogan e Kroos, este em sua última dança.

Eu só não coloco a Alemanha mais bem ranqueada porque o setor defensivo ainda não parece totalmente confiável, incluindo a forma de Neuer, e porque Julian Nagelsmann está há menos de um ano no cargo – tudo bem, eu sei que o treinador de Marrocos também assumiu em cima…

Mas é que, com Hansi Flick, a Alemanha parecia destinada a passar vergonha, tendo perdido 4 jogos em 5 em 2023, e para seleções como Polônia, Colômbia e Japão. Nagelsmann assumiu sem medo de deixar alguns nomes badalados fora (Goretzka, Gnabry, Hummels e Brandt, por exemplo) e recolocou o time nos trilhos.

Num grupo com Escócia, Hungria e Suíça, eu espero que a Alemanha faça a sua parte e vá relativamente longe.

3. Portugal

Portugal conseguiu mais uma vez reunir a sua melhor geração com Cristiano Ronaldo ainda presente. Pode ser que ele não seja titular, ou que não tenha o protagonismo de outrora, mas não deixa de ser animador contar com a liderança de um dos quatro remanescentes do título de 2016, ao lado de Pepe, Rui Patrício e Danilo Pereira.

A diferença é que agora Portugal joga um bom futebol e, comparando com o início da própria Eurocopa 2016 ou da última Copa, as expectativas são razoavelmente maiores. Mesmo sabendo que isso possa apenas aumentar a sensação de decepção lá na frente.

Bernardo Silva fala em coletiva de Portugal (Fotos: Imago)
Bernardo Silva fala em coletiva de Portugal (Fotos: Imago)

Com Roberto Martínez, a seleção teve o melhor ataque das eliminatórias da Eurocopa (36 gols em 10 jogos). E, de alguma maneira, conseguiu acomodar Cristiano Ronaldo, Rafael Leão, Diogo Jota, Gonçalo Ramos, João Félix, Bruno Fernandes e Bernardo Silva – logicamente não no mesmo time. Mas todos tiveram minutos.

A excelente notícia é que há profundidade em todas as posições, e jovens como Gonçalo Inácio, Francisco Conceição, António Silva e João Neves estão prontos para assumirem um papel mais relevante.

Portugal tem um timaço.

2. Inglaterra

E o que dizer da seleção inglesa? Sobre a geração, escrevi até uma coluna em março. Para a Eurocopa, Gareth Southgate deixou fora gente como Jadon Sancho, Marcus Rashford, Jack Grealish, James Maddison e Ben White (este teria recusado o convite).

A ótima geração inglesa já merece reconhecimento sem deboche.

E ainda assim a impressão é que estamos diante da melhor Inglaterra de todos os tempos. Por isso, e pela experiência de vários convocados em grandes torneios, me parece apropriado cobrar que a seleção seja uma das protagonistas de todo o torneio.

Kane pela Inglaterra Islândia
Kane pela Inglaterra antes da Eurocopa (Foto: Imago/PA)

As desconfianças não irão embora até que a esperança se materialize em troféu, e eu entendo perfeitamente. Gareth Southgate pode estar diante dos seus últimos jogos com a seleção se não entregar resultados, e dificilmente terá desculpas sólidas caso fracasse.

Dito isso, eu diria que são um dos dois maiores favoritos graças ao talento de diversos atletas, embora não haja um parceiro de zaga definido para Stones, ou que Luke Shaw tenha sido o único lateral-esquerdo de origem convocado – logo ele que convive com tantos problemas físicos.

Que tal um meio para frente com Declan Rice, Alexander-Arnold, Jude Bellingham, Bukayo Saka, Phil Foden e Harry Kane? Com Cole Palmer saindo do banco? Definitivamente são outros tempos para a seleção inglesa.

1. França

A França tem o que as demais seleções possuem, com a diferença de que ela foi campeã mundial em 2018 e vice em 2022.

Didier Deschamps provou ser um ótimo treinador para a seleção, administrando os problemas de grupo, adaptando-se ao que a ocasião pedia e montando equipes eficientes, não brilhantes – afinal, para quê serve ser brilhante num mundo tão aleatório e caótico como o futebol de seleções?

E da falta de jogador ele definitivamente não pode se queixar. Se Benzema nunca foi uma peça-chave nos seus times, ele contou com o talento desequilibrante de Mbappé e Griezmann, reunidos mais uma vez para fazerem história.

Mas não apenas eles. Maignan é um excelente goleiro, Koundé, Konaté, Upamecano e Saliba são belas opções para a defesa, sem esquecer do foguete Theo Hernández na esquerda. Tchouaméni, Camavinga, Zaire-Emery e Youssouf Fofana representam a renovação do meio-campo, enquanto lá na frente chegou Barcola para se juntar aos mais experientes Coman, Dembélé, Thuram e Giroud em sua despedida.

Não tenho receio de afirmar que a França tem, hoje, o melhor conjunto de jogadores do mundo. Sete deles venceram uma Copa. Outros 11 chegaram a uma final. Essa é uma vantagem que não pode ser subestimada na Eurocopa.

Victor Canedo
Victor Canedo

Victor Canedo trabalhou por 12 anos como repórter de futebol internacional no Grupo Globo. E até hoje mantém o hábito de passar as manhãs e tardes dos fins de semana ouvindo a voz de Paulo Andrade. Para equilibrar a balança dos colunistas deste site, é torcedor do Arsenal desde Titi Henry.