A camisa 7 do Manchester United está amaldiçoada

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Há uma maldição pairando sobre o clube de Old Trafford. Após a saída de Cristiano Ronaldo, nenhum outro jogador que usou a camisa 7 do Manchester United teve sucesso como seus predecessores.

Best, o pioneiro da camisa 7 do Manchester United

Antes, o número era mágico, talvez mais importante do que a 10 no clube inglês. O primeiro nome mais pesado a usá-la foi o norte-irlandês George Best e, a partir dali, todo esse misticismo começou.

Best, o maior artilheiro da 7 Red Devil, fez 136 gols em 361 jogos do Campeonato Inglês, levantou 2 taças da liga nacional e 1 Taça dos Campeões Europeus em 1968, ano em que também venceu a Bola de Ouro.

O “quinto Beatle” ficou cinco anos seguidos sendo o artilheiro do time na temporada (de 1968 a 1971) e ainda foi o jogador do United a fazer mais gols numa única partida. Aliás, foram 6 contra o Northampton, na quinta fase da FA Cup de 1967.

Cantona segue a tradição

A camisa 7 do Manchester United foi passada de geração a geração, até chegar ao francês Eric Cantona. Mais um atleta polêmico e de personalidade (e futebol) forte.

Em 156 jogos, fez 70 gols e venceu quatro das cinco Premier League que disputou. Em duas, foi o melhor jogador.

Além disso, confusões, expulsões e prisões fizeram parte da passagem de Cantona por Old Trafford. A mais famosa, a voadora no torcedor Matthew Simmons, do Crystal Palace, na única temporada que terminou sem o título nacional (1994-1995).

De Beckham a Cristiano Ronaldo

Logo depois de Cantona, que se despediu em 1997, David Beckham foi o herdeiro.

O meia inglês, maior levantador de taças dentre os que usaram esse número, deu 80 passes para gol em 265 partidas na Premier League.

Seus braços ficaram cansados de levantar seis troféus da liga, duas Copas da Inglaterra, quatro Supercopa da Inglaterra, uma Champions League e um Mundial, o de 1999, em cima do Palmeiras. Um ano antes, estava na seleção ideal da Copa do Mundo da França.

O sucessor do popstar inglês foi Cristiano Ronaldo, em 2003. Até 2009, o português fez 84 gols na Premier League e foi eleito o melhor jogador do torneio em duas oportunidades. Se igualou a David ao conquistar a Champions e o Mundial, em 2008.

Naquele ano, também seria eleito o melhor do mundo e começaria uma hegemonia que dura até hoje contra Lionel Messi.

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Foi a saída de Ronaldo na temporada 2009-2010 que começou a maldição. Talvez ele mesmo tenha lançado sem saber. Foi algo como: “Enquanto eu jogar futebol, nenhum outro jogador terá sucesso com a 7 do Manchester United”.

Owen e até… Valencia!

Até hoje ela perdura. Foram 5 jogadores trabalhando com 3 técnicos que não chegaram nem perto do sucesso que os outros jogadores citados tiveram.

O primeiro a usar o número sagrado na era pós-Ronaldo foi Michael Owen. O atacante inglês chegou já com mais de 30 anos, sem a melhor das condições físicas e teve pouquíssimo tempo de jogo.

O melhor momento de Owen foi um gol nos acréscimos contra o Manchester City pela sexta rodada da Premier League de 2009-2010. Jogo aquele que terminou em 4 a 3 para o United.

Depois disso, amargou a reserva entrando em poucos jogos e produzindo quase nada. Posteriormente, saiu para o Stoke City após duas temporadas.

O equatoriano Antonio Valencia tentou vestir o número pesado, mas foi a pior temporada no clube. Jogando ainda de ponta direita, Valencia fez apenas 1 gol e deu só 5 assistências em 2012-2013. Voltou a usar a 25 (até hoje).

De Di María a Depay

A Copa do Mundo de 2014 trouxe a Manchester um dos melhores técnicos e um dos melhores jogadores da competição. Louis Van Gaal e Angel Di María vieram para tentar trazer o sucesso perdido com Sir Alex Ferguson.

O argentino chegou com status de maior transação do clube, além de ter sido eleito o melhor jogador da final da UEFA Champions League de 2013-2014. Esteve nos times da temporada da FIFA, da Copa do Mundo, da UEFA e da FIFPro.

Contudo, a camisa 7 do Manchester United mais uma vez pesou. Assim como o time, Di María foi apático na única temporada que esteve na Inglaterra. Fez 27 jogos, 3 gols e 10 assistências.

Mesmo com um número alto de passes para gol, a falta de adaptação fez o argentino se mudar para Paris em seguida.

Uma nova esperança surgia com a contratação de Memphis Depay, revelação do Campeonato Holandês. Garoto jovem, driblador e veloz.

Mas não se viu nada disso nas poucas oportunidades que teve com Van Gaal.

Em 29 partidas na Premier League, Memphis fez apenas 2 gols. Nem os números, nem o desempenho agradaram. Após fazer somente 4 aparições na primeira metade da temporada 2016-2017, Depay foi negociado com o Lyon em janeiro de 2017.

Chegada de Alexis Sanchez

Um ano depois sem um camisa 7, o United foi a Londres buscar Alexis Sanchez. A contratação do chileno teve o maior índice de citações nas redes sociais, mais que Neymar, quando contratado pelo PSG.

A chegada de Alexis parecia por fim à maldição, afinal, vinha de incríveis temporadas não só na Inglaterra. Tinha ido bem na Itália pela Udinese, assim como foi bem na Espanha na primeira temporada no Barcelona, e no Arsenal, fez 60 gols em 122 jogos em 3 anos.

No entanto, a relação com Wenger e seus companheiros o fez deixar Londres, mas mesmo assim o que fez por lá não pode ser negado. No vice-campeonato de 2015-2016, Alexis foi o artilheiro da equipe com 24 gols.

Até agora, no novo clube, Sanchez fez 12 partidas com 2 gols e 3 assistências. É um começo de uma jornada que pode se tornar o fim da maldição. Contudo, o início ainda é muito tímido comparado ao que ele mesmo já fez.

O retrospecto não é bom e a camisa certamente pesa. Cabe a Alexis Sanchez se inspirar nos outros ícones que fizeram história com a camisa 7 do Manchester United tão simbólica e acabar de vez com essa maldição.

Guilherme Rodelli
Guilherme Rodelli

Jornalista da Rádio Futebol Online, formado em Marketing, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e apaixonado pela Premier League.