Entre revolta e empolgação, é preciso olhar o quadro geral após City x Arsenal

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Se você estava assistindo ao empate entre Manchester City e Arsenal provavelmente pensou: “esses caras sempre dão um jeito”. É absolutamente tentador relacionar o gol de Stones aos 98 minutos com uma disputa pelo título que terminou com o mesmo fim nos últimos quatro anos. Ainda que estejamos em setembro.

Mas acredite se quiser: é o Arsenal quem sai mais forte para a sequência da corrida. E mesmo que essa frase possa soar absurda agora, pelo menos me dê a chance de convencê-lo/la nos próximos parágrafos.

Sim, é verdade que o Arsenal não vence no Etihad desde 2015. E que desde então nunca esteve tão próximo de fazê-lo – ficou literalmente a segundos disso. O fato por si só gera uma enorme frustração, eu compreendo a revolta de um lado e a empolgação do outro, mas é preciso olhar todo o quadro.

Primeiro porque o Manchester City teve um homem a mais durante um tempo inteiro. A expulsão de Trossard, talvez rigorosa demais por parte de Michael Oliver, condicionou totalmente o segundo tempo. Houve cera, evidentemente, mas também houve uma magnífica execução de um plano defensivo por praticamente 53 minutos.

Você pode olhar para as estatísticas e argumentar que o City finalizou 28 vezes, deu 41 toques na área rival (contra 3) e ficou com a bola em 88% do tempo, mas quais chances realmente foram de perigo até a finalização de Stones? Daquelas cristalinas, cara a cara. Uma cabeçada do Haaland aos 3 minutos? Um chute de Gvardiol aos 42?

O Arsenal estava confortável com a sua linha de 6 enquanto Ruben Dias e Walker chutavam de longe. Ou cruzavam sem velocidade alguma. Essa é a verdade — o que não diminui a boa partida do Raya.

E convenhamos: que outro time no mundo conseguiria fazer algo parecido? Se no 11 x 11 a tarefa já costuma ser delicada, imagine no 11 x 10? Não se trata apenas de estacionar o ônibus. É preciso ter certeza que ele encaixou perfeitamente na vaga.

E o Arsenal pôde fazer isso porque havia construído a vantagem no primeiro tempo, com mais um gol de bola parada – depois de decidir o dérbi do norte de Londres, Gabriel Magalhães por pouco não foi herói novamente. É como se os escanteios dos Gunners tivessem se transformado em faltas para Messi na entrada da área.

Trata-se de um time com uma grande veia competitiva, e que no campo passa a impressão de estar pronto para levar essa rivalidade ao último grito.

Até porque, há pouco mais de uma semana, a ausência de Odegaard parecia uma tragédia. E o time sobreviveu à sequência mais dura da temporada vencendo Tottenham e empatando com Atalanta e Manchester City. Todos os jogos foram longe do Emirates.

Gabriel Magalhães em jogo do Arsenal. Foto: IMAGO

De alguma maneira eu fui surpreendido positivamente.

Para o Manchester City, a notícia mais importante ainda está por vir. Rodri saiu com suspeita de lesão grave no joelho e, segundo atualizações desta segunda-feira, vai desfalcar o time por muito tempo, com risco de ficar fora da temporada. Caso você não tenha notado a dependência do time nele, aqui vão três dados:

  • Desde a sua estreia, em 2019, o City perdeu 24% dos jogos sem Rodri. Com ele, apenas 11%
  • Rodri carrega uma sequência invicta de 52 jogos na Premier League. A última vez que ele esteve em campo e o City perdeu foi em fevereiro de 2023, para o Tottenham
  • O Manchester City perdeu três vezes na Premier League na temporada passada. Rodri estava ausente em todas

Por isso é até justo pensar que, se esses dois pontos perdidos pelo Arsenal podem fazer falta lá na frente, o mesmo se aplica ao City.

“Lembra daqueles dois pontos perdidos no confronto direto em setembro com um a mais em casa?”.

Victor Canedo
Victor Canedo

Victor Canedo trabalhou por 12 anos como repórter de futebol internacional no Grupo Globo. E até hoje mantém o hábito de passar as manhãs e tardes dos fins de semana ouvindo a voz de Paulo Andrade. Para equilibrar a balança dos colunistas deste site, é torcedor do Arsenal desde Titi Henry.