Canedo: André, um ‘tiro certeiro’ na mira da Premier League. Eu não deixaria essa oportunidade passar…

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Confesso que é muito difícil olhar com otimismo para a seleção brasileira nestas Eliminatórias, mas a derrota para a Colômbia apresentou talvez a melhor notícia da tão propagada renovação: André.

Na ausência de Casemiro, lesionado pelo restante do ano, o volante foi titular pela primeira vez e mostrou o futebol habitual praticado no Fluminense. Foi até zagueiro nos minutos finais, função na qual se acostumou pelo clube em momentos de urgência ao longo de 2022 e 2023 – e que funcionou na maior parte das vezes, não ontem.

Para quem não assistiu ao jogo, um compilado de lances dá uma ideia da sua atuação combatendo e distribuindo. Somou três desarmes importantes, fora o sempre ótimo percentual de passes corretos e duelos ganhos. E o corte na finalização do Luis Díaz foi qualquer nota…

André foi de fato um ponto de evolução em relação ao Casemiro da fase recente (basta rever os jogos contra Venezuela e Uruguai no mês passado). Meu palpite, talvez enviesado por ser torcedor do Fluminense (e por isso acompanhá-lo toda semana), é de que não sai mais do time. Ou o Casemiro precisará recuperar a excelente forma de outrora.

Com os próximos jogos são em março (amistosos contra Espanha e Inglaterra), é bastante possível que o status de André esteja ainda maior. Ele já é reconhecido hoje por ser um dos melhores volantes do continente, tendo sido a revelação do Brasileirão em 2021, seleção do campeonato em 2022 e ainda ter evoluído em 2023 (revejam a final da Libertadores!).

Mas ainda vem aí um Mundial de Clubes e, principalmente, a janela de transferências.

André não foi vendido até agora porque ele e o Fluminense apostaram alto. O clube não nada no dinheiro, pelo contrário, mas pela primeira vez em muito tempo pensou no mérito esportivo à frente do financeiro.

O presidente Mário Bittencourt revelou em recentes entrevistas ao “Charla Podcast” e “Mundo GV” a história: Fernando Diniz só aceitou renovar mediante a permanência de alguns titulares, entre eles André. O volante topou permanecer, mesmo completando 22 anos, uma idade já próxima do limite que os gigantes europeus costumam fazer negócio.

André Fluminense Manchester United
André com a camisa do Fluminense (Foto: Icon Sport)

Deu certo. André foi um dos pilares do Fluminense campeão da América, conquistou sua titularidade na seleção brasileira e sairá como a maior venda da história do clube. Para onde? Esse deveria ser um problema dos outros…

Acompanho futebol europeu com afinco há muito tempo para saber que a velocidade do jogo é outra comparada ao Brasil. Mas André passa a sensação de estar pronto, de precisar de uma adaptação em campo menor que se imagina. Joga sempre de cabeça em pé, é firme na marcação, tem uma saída de bola invejável e, principalmente, possui coragem para arriscar.

Seria o melhor nome possível para o Liverpool, embora o clube não pareça estar tão empolgado depois da recusa no meio do ano. Atualmente é o argentino Mac Allister quem vem atuando mais por ali, mas ele não é um camisa 5. O japonês Endo, comprado na reta final da janela, também não empolga.

Os nomes de Arsenal, Fulham, Manchester United e Tottenham surgiram como interessados, assim como o Borussia Dortmund. Considerando a valorização e o histórico das propostas, André dificilmente sairá por menos de 30 milhões de euros.

Entendo que, por se tratar de um volante vindo da América do Sul, esse valor carregue alguma desconfiança — vide Arthur no Barcelona. Mas vejo André como um tiro certeiro.

No Arsenal, poderia jogar ao lado de Declan Rice; no Fulham, seria um substituto do excelente João Palhinha; no Manchester United, um nome mais confiável e inteiro para o setor; no Borussia Dortmund, traria consistência defensiva… Tudo isso com a segurança de que ainda é um jovem com margem para melhora.

Eu não deixaria essa oportunidade passar.

Victor Canedo
Victor Canedo

Victor Canedo trabalhou por 12 anos como repórter de futebol internacional no Grupo Globo. E até hoje mantém o hábito de passar as manhãs e tardes dos fins de semana ouvindo a voz de Paulo Andrade. Para equilibrar a balança dos colunistas deste site, é torcedor do Arsenal desde Titi Henry.