O Chelsea da Era Todd Boehly parece um jogador desesperado de Football Manager. Daqueles que não resiste ao ver uma promessa pela frente. E não importa se a necessidade do time é outra: a meta é não deixar passar as oportunidades.
Ainda assim, aproximadamente 1 bilhão de libras (R$ 6,3 bilhões) e três janelas depois, a sensação é que o Chelsea não melhorou. E a temporada recém-iniciada já aparenta ter como destino a frustração.
É claro que Mauricio Pochettino é capaz de encontrar uma equipe e fazer uma campanha de recuperação. O argentino é um grande treinador, com trabalhos consolidados na Premier League (Southampton e Tottenham) e uma experiência no Paris Saint-Germain. E, sem competições europeias, terá semanas livres para treinar.
Além, é claro, de estarmos com apenas duas rodadas. Não quero queimar a largada aqui. Mas, pelo valor recorde desembolsado, a régua deveria ser outra. Tenho certeza que os torcedores pensam dessa maneira.
Por um lado, não há como negar que o futuro parece promissor. No momento em que escrevo o texto, o Chelsea tem em seu elenco 22 jogadores com até 23 anos de idade (mas cuidado: a qualquer momento pode chegar outro jovem do ensino médio). Apenas dois já passaram dos 30: o terceiro goleiro Bettinelli (31) e o zagueiro brasileiro Thiago Silva (38).
No bolo, estão alguns dos nomes mais cobiçados, como Enzo Fernández e Moisés Caicedo. Na frente, Mudryk e Nicolas Jackson. Mais atrás, Badiashile, Levi Colwill, Roméo Lavia, Andrey Santos. Mas, de alguma maneira, a vida real não é Football Manager.
O presente pede maturidade.
Que não necessariamente significa idade, mas experiência. Mudryk tinha menos de 50 jogos pelo Shakhtar quando o Chelsea resolveu atravessar o Arsenal e comprá-lo por até 100 milhões de euros, considerando bônus. Outros tantos, mesmo jogando em algumas das top-5 ligas, não se provaram o suficiente para chegarem além de boas apostas. E convenhamos: o Chelsea já está farto delas.
Desde o início da temporada passada, o time entrou em campo 52 vezes. Conseguiu apenas 16 vitórias. Neste mesmo período, contratou 25 reforços, já considerando o goleiro Djordje Petrovic, do New England Revolution, para o lugar de Kepa, emprestado ao Real Madrid.
As questões do Chelsea
Estamos falando de 50% de contratações a mais do que vitórias! Sério: algum clube possui uma estatística parecida? O que me leva a outras perguntas:
Gastar mais de 100 milhões de libras no Caicedo deve ser motivo de comemoração ou preocupação por não estar atento às oportunidades?

Será que os diretores saberiam nomear todos os reforços numa brincadeira entre amigos? Ou estão preocupados apenas com a amortização dos contratos longos para evitar o Fair Play Financeiro?
Quando essa política de transferências será contestada internamente?
Com a janela se aproximando do fim e mais buracos no elenco, a solução será gastar. Mas como? Em quem? Por quanto?
Por essas e outras dou razão a Pep Guardiola quando diz que seria morto se o seu Manchester City tivesse gastado o mesmo. Para ele já basta a fama.