1,5 bilhão de libras depois, aonde o Chelsea quer chegar?

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Pedro Neto foi a 43ª contratação do Chelsea sob a administração de Todd Boehly em junho de 2022. De lá para cá foram gastos inacreditáveis 1,5 bilhão de libras na aquisição de jogadores, e o clube dá a impressão de não ter saído do um centímetro do lugar – pelo menos não para cima. Mas aonde ele quer chegar?

A insistência na estratégia de contratar todas as jovens promessas do mundo parece já não fazer sentido. Neste momento, são 26 jogadores com até 23 anos dentro do elenco. A maioria com contratos longos, alguns até 2031, caso do novo goleiro Filip Jorgensen.

O risco está ali, vide o caso de Lukaku, caminhando para um terceiro empréstimo depois de ser contratado por um valor recorde na época (2021).

É claro que não há condições de o Chelsea disputar uma temporada com tanta gente. O que assusta é que a Premier League começa oficialmente na sexta-feira e ainda há aproximadamente 50 atletas dentro do clube (quando se chega num número tão alto fica difícil até acertar com precisão, perdoem-me).

Lembram quando Thiago Silva criticou o clube por não haver espaço no vestiário para todos os jogadores? Pois então… Piorou.

PEdro Neto Chelsea
Pedro Neto em apresentação pelo Chelsea (Foto: Reprodução/Chelsea)

O Chelsea paga salários para 8 goleiros, minha gente.

Ainda que todos fossem o próximo Petr Cech isso não faz o menor sentido.

O mesmo vale para o brasileiro Estevão, que será na próxima temporada o sétimo meia-atacante canhoto com menos de 23 anos. Por mais que eu confie no futebol do palmeirense, a concorrência interna não tende a ser nada saudável.

Na cabeça do clube, porém, reunir grandes potenciais é o atalho para competir novamente como peixe grande. O que talvez não esteja sendo medido adequadamente é como (e se) eles irão se desenvolver.

Porque definitivamente não adianta sair emprestando a torto e a direito. Primeiro porque o Chelsea precisa saber o que quer da vida. Como ele pretende jogar? Antes era Mauricio Pochettino, agora é Enzo Maresca, numa tentativa de encontrar um novo Arteta.

A partir daí, precisa decidir quais são os melhores ambientes para que cada talento seu consiga desabrochar. Isso passa, obviamente, pelo destino. Ele terá minutagem suficiente? Qual será o esquema tático utilizado e em qual posição ele irá atuar? A cidade facilitará ou dificultará sua adaptação?

Marc Guiu em campo pelo Chelsea.
Marc Guiu em campo pelo Chelsea. Foto: Divulgação/Chelsea

E se os empréstimos se tornarem recorrentes, afinal, não há vaga para todos no elenco principal, qual será a motivação do jogador? E as dificuldades de em cada ano estar num país e numa liga nova? São muitas variáveis, e hoje o Chelsea não me convence que faz o melhor trabalho nesse aspecto.

Seria um exagero, porém, dizer que está tudo errado. Ao dar tantos tiros, o Chelsea naturalmente irá acertar em cheio. Cole Palmer encabeça uma lista que deve ter Estevão e Kendry Páez em 2025.

Enzo Maresca, técnico do Chelsea (Foto: Icon Sport)

Ainda gosto bastante do lateral Malo Gusto e acho que os três volantes (Enzo, Moises e Lavia) vão justificar o investimento nesta temporada. Para o bem do time, pelo menos três zagueiros também precisam dar esse passo (Badiashile, Fofana, Disasi, Colwill e/ou o reforço Adarabioyo).

Além disso, se Nkunku mantiver boas condições físicas, e Pedro Neto se machucar menos do que no Wolverhampton, Palmer tende a ficar menos sobrecarregado no ataque – ele será mais visado nessa temporada.

Talvez parar de contratar todas as promessas do planeta ajude o Chelsea a chegar mais rapidamente ao destino final. Até lá os passos podem variar entre o de um elefante ou de uma formiga. 

Caleb Wiley Chelsea
Caleb Wiley assinando contrato com o Chelsea (Foto: Divulgação/Chelsea)
Victor Canedo
Victor Canedo

Victor Canedo trabalhou por 12 anos como repórter de futebol internacional no Grupo Globo. E até hoje mantém o hábito de passar as manhãs e tardes dos fins de semana ouvindo a voz de Paulo Andrade. Para equilibrar a balança dos colunistas deste site, é torcedor do Arsenal desde Titi Henry.